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As escolas estão em extinção, os
grupos disciplinares desapareceram e os auxiliares de acção educativa também.
Estes são três exemplos do que a ideologia «exceliana», que há uns largos anos
nos governa, tem feito relativamente a quase tudo o que é significante, do
ponto de vista da educação. Na mente e na linguagem do «administrês» ou do
«economês» (que repugnam tanto ou mais do que as do «eduquês») as escolas
passaram a «unidades orgânicas», os grupos disciplinares passaram a «grupos de
recrutamento» e os auxiliares de acção educativa passaram a «assistentes
operacionais».
O
significante «Escola», cujo significado actual nos liga ao Saber, ao Ensinar,
ao Aprender, ao Educar, não cabe numa célula do «Excel», mas o (in)significante
«unidade orgânica» já lá cabe, tal é a pobreza do seu significado.
O
significante «grupo disciplinar» foi substituído pelo (in)significante «grupo
de recrutamento» com um número à frente. O que outrora foi o grupo disciplinar
de português, ou de matemática, ou de história, ou de filosofia, ou de...
passou a «grupo de recrutamento» número x, ou y, ou z, ou... De uma assentada,
anula-se a ordem do saber, que era a razão de ser do grupo disciplinar, e
substitui-se pela ordem do alistamento ou do arrebanhamento. Os professores
passam de docentes identificados e ligados a saberes, que a civilização durante
milénios produziu, a uma massa anónima de recrutas com um número à
frente.
Por sua vez,
o significante «auxiliar de acção educativa» foi substituído pelo
(in)significante «assistente operacional». O significante «auxiliar de acção
educativa» tinha o significado de fazer do funcionário um adjunto do professor
na acção educativa, de responsabilizá-lo e de integrá-lo naquilo que é uma das
missões fundamentais da escola. Pretendia-se precisamente aquilo que o
(in)significante «assistente operacional» não faz. Isto é, não faz do
funcionário coisa alguma nem o integra em coisa nenhuma.
Os homens e as mulheres do «Excel» têm
horror aos significantes cujo significado extravase a dimensão de uma
quadrícula, e deleitam-se com tudo o que tenha odor ou aparência de
«tecnicidade», «operacionalidade», «organicidade», «concreticidade». Têm pavor
à substância e à qualidade, o seu mundo não abarca mais do que a forma e a
quantidade.
Mas o que é
preocupante não é a existência destas mentes quadriculadas, o que
verdadeiramente preocupa é a passividade e o acriticismo com que se aceita e se
reproduz tanta miséria de intelecto.
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