Docentes indignados com programa. Revogação no primeiro ciclo do ensino
básico é considerada uma “vergonha”
A presidente da Associação Nacional de Professores de Matemática
(ANPM), Lurdes Figueiral, acusou ontem o ministro da Educação e Ciência, Nuno
Crato, de estar a fazer “retroceder 40 anos o ensino em geral e, em particular,
o da Matemática”.
“O que se está a passar é uma vergonha”, disse Lurdes Figueiral, reagindo
assim à notícia de que o Ministério da Educação e Ciência acabara de revogar,
por despacho, o programa da disciplina para o ensino básico, substituindo-o por
outro, que entra em discussão pública na próxima semana e em vigor, nas
escolas, em Setembro.
Sublinhando que estava a reagir “a quente” e “a título individual”, já que
não reunira a direcção, Lurdes Figueiral recordou que o programa de Matemática
homologado em 2007, “e aplicado progressivamente desde então, só este ano foi
generalizado a todos os alunos do 9.º ano e tem dado bons resultados”. “Não há
nada que justifique esta alteração, a não ser uma espécie de cruzada de um
ministro que não é sequer matemático, mas sim economista, e que também parece
não perceber de educação”, acusou.
Segundo o Ministério da Educação e Ciência, o novo programa vai
“complementar as metas curriculares” cuja aplicação, este ano, lê-se no
despacho, “teve resultados muito positivos nas escolas e nas turmas”. Tanto a
actual como a ex-presidente da ANPM e especialista em Educação Matemática Elsa
Barbosa desmentem que assim seja. “Não sei por onde andam as equipas do
ministro: nas escolas onde vamos, as metas ou não estão a ser aplicadas ou estão
a causar uma enorme confusão e estupefacção, por representarem o retrocesso ao
ensino dos anos 70”, disse Elsa Barbosa.
“O antigo programa continuará a servir como documento de apoio
nos anos para os quais as metas não são ainda obrigatórias”, esclareceu o
Ministério da Educação referindo-se ao programa que está hoje em vigor nas
escolas.
(Público de hoje)
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