I - Joaquim Azevedo, secretário de Estado do Ensino no segundo Governo de Cavaco
Silva, teceu duras críticas à política educativa dos últimos anos. “Os
mega-agrupamentos são a evidência do desnorte da administração central.
Juntam-se escolas como embalagens de fiambre, aperta-se um pouco e cabe sempre
mais uma”(...)
“Tanta precipitação, tanta falta de estudo, tanto autoritarismo”, criticou
Azevedo, considerando que “a administração central não está disponível para
abdicar do seu poder” e atribuir mais autonomia às escolas.
Helena Peralta, do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, também
foi muito crítica da forma como são feitas em Portugal as reformas
curriculares. “Nos outros países europeus, as reformas curriculares são
pensadas, estruturadas. Aqui mudamos porque sim. E isto, senhores
representantes do povo, é um perigo”, avisou, dirigindo-se aos deputados de todas
as bancadas parlamentares presentes, propondo “uma constituição para a
Educação”. “Já temos a lei de bases mas não é cumprida, uma constituição
obrigaria mais”, disse.
II - A deputada bloquista Ana Drago criticou a forma casuística como foi feita a
revisão curricular: “O ministro Nuno Crato, como diz a música, teve um
‘feeling’, e trocou umas disciplinas por outras.”
Por seu lado, a deputada comunista Rita Rato exigiu a “urgente
suspensão da revisão curricular”.
Inês Teotónio Pereira, do CDS-PP, depois de diversos intervenientes terem
defendido que a revisão curricular vai levar ao despedimento de muitos
professores, afirmou que “com o reforço da carga horária em disciplinas
estruturantes até podem ser precisos mais professores”.
III - Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, que assistiu à conferência,
considerou “ridícula” a afirmação da deputada, frisando que “mesmo que entrem
alguns professores por esta via, são muitos mais os que vão para a rua”.
IV - Acácio Pinto, do PS, afirmou que “o Governo faz o discurso da autonomia das
escolas mas revela um centralismo absoluto na acção”. Já Maria Ester Vargas, do
PSD, considerou que a revisão curricular “foi uma decisão tomada de forma
partilhada, após mais de 1600 contributos”.
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