quarta-feira, 27 de março de 2013

"Querermos ser do nosso tempo é estarmos já ultrapassados." (Eugène Ionesco)


A mochila virtual inventada por quatro alunos de Braga venceu concurso europeu e promete agora melhorar o desempenho escolar
Pôr o peso para trás das costas é uma frase feita, mas quando se trata de mochilas que os alunos carregam nos ombros, os resultados ultrapassam o sentido figurativo. Um estudo da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa mostra, por exemplo, que quase 7 em cada 10 crianças entre os 6 e os 13 anos transportam mochilas com excesso de peso, suportando uma carga acima de 12% do seu peso corporal. Quatro alunos portugueses do Colégio Luso Internacional de Braga descobriram o remédio para esse mal: a Virtual Bag (mochila virtual).
O projecto dos adolescentes, com idades entre os 15 e os 18 anos, foi o grande vencedor da Trade Fair da Junior Achievement, que se realizou este mês em Riga, na Letónia, e consiste numa plataforma online que reúne o conteúdo de uma mochila, desde livros a cadernos, passando por fichas de avaliação, estojos, calculadoras, agendas de casa e horários. À partida pode parecer um conceito estranho, mas Gonçalo Lopes, um dos quatro alunos que inventaram esta mochila, explica que as rotinas são as mesmas. O que muda é o recurso às novas tecnologias: “Pressupõe o uso de um tablet ou computador, uma vez que todos os materiais escolares necessários para a aprendizagem estarão compactados numa só plataforma.”
Para os inventores desta mochila, a mais-valia está na maior interacção entre o aluno e o professor e também na organização do trabalho escolar. Apesar de para já estar destinada ao ensino secundário, “num futuro próximo espera-se que a Virtual Bag possa ser implementada nos restantes níveis de ensino”, incluindo o 1.o ciclo, onde já é utilizado o computador Magalhães: “O Magalhães é um equipamento electrónico, enquanto a Virtual Bag é uma plataforma informática que visa optimizar o desempenho dos alunos.”
O projecto conta com o apoio do Ministério da Educação e Ciência, mas, numa primeira fase, a mini-empresa dos quatro alunos define como alvos as escolas privadas e a internacionalização, fruto do interesse que o projecto suscitou na Trade Fair. “Iremos recorrer a várias estratégias de marketing, especialmente além--fronteiras, mas nunca esquecendo o nosso país”, conta Gonçalo Lopes.
Quem os ouve julga estar perante empresários experientes. E os quatro alunos de Braga já pensaram em quase tudo. Criaram uma empresa (a Big Bang) para desenvolver a Virtual Bag, onde cada um tem uma função específica: Gonçalo Lopes, presidente, Mafalda Anjos, directora de Marketing, Nuno Pacheco, director financeiro e autor da ideia, e Helena Domingues, directora de recursos humanos. Definidas as funções, a Big Bang passou à fase da angariação de financiamento, recorrendo à venda de acções a amigos e familiares para arrancar com o plano. “Estamos agora numa fase de negociação com vários possíveis investidores interessados na nossa empresa, mas desde o início temos contado com o apoio de duas empresas localizadas em Portugal especializadas em Web design e Software development”, explica Gonçalo Lopes.
Foi a capacidade de empreendedorismo que tornou possível desenvolver a Virtual Bag e chamar a atenção da Junior Achievement Portugal (JAP), que os seleccionou para participarem na Trade Fair, em Riga, onde bateram uma concorrência de 46 mini-empresas e 250 alunos de 21 países europeus. A JAP apoiou, no último ano lectivo e através de associados, professores e voluntários, a criação de 334 mini- -empresas. A Europe Trade Fair 2013, surge no âmbito do programa A Empresa (Company Programme) da JAP, que no ano lectivo 2011/2012, contou com a participação de mais de 200 mil alunos em 37 países da Europa e 2143 em Portugal.

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