segunda-feira, 15 de abril de 2013

Uma resposta à autoridade? (2)


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Os pais que dedicam tempo aos filhos, mesmo quando não é solicitado por notório mau comportamento, apercebem-se por necessidades de disciplina subtis, a que responderão com insistência, reprimenda, crítica construtiva ou elogia, ministrados com sensatez e afeto. Observam como os filhos comem bolo, como estudam, quando dizem pequenas mentiras, quando fogem dos problemas em vez de os enfrentar. Dedicarão tempo a fazer estas pequenas correções e ajustes, ouvindo os filhos, respondendo-lhes, apertando um pouco aqui, fazendo pequenas preleções, contando-lhes histórias, dando-lhes pequenos abraços e beijos, pequenos ralhetes, palmadinhas nas costas.
A qualidade da disciplina ministrada por pais que amam é superior à disciplina de pais que não amam. Mas isto é apenas o princípio. Ao disporem do tempo para observar e pensar sobre as necessidades dos filhos, os pais que amam com frequência se angustiam quanto a decisões a tomar e, num sentido muito real, sofrem juntamente com os filhos. Os filhos não estão cegos em relação a isto. Apercebem-se quando os pais estão na disposição de sofrer com eles e, embora possam não corresponder com a gratidão imediata, aprenderão igualmente a sofrer. “Se os meus pais estão na disposição de sofrer comigo, “dirão a si próprios, “o sofrimento não pode ser assim tão mau, e eu tenho de estar disposto a sofrer comigo mesmo”. Este é o princípio da autodisciplina.
O tempo e a qualidade do tempo que os pais lhes dedicam indicam às crianças o grau de avaliação que os pais lhes atribuem. Alguns pais que basicamente não amam, na tentativa de encobrir a sua falta de afeto, fazem frequentes declarações de amor aos filhos, em que lhes dizem, repetitivamente e mecanicamente, como os apreciam, mas não lhes dedicam tempo de elevada qualidade. Os filhos nunca se deixam enganar totalmente por tais palavras ocas. Conscientemente, podem agarrar-se a elas, querendo acreditar que são amados, mas, subconscientemente, sabem que as palavras dos pais não condizem com os seus atos.
Por outro lado, as crianças verdadeiramente amadas, embora possam, em momentos de ressentimento, sentir conscientemente ou proclamar que estão a ser negligenciadas, no subconsciente sabem que são apreciadas. Este conhecimento vale mais que ouro. Quando as crianças sabem que são apreciadas, quando se sentem verdadeiramente apreciadas no fundo do seu ser, sentem-se válidas.
O sentimento de ser válido – “Sou uma pessoa válida” – é essencial à saúde mental e um pilar de autoestima. É um produto direto do amor parental. Essa convicção deve ser adquirida na infância; é extremamente difícil adquiri-la na idade adulta. Inversamente, quando os filhos aprendem a sentir-se válido a através do amor dos pais, é quase impossível que as vicissitudes da vida adulta lhes destruam o espírito.
Esse sentimento de ser válido é um pilar da autoestima porque, quando nos consideramos válidos, tomamos conta de nós de todas as formas necessárias. A autodisciplina é autoestima.
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M. Scott Peck O caminho menos percorrido Sinais de fogo

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