Marko Vuoriheimo, 34, é surdo. Mas de “mudo” não
tem nada: apesar de não articular a fala fluentemente, tagarela com as mãos e
faz música com a língua de sinais. Foi com a alcunha de Signmark
(sinal visual, em inglês) que o finlandês fez fama num estilo em que a letra é
a lei –o rap.
Duvida? Será possível ver sua música com os
próprios olhos: Signmark fará um show para cerca de mil pessoas em São Paulo. A
apresentação, em 6/4, faz parte do Sencity, evento multissensorial
para surdos que acontece no MAM (Museu de Arte Moderna).
O artista contou por e-mail, como faz para
costurar as batidas à narrativa de gestos com que conta histórias. “Sinto a
música, literalmente. Porque o grave do som vibra mais, então corre
no meu sangue.”
Ele completa a tremedeira do ritmo com letras
autobiográficas. Uma fala de quando era criança e sonhava em aparecer na MTV,
mas ouviu da professora que aquilo não era possível.
Para entender hits como “Silent Shout” (berro
mudo), mesmo surdos brasileiros precisarão de tradução simultânea. É que o
artista se apresenta ora na língua dos sinais americana, ora na finlandesa,
cujos movimentos não são parecidos com a nacional Libras (Língua
Brasileira de Sinais).
Para isso, haverá um intérprete a verter
movimentos de uma língua à outra, diz Daina Leyton, coordenadora de
acessibilidade do museu. Signmark é o único cantor surdo do evento. Entre as
outras atrações, está a dupla de DJs Mixhell, formada por Igor Cavalera e sua
mulher, Laima Leyton.
“Existem artistas surdos. O problema é eles
conseguirem gravadora”, diz o finlandês, que assinou em 2009 com a Warner. A
parceria não durou mais que um DVD e acabou em 2012. Agora, ele trabalha num
álbum independente e faz manifesto. Acredita que o mundo um dia ouvirá seu
silêncio.
Clique para ver o vídeo |
Sem comentários:
Enviar um comentário