Quando o Lucas foi diagnosticado, foi-nos pedido que fizessemos o rastreio
para a doença celíaca, principalmente nós, pais, mas também os avós e tios, se
assim pretendessem (irmãos também, mas o Lucas ainda era filho único nessa
altura). Fizeram então os pais e a avó e tia maternas; os restantes
familiares não se mostraram interessados. O painel consistia no IgA total, Ac
anti-tranglutaminase IgA e Ac anti-endomísio IgA: todos tivemos análises
negativas, mas nem sempre esse é o caso.
Uma revisão técnica sobre o diagnóstico e tratamento da doença
celíaca afirmava em 2006 que "os familiares de pacientes
com doença celíaca estão em maior risco para a doença celíaca do que a
população geral. Com base em estudos, em que há confirmação por biopsia
relativamente completa, a prevalência é de cerca de 10%, mas pode ser mais
elevado se menores graus histológicos forem também considerados. Entre
familiares, a maior prevalência de doença celíaca ocorre em famílias com mais
de uma pessoa afectada, enquanto que a prevalência entre familiares de segundo
grau é mais baixa (2,6% -5,5%) mas, ainda assim, maior do que a população em
geral."
Um estudo bósnio de 2011 abordou esta questão:
pesquisadores do Centro Universitário de Tuzla, na Bósnia e Herzegovina pediram
a 75 pais e irmãos de crianças recém-diagnosticadas com a doença celíaca para
participar de um rastreio. Embora nenhum dos familiares relatasse sintomas
sugestivos de doença celíaca, 20 por cento positivaram, pelo menos, um dos
testes do painel de doença celíaca (foram propostas biópsias para confirmação
mas, na maioria dos casos, foram recusadas).
Os pesquisadores dizem que os seus resultados
estão alinhados com outros estudos e demonstram como o rastreio pode
ajudar a identificar um número significativo de indivíduos com formas assintomáticas da doença celíaca. Os
pesquisadores também chamaram a atenção para dois participantes do estudo com
resultados positivos: a primeira era uma mãe com um histórico de vários anos de
infertilidade. Depois de adoptar uma dieta isenta de glúten, ela ficou grávida,
o que faz ressaltar a importância do rastreio para ajudar a prevenir
complicações graves da doença celíaca não diagnosticada (não tratada), tais
como infertilidade. O segundo caso foi o de um irmão de oito anos de idade, que
tinha sido testado vários anos antes. Nessa altura, os resultados foram
negativos. Mas quando participou na pesquisa, os resultados foram positivos,
pelo que estes investigadores recomendam que o teste seja repetido a cada
dois ou três anos.
Outros artigos
Sem comentários:
Enviar um comentário