domingo, 7 de abril de 2013

... nas tuas mãos começa a liberdade." (Manuel Alegre)*


Marko Vuoriheimo, 34, é surdo. Mas de “mudo” não tem nada: apesar de não articular a fala fluentemente, tagarela com as mãos e faz música com a língua de sinais. Foi com a alcunha de Signmark (sinal visual, em inglês) que o finlandês fez fama num estilo em que a letra é a lei –o rap.
Duvida? Será possível ver sua música com os próprios olhos: Signmark fará um show para cerca de mil pessoas em São Paulo. A apresentação, em 6/4, faz parte do Sencity, evento multissensorial para surdos que acontece no MAM (Museu de Arte Moderna).
O artista contou por e-mail, como faz para costurar as batidas à narrativa de gestos com que conta histórias. “Sinto a música, literalmente. Porque o grave do som vibra mais, então corre no meu sangue.”
Ele completa a tremedeira do ritmo com letras autobiográficas. Uma fala de quando era criança e sonhava em aparecer na MTV, mas ouviu da professora que aquilo não era possível.
Para entender hits como “Silent Shout” (berro mudo), mesmo surdos brasileiros precisarão de tradução simultânea. É que o artista se apresenta ora na língua dos sinais americana, ora na finlandesa, cujos movimentos não são parecidos com a nacional Libras (Língua Brasileira de Sinais).
Para isso, haverá um intérprete a verter movimentos de uma língua à outra, diz Daina Leyton, coordenadora de acessibilidade do museu. Signmark é o único cantor surdo do evento. Entre as outras atrações, está a dupla de DJs Mixhell, formada por Igor Cavalera e sua mulher, Laima Leyton.
“Existem artistas surdos. O problema é eles conseguirem gravadora”, diz o finlandês, que assinou em 2009 com a Warner. A parceria não durou mais que um DVD e acabou em 2012. Agora, ele trabalha num álbum independente e faz manifesto. Acredita que o mundo um dia ouvirá seu silêncio.
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