sábado, 24 de fevereiro de 2018

Qualquer indivíduo é ao mesmo tempo indivíduo e humano: difere de todos os outros e parece-se com todos os outros. (Fernando Pessoa)

Escola com dois semestres e liberdade para desconstruir programas
No Agrupamento de Escolas do Freixo, em Ponte de Lima, o ano letivo está dividido em dois semestres. A escola tem autonomia para organizar o calendário escolar, os horários e o programa curricular.

A medida faz parte do PPIP - Projeto Piloto de Inovação Pedagógica, criado pelo Ministério da Educação e que está a ser aplicado em seis agrupamentos de todo o país. O objetivo é combater o insucesso.

No Agrupamento de Escolas do Freixo, em Ponte de Lima, o primeiro semestre terminou a 2 de fevereiro e o segundo começou no dia 15. Sem querer estabelecer uma relação causa efeito, o diretor Luís Fernandes, sublinha que em comparação com o 1º e 2º períodos dos últimos quatro anos, há menos alunos referenciados para retenção e nas ciências a taxa de sucesso passou de 50% para 90%.

O ano letivo está dividido em dois semestres, em vez dos tradicionais três períodos e todas as aulas têm 50 minutos. O calendário procura um equilíbrio entre os momentos de avaliação e o trabalho do dia a dia e ao longo do ano.

Alunos e professores sentem que ganham mais tempo para detetar dificuldades e dar uma resposta.

A avaliação do primeiro semestre, que terminou no dia 2 de fevereiro, foi positiva, os alunos contam que a atitude dos professores é diferente.

O diretor do agrupamento das Escolas do Freixo, Luís Fernandes não estabelece uma relação causa/efeito, mas sublinha que em comparação com os 1º e 2º períodos dos últimos 4 anos, há dados relevantes.

"Por exemplo em ciências, a alteração do programa do 8º passar para o 7º ano e do 7º ter passado para o 8º, gerou que nos últimos quatro anos a média de positivas rondava os 50% e neste primeiro semestre está nos 90%".

Os encarregados de educação aceitaram bem as mudanças. O PPIP quer tratar cada aluno como um indivíduo e cada turma como um grupo.


quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Guia para Aplicação de Condições Especiais na Realização de Provas e Exames – JNE 2018 3

Foi publicado o Guia para Aplicação de Condições Especiais na Realização de Provas e Exames – JNE 2018.

NORMA 01/JNE/2018 – Instruções para a Inscrição nas Provas e Exames do Ensino Básico e do Ensino Secundário

Foi publicada a NORMA 01/JNE/2018 – Instruções para a Inscrição nas Provas e Exames do Ensino Básico e do Ensino Secundário.



Não desfaças o herói que está na tua alma! (Friedrich Wilhelm Nietzsche)


Aaron Feis colocou-se à frente dos jovens para lhes salvar a vida. "Morreu como um herói", diz quem o conheceu
O treinador de futebol Aaron Feis colocou-se à frente de vários jovens quando Nikolas Cruz, de 19 anos, lhes apontou a arma. Feis acabou por ser alvejado e é uma da 17 vítimas mortais do massacre na escola Marjory Stoneman Douglas em Parkland, na Florida.
Além de treinador assistente, Aaron Feis era segurança na escola. Ainda chegou a ser transportado para o hospital com vida, mas não resistiu aos ferimentos de bala, segundo uma porta-voz do programa de futebol, Denise Lehtio, citada pela CNN.
"Morreu da mesma maneira que viveu - colocou-se em segundo lugar", disse Lehtio. "Ele era uma alma muito amável, um homem muito bom. Morreu como um herói".
Colton Haab, um jovem jogador de futebol de 17 anos, que estava perto de Feis, disse que viu o treinador proteger três jovens durante o tiroteio."Esse é o treinador Feis", disse Haab, descrevendo o educador como "altruísta, acessível e amigável".
"Assegurou que as necessidades de todos os outros fossem atendidas antes das dele. Era um trabalhador duro. Trabalhava depois da escola, aos fins de semana, ia cortar relva, e ajudava o maior número de pessoas possível", disse Haab.
"Estou feliz por não ter sofrido tanto", disse o adolescente. "É triste porque não vai ser o mesmo sem ele na escola, com certeza. O futebol definitivamente não será o mesmo ", desabafou.
Feis, que fez toda a sua carreira na escola depois de se formar em Stoneman Douglas, está entre os inúmeros heróis cujas histórias começaram a surgir após o terror de quarta-feira, como a da professora Melissa Falkowski, que escondeu 19 alunos num armário quando o tiroteio começou.
"Este é o pior pesadelo que poderia acontecer com alguém", disse à CNN.

