Relatório da OCDE defende que
resultados dos alunos devem contar para a avaliação docente, uma medida
rejeitada por cá.
Portugal é um dos países da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) onde existe
“uma combinação mal sucedida” entre os resultados obtidos pelos docentes na sua
avaliação e aqueles que são alcançados pelos estudantes, constata-se num
relatório daquela organização ontem divulgado.
Enquanto
a maioria dos professores continua a assegurar as classificações mais elevadas
na sua avaliação, o desempenho dos alunos é insatisfatório, explica-se no
documento, onde se acrescenta que esta “combinação mal sucedida entre a
mensagem enviada aos professores e o desempenho do sistema educativo no que
respeita aos resultados obtidos pelos estudantes reforça a importância destes
serem utilizados sistematicamente na avaliação dos docentes”.
Esta
é uma das boas práticas recomendadas pela OCDE para se alcançar aquele que a
organização defende dever ser o principal objectivo da avaliação docente:
contribuir para a melhoria do sistema de ensino e não apenas para a progressão
na carreira. A outra é a observação das aulas, porque é aí, “quando os
professores interagem com os seus alunos”, que são revelados “muitos dos
aspectos centrais da prática de ensinar”, ou seja, a observação das aulas é uma
das “principais fontes de informação” sobre a qualidade dos professores, sendo
este, como é sabido, um dos factores que “influencia os resultados dos
estudantes”.
No
seu relatório Teachers for the 21st Century — Using Evaluation to Improve
Teaching (“Professores para o século XXI – Usar a avaliação para melhorar o
ensino”), citam-se os resultados de dois estudos recentes desenvolvidos nos EUA
que provam existir uma relação entre a avaliação do docente baseada na
observação de aulas e o bom desempenho dos estudantes.
No
seu relatório, a OCDE reconhece que será sempre difícil “identificar o
contributo específico de um professor no desempenho dos alunos”, uma vez que a
aprendizagem é um processo “influenciado por muitos factores”. Mas o que não
pode acontecer, frisa-se, é isentar-se os professores da obrigação de
apresentarem provas que mostrem o progresso feito pelos