terça-feira, 30 de abril de 2013

"Um chefe é um homem que precisa dos outros." (Paul Valéry) (2)


Apelando mais uma vez para o sociólogo Max Weber, podemos iniciar essa questão pela conceituação de poder e autoridade.
Como conceituamos na semana passada, “o poder” pode ser entendido como sendo toda a probabilidade de impor a própria vontade numa relação social, obstante qualquer resistência e independentemente do fundamento dessa probabilidade.
Por outro lado a autoridade é a habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que você quer em virtude de sua influência pessoal.
Para ilustrar esses conceitos é fácil entender que a autoridade de um bom médico, por exemplo, é fundamentada em seus anos de estudo, em seu talento, e em sua ampla experiência na prática médica.
É fácil intuir que um bom médico possui prestígio em sua comunidade e é recomendado “boca a boca” por seus pacientes (e/ou familiares) satisfeitos – fator contínuo que vai paulatinamente aumentando seu prestígio e, portanto, sua autoridade.
Para esse exemplo que ilustra a autêntica autoridade descrita por Weber, de onde advém um poder “naturalmente exercido”, podemos contrapor os poderes instaurados por artifícios sociais, como é o caso do estabelecido pelos níveis de hierarquia nas corporações.
Algo como:
O chefe é o chefe e deve ser obedecido.
Trazendo então esses conceitos para o mundo corporativo é fácil também intuir que o verdadeiro líder é em sua essência uma “autoridade” não necessariamente formal ou oficial (como é o caso do chefe), porém que possui prestígio perante o grupo, seja pelo seu “conhecimento de causa” ou pelas “habilidades” indispensáveis para o exercício dessa autoridade.
Para esclarecer essa ideia vamos à etimologia da palavra “líder” e o conceito de liderança.
A palavra líder origina-se do termo germânico antigo “lad” que significa “caminho”. Daí se depreende que um “ladan” ou um “líder” era “aquele que mostrava o caminho”.
Em suma, um guia que conduzia caminhantes em segurança de um povoado ao outro, por meio de trilhas na neve e cuja responsabilidade era a cuidar de todos e também de cada um.
Com isso fica evidente que a autoridade do guia é a daquele sujeito experimentado que conhece muito bem o caminho, como também todos os perigos e contingências que o assolam.
Por isso o conceito de liderança surge naturalmente:
“Liderança é a ação humana que ajuda um grupo a identificar o caminho a seguir, motivando-o para alcançar suas metas” (DAVIS e NETSON, 1991);
“Liderança é a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir aos objetivos identificados como sendo para o bem comum” (James Hunter).
Daí também se pode deduzir que enquanto o líder persegue seus ideais, o chefe cumpre a tabela.
Isso por que:
O chefe centraliza, desconfia, manda, amedronta e intimida, fiscaliza, tem apenas subordinados, procura culpados, faz mistério, administra recursos para chegar-se a um fim, tem todo o poder da hierarquia, considera os conflitos como aborrecimentos e crises como riscos; acredita que as pessoas trabalham apenas por dinheiro e por isso acena com promessas e/ou ameaças que raramente cumprirá.
Enquanto o líder delega, confia, orienta, entusiasma e inspira, acompanha, tem parceiros, procura aliados, comunica, administra seres que pensam e sentem, tem todo o poder de sua competência, considera os conflitos como oportunidades de melhora e as crises como lições; acredita que as pessoas trabalham também por dinheiro e por isso compartilha seu prestígio e demonstra sua gratidão.
Em suma, poderíamos traduzir tudo isso em uma frase:
Enquanto o líder é autoridade o chefe é autoritário.
E para você leitor, existe diferença?

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