Vá comboio, meu comboio carrega na velocidade (Sérgio Godinho)*


Descontos na CP chegam a mais pessoas com deficiência

O Instituto Nacional para a Reabilitação, I.P. e a Comboios de Portugal, E.P.E. assinaram, no dia 8 de fevereiro de 2018, um aditamento ao protocolo "Descontos para pessoas com deficiência".
O aditamento ao protocolo existente pretende alargar o número pessoas com deficiência beneficiadas, passando a abranger pessoas com incapacidade igual ou superior a 60% e inferior a 80%, as quais usufruirão de 20% de desconto no bilhete para qualquer comboio. 
Para poder usufruir deste serviço basta apresentar o bilhete de identidade ou cartão do cidadão e o atestado de incapacidade multiusos.
No ato da assinatura estiveram presentes a Secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência, o Secretário de Estado das Infraestruturas, o Presidente do Conselho Diretivo Instituto Nacional para a Reabilitação, I.P., o Presidente da CP Comboios de Portugal, E.P.E., bem como representantes das organizações das pessoas com deficiência.
"A CP foi, e ainda é, no setor dos transportes, a primeira a executar medidas que visam implementar condições de acessibilidade para todos aqueles que enfrentam dificuldades permanentes ou temporárias de mobilidade", referiu Carlos Gomes Nogueira, presidente da CP, destacando a importância do trabalho desenvolvido por esta entidade em prol de "vencer barreiras e criar condições de uma verdadeira politica de inclusão".
De acordo com a Secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência, 2017 apresenta um saldo de mais de 65.000 viagens apoiadas no âmbito deste protocolo. "Com estes dados estamos seguros que estamos no caminho certo. Queremos as pessoas cada vez mais fora de casa, em movimento, cada vez mais incluídas na sociedade. Este é um incentivo a essa maior autonomia e participação cidadã das pessoas com deficiência. É essa a razão de estarmos aqui hoje", frisou Ana Sofia Antunes.
Por sua vez, Guilherme d'Oliveira Martins, Secretário de Estado das Infraestruturas, destacou a importância de conjugar a realidade da mobilidade com a da inclusão. "A CP está muito empenhada em aprofundar este protocolo, e esta assinatura veio demonstrar essa intenção de dar mais um passo, um passo para a inclusão conjugada com a mobilidade".
As pessoas com incapacidade igual ou superior a 60% e inferior a 80% poderão usufruir deste benefício a partir do dia 1 de março de 2018.
Mantém-se em vigor os descontos que existiam no âmbito deste protocolo para pessoas com deficiência com um grau de incapacidade igual ou superior a 80%.


Sérgio Godinho


terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Dar nome a uma doença é apressar-lhe os avanços. (Stendhal)



«Diagnosticar», um verbo doente


      Diagnosticar pessoas? Aqui está uma boa questão, vinda da caixa de comentários do texto anterior, suscitada pelo leitor J. C. No noticiário das 8h00 na Antena 1, disse o jornalista Nuno Rodrigues, mas é erro quotidiano: «As quatro mulheres diagnosticadas com a doença continuam internadas em situação estável e com prognóstico positivo.» Ora, basta consultar um dicionário para concluir que as doenças é que são diagnosticadas, não as pessoas. Senhores profissionais da área da saúde, senhores jornalistas, vamos lá exprimir-nos correctamente.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Estranha forma de incluir

