Uma
nova pesquisa da Universidade da Califórnia em Riverside (EUA) confirmou o
mecanismo que permite que o cérebro consolide memórias e descobriu que um
remédio para dormir comummente prescrito melhora esse processo.
As
descobertas podem conduzir a novas terapias do sono que melhorem a memória de
adultos mais velhos e pessoas com demência, doença de Alzheimer e
esquizofrenia.
Memória e sono
Estudos
anteriores já haviam sugerido uma correlação entre “fusos do sono” (rajadas de
atividade cerebral que duram por um segundo ou menos) durante uma fase
específica do sono e a consolidação de memórias que dependem do hipocampo.
O
hipocampo, uma parte do córtex cerebral, é importante para a consolidação das informações de curto prazo
em memória de longo prazo, e para a navegação espacial. É uma das primeiras
regiões do cérebro danificadas pela doença de Alzheimer.
No
novo estudo, a psicóloga Sara C. Mednick e sua equipe demonstraram, pela
primeira vez, o papel fundamental que os fusos do sono desempenham na
consolidação da memória no hipocampo, e mostraram que produtos farmacêuticos
poderiam melhorar significativamente esse processo.
“Este
é o primeiro estudo a mostrar que você pode manipular o sono para melhorar a
memória. Drogas para o sono podem ser uma ferramenta poderosa para distúrbios de
memória”, afirma Mednick.
O estudo
49
homens e mulheres entre 18 e 39 anos que dormiam normalmente receberam doses
variáveis de zolpidem (Ambien) ou de oxibato de sódio (Xyrem), e, depois de
alguns dias (quando as drogas já haviam saído de seus sistemas), um placebo.
Os
pesquisadores monitoraram seu sono, bem como mediram sua sonolência e
humor após cochilar, e usaram vários testes para avaliar sua memória.
Eles
descobriram que o zolpidem aumentou significativamente a densidade de fusos do
sono e a consolidação da memória verbal nos participantes. O remédio levou a um
melhor desempenho de memória, um desempenho
além do visto quando os participantes simplesmente dormiram ou quando tomaram a
droga de comparação (oxibato de sódio).
Os
resultados definem o cenário para o tratamento alvo de perda de memória, bem
como a possibilidade de melhoria da memória acima da vista em um período de
sono normal.
Um
dos próximos passos dessa linha de pesquisa é determinar qual componente da
resposta física para a droga é responsável por aumentar a densidade de fusos do
sono e a resultante consolidação da memória.
Mednick
também espera estudar o impacto do zolpidem em adultos mais velhos, que já
experimentam perda de memória e menos fusos do sono. O mesmo ocorre com
indivíduos com demência, Alzheimer e esquizofrenia.
“Nós
sabemos muito pouco sobre o sono, embora seja um componente essencial para a saúde“, diz Mednick,
que começou a estudar o sono no início de 2000. “Nós sabemos que afeta o
comportamento, e sabemos que é essencial para uma série de transtornos com
problemas de memória. Precisamos integrar o sono em diagnósticos médicos e
estratégias de tratamento. Esta pesquisa abre uma série de possibilidades”,
conclui.
O
estudo foi publicado no Journal of Neuroscience. [MedicalXpress]
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