O Senado canadiano aprovou, esta quarta-feira, 31 de janeiro, o projeto de lei que visa alterar a versão em inglês do hino nacional para torná-lo mais inclusivo. O termo "vossos filhos" deverá substituído por "todos nós". Agora só falta a aprovação da governadora-geral do Canadá.
(…).
A mudança dar-se-á  na linha da versão em inglês do hino, originalmente escrito em francês, que diz "verdadeiro amor patriota, em vossos filhos comanda" ("True patriot love in all thy sons command", na versão original). A versão em francês não possui a mesma expressão.
O projeto de lei prevê a substituição das palavras "vossos filhos" ("thy sons") por "todos nós" ("all of us"). Isto porque, em inglês, o termo "sons" se refere-se apenas aos filhos do sexo masculino.
Esta mudança está na calha há três décadas, disse o senador canadiano Frances Lankin, citado pelo The Guardian. “Isto pode ser pouco - são apenas duas palavras - mas é imenso no que diz respeito a um dos nossos principais símbolos nacionais. É inclusivo, e estou orgulhoso “.

O primeiro-ministro Justin Trudeau elogiou a medida através de uma publicação no Facebook, considerando-a "mais um passo positivo no sentido da igualdade de género".

domingo, 4 de fevereiro de 2018

Quem tem pressa demonstra que aquilo que está a fazer é demasiado grande para si.(Philip Dormer Stanhope Chesterfield)

Recenseamento de professores | Erros, erros e mais erros

Enquanto o espetáculo mediático dos rankings chama a nossa atenção, muitos professores estão a rejeitar o seu recenseamento. São erros e erros, muitos erros, demasiados erros e erros para todos os gostos…. Eis algumas das situações que tenho conhecimento.
·         Tempo de serviço errado antes da profissionalização.
·         Tempo de serviço errado depois da profissionalização.
·         Avaliações docentes omissas ou que não correspondem à realidade.
·         Distribuição de serviço errada (nas funções, componente letiva e não letiva).
·         Datas de entrada na carreira erradas.
·         Datas de entrada no escalão erradas.
Quando falo com outros professores e a esmagadora maioria me diz que tem erros no seu recenseamento, estamos perante algo que seguramente não é normal, mesmo que seja impossível conhecer a verdadeira dimensão do problema.
Este recenseamento não correu nada bem, horas e horas de trabalho extraordinário feito pelas secretarias, diretores com pouco tempo para tratarem de tudo e um manual que deixava muito a desejar.

Que se corrijam os erros e que ninguém fique prejudicado.

A rapidez, que é uma virtude, gera um vício, que é a pressa.(Gregório Marañón y Posadillo)



Informamos que a partir de hoje, dia 2 de fevereiro, está disponível, pelo prazo de 3 dias úteis, na plataforma SIGRHE, um módulo onde os docentes devem confirmar os dados que foram carregados na aplicação “Recenseamento”.
Com esta funcionalidade os docentes podem manifestar a sua concordância relativamente à informação registada ou reclamar perante o Sr.(a) Diretor(a)/Presidente da CAP relativamente a algum dos dados introduzidos, em campo destinado para o efeito.
A aplicação Reclamação, disponível no SIGRHE,  permite ao docente manifestar a sua concordância ou efetuar reclamação relativamente aos dados introduzidos no Recenseamento, das 10:00 horas do dia 2 de fevereiro até às 18:00 horas  do dia 6 de fevereiro de 2018.

SIGRHE
















http://www.sippeb.pt/verificacao-de-dados-reclamacao-do-recenseamento/

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Os homens são sempre mais verbosos e fecundos em queixar-se das injúrias do que em agradecer os benefícios.(Marquês Maricá)

(...)
Recordo que no final do ano passado no V Seminário de Psicologia e Orientação em Contexto Escolar o Secretário de Estado da Educação, João Costa, reafirmou a “indispensabilidade de ter psicólogos nas escolas" sublinhando o seu contributo essencial para o sucesso académico e bem-estar dos alunos.
O ME considera prioritário promover o alargamento do número de técnicos e a estabilidade da sua presença nas comunidades educativas.
De facto não é um discurso novo, é apenas algo que tarda em concretizar-se e insisto em notas já por aqui escritas e marcadas pelo óbvio envolvimento pessoal, tenho formação em psicologia da educação.
O ME tem definido o objectivo de atingir um rácio nas escolas que passe dos actuais 1/1700 para um psicólogo para cada 1100 alunos.
De acordo com dados da Ordem dos Psicólogos Portugueses o sistema educativo público terá em falta cerca 500 psicólogos. Acresce que a maioria destes técnicos é contratada anualmente, registe-se que este ano o processo de recondução foi mais cedo.
Também segundo dados da OPP, no ensino privado o rácio é de 1/785 alunos o que, evidentemente, não significará que as instituições de ensino privado suportem recursos humanos desnecessários.
Conheço situações em que existe um psicólogo para um agrupamento com várias escolas e que envolve um universo de mais de 2000 alunos e a deslocação permanente entre várias escolas numa espécie de psicologia em trânsito. Não é uma resposta, é um fingimento de resposta que não serve adequadamente os destinatários como, evidentemente, compromete os próprios profissionais.
Temos também inúmeras escolas onde os psicólogos não passam ou têm “meio psicólogo” ou menos e ainda a prestação de apoios especializados de psicologia em “outsourcing” e com a duração de meia hora semanal uma situação inaceitável e que é um atentado científico e profissional e, naturalmente, condenado ao fracasso de que o técnico independentemente do seu esforço e competência será responsabilizado. No entanto, dir-se-á sempre que existe apoio de um técnico de psicologia.
Nos últimos tempos e como já referi, o ME tem permitido que as escolas contratem prestação de serviços educativos a realizar aos seus alunos, a empresas, naturalmente, exteriores à escola que, aliás, têm florescido. Estes serviços envolvem o trabalho de psicólogos bem como de outros técnicos, por exemplo terapeutas, e desempenham funções em diferentes áreas de trabalho da escola.
O quadro orientador da intervenção dos psicólogos nos contextos escolares definido pelo ME, sendo um documento positivo é evidentemente incoerente com a falta de recursos, é inaplicável em muitas situações.
Não quero, nem devo discutir aqui a natureza específica, quer em termos de adequação, quer de qualidade da intervenção dos técnicos, designadamente na área da psicologia.
No entanto, como já tenho referido, continuo convicto que se verifica em muitas situações uma sobrevalorização da intervenção dos psicólogos na área da orientação vocacional desequilibrando a intervenção necessária em áreas como dificuldades ou problemas nas aprendizagens, questões ligadas aos comportamentos nas suas múltiplas variantes, alunos com necessidades especiais, trabalho com professores e pais, só a título de exemplo.
Creio que o recurso ao modelo de “outsourcing” ou a descontinuidade do trabalho é um erro em absoluto, é ineficaz, independentemente do esforço e competência dos profissionais envolvidos. Trata-se, também aqui, de mais uma entrega de serviço público aos mercados.
Como é que se pode esperar que alguém de fora da escola, fora da equipa, técnica e docente, fora dos circuitos e processos de envolvimento, planeamento e intervenção desenvolva um trabalho consistente, integrado e bem-sucedido com os alunos e demais elementos da escola?
Das duas uma, ou se entende que os psicólogos sobretudo, mas não só, os que possuem formação na área da psicologia da educação podem ser úteis nas escolas como suporte a dificuldades de alunos, professores e pais em diversos áreas, não substituindo ninguém, mas providenciando contributos específicos para os processos educativos e, portanto, devem fazer parte das equipas das escolas, base evidentemente necessária ao sucesso da sua intervenção, ou então, é uma outra visão, os psicólogos não servem para coisa alguma, só atrapalham e, portanto, não são necessários.
Este último entendimento contraria o que a experiência e o conhecimento da realidade de outros países aconselha. Aliás, de acordo com Cor Meijer, director da Agência Europeia para a Educação Inclusiva e Necessidades Especiais, afirmou no encontro que referi, “Os psicólogos escolares são essenciais para a educação inclusiva".
A situação existente parece-me, no mínimo, um enorme equívoco, que, além de correr sérios riscos de eficácia e ser um, mais um, desperdício (apesar do empenho e competência que os técnicos possam emprestar à sua intervenção), tem ainda o efeito colateral de alimentar uma percepção errada do trabalho dos psicólogos nas escolas.
No entanto, a reflexão sobre os conteúdos, regulação e modelos de intervenção são de outro espaço e oportunidade.
Aguardo que a importância e prioridade sempre atribuídas ao trabalho dos psicólogos em contextos educativos se concretizem de forma suficiente e estável.


quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

As ideias não são para guardar; algo tem que ser feito com elas. (Alfred Whitehead)


Centro de Informação e Relações Públicas - CIREP


Publicado em Diário da República
Informações Gerais

O OPE - Orçamento Participativo das Escolas - destina-se aos alunos do 3.º ciclo do ensino básico e/ou do ensino secundário que frequentem estabelecimentos públicos de ensino.

Para participar os alunos têm de escrever um texto com a sua ideia e recolher o apoio de 5% dos alunos da escola. A ideia pode ser apresentada por 1 aluno ou por um grupo (com o máximo de 5 estudantes). Todas as informações sobre o OPE estão disponibilizadas online, entre as quais o Regulamento e Perguntas Frequentes.

Até final do mês de fevereiro decorre a fase em que os alunos podem apresentar as suas ideias na secretaria da sua escola



O professor medíocre conta. O bom professor explica. O professor superior demonstra. O Professor de Educação Especial inspira. (William Arthur Ward, adapt))

Tomada de Posição da Pró-Inclusão sobre o Perfil do Professor de Educação Especial

O que faz um Professor de Educação Especial?

Ouvimos esta pergunta centenas de vezes feita pelos mais variados atores educativos. Este texto não irá proporcionar uma resposta estruturada e extensiva à pergunta: levanta tão só questões que nos parecem fundamentais para se procurar delinear e aprofundar o perfil de competências do Professor de Educação Especial num tempo de inclusão.

1. Num passado ainda recente, o Professor de Educação Especial (PEE) chegou às escolas para facilitar a “integração” de alunos com condições de deficiência. Era um profissional a quem se reconheciam um conjunto de conhecimentos e de competências que contribuíam para entender melhor a complexidade do processo de educar alunos com condições de deficiência em escolas regulares.

2. Esta visão, digamos tradicional, do PEE alterou-se sensivelmente dado o paradigma educativo se ter alterado de “Integração” para “Inclusão”, uma vez que o processo de inclusão se estendeu a toda a escola, acrescido do facto da inclusão deixar de se reportar unicamente a alunos com condições de deficiência, para abranger todos os alunos que possam experimentar dificuldades em participar nas atividades curriculares e escolares. A pergunta passou, pois, a ser: quais as funções de um PEE num tempo de Educação Inclusiva?

3. Convém antes de mais lembrar que em 1999 foi publicado o Despacho Conjunto 198/99, de 3 de março, que organiza as competências do PEE em 5 áreas: análise crítica, intervenção, formação, supervisão e avaliação. Já em 2011 publicamos um artigo (Pires, R., Rodrigues, D., 2011, Ser professor de Educação Especial, um olhar sobre o perfil e as práticas profissionais, Educação Inclusiva, 2(1), pp. 7-12.

4. Este conjunto de competências proporciona um leque muito alargado – e também pouco preciso – de competências a um professor que não tendo uma intervenção clarificada no que concerne ao que lhe é atribuído como serviço docente e não docente (contrariamente ao que sucede com os seus colegas), enfrenta frequentemente dificuldades em determinar exatamente o que faz, com quem e quando.

5. Antes de falarmos sobre o que o PEE deve fazer podemos talvez pensar no que ele não deve fazer. “Não deve” significa que um PEE é um pedagogo especializado e de quem se deve esperar uma intervenção especializada, direcionada, competente e responsável e não um trabalho generalista e indiferenciado.

6. A componente letiva do PEE deve ser ocupada em atividades pedagógicas que tenham uma influência direta na educação das crianças e jovens. Realçaríamos antes de mais o trabalho pedagógico em diferentes enquadramentos, sala de aula regular, centro de apoio à aprendizagem, unidade especializada, intervenção em pequenos grupos ou em trabalho individual, etc. Um PEE não dá “explicações”, mas a intervenção que ele tem 

diretamente com as crianças e jovens destina-se a facilitar a sua educação, aprendizagem e inclusão. Existe um largo espectro de atividades possíveis neste campo nomeadamente a potenciação da motivação, de formas alternativas de representar o conhecimento, ajuda nas estratégias e modelos de trabalho individual ou coletivo, produção de materiais, diferenciação do currículo, etc. Outro aspeto a considerar é que a educação dos alunos com necessidades específicas de educação são responsabilidade da escola e não do PEE. Expressões como “os teus alunos”, “os teus meninos” ou “este aluno é para ti” são expressões equivocadas e que repetidamente têm sido rejeitadas pelos PEE.

7. No paradigma da educação inclusiva começa a fazer sentido que, no âmbito da sua componente letiva, seja, também, contemplado o trabalho de consultoria/apoio a outros colegas e à escola, o trabalho com as famílias, a avaliação e caracterização educacional – em conjunto com outros técnicos ou com a equipa multidisciplinar, a dinamização de iniciativas que favoreçam a inclusão escolar ou social, a participação e dinamização em ações de formação, etc. Espera-se que o PEE possa coordenar e articular os serviços que dentro ou fora da escola são essenciais para a participação e o sucesso dos alunos.

8. Sabemos que a tarefa fundamental da Inclusão é mobilizar toda a escola para a Inclusão (o que Mel Ainscow designou como “the whole school approach”). Temos, no entanto, que partir da realidade em que estamos: uma realidade em que existem frequentes e múltiplas dificuldades e que a escola se desenvolva como uma estrutura inclusiva. Basta pensar nos modelos pedagógicos rígidos e uniformes, ou nas formas unívocas de avaliação de conhecimentos. O perfil de competências do PEE deve ser pensado na perspetiva de estabelecer uma ligação, uma ponte entre a escola que temos e a escola que queremos.

9. Neste sentido vemos que o PEE é fundamentalmente um pedagogo que, numa estrutura pedagógica, se responsabiliza por recolher, produzir, partilhar as informações que são relevantes para a educação de todos os alunos. Um profissional de posse de modelos de intervenção que lhe permita contribuir para que a escola entenda, planifique, execute e avalie modelos inclusivos de intervenção pedagógica. É ainda um profissional capaz de articular os serviços internos e externos da escola, num todo harmónico e coordenado, de modo a conseguir os melhores resultados possíveis. Neste seu perfil, o PEE é um elemento colegial da escola, cooperando com os colegas, aprendendo, ensinando e sobretudo refletindo sobre quais os melhores modelos, enquadramentos, materiais para levar a educação de qualidade a todos os alunos.

10. O PEE deve, pois, ser entendido com um profissional especializado em aprendizagem que, por um lado, trabalha numa dimensão de potenciar a aprendizagem de todos, através da conceção de modelos, de estratégias e da mobilização de instrumentos de gestão curricular e, por outro, trabalha a consultoria e a supervisão da intervenção educativa, dinamizando, apoiando e articulando as políticas de Inclusão desenvolvidas pelas escolas.

11. A importância do papel deste docente no desenvolvimento da educação inclusiva não deverá ficar à mercê dos diferentes entendimentos dos Órgãos de Gestão das Escolas/Agrupamentos. Como já foi referido na Recomendação Políticas Públicas de Educação Especial (CNE, 2014, p.6), “o seu desempenho nas diversas escolas varia consoante a interpretação individual ou o entendimento das estruturas educativas” .


A Pró – Inclusão tem intenção de desenvolver através do seu “Núcleo de Investigação” um projeto de investigação que permita clarificar, fundamentar, aprofundar e inovar o perfil profissional destes professores que são essenciais para o desenvolvimento de políticas inclusivas nas nossas escolas.


A Direção da Pró – Inclusão – Associação Nacional de Docentes de Educação Especial

Almada, 01 de fevereiro de 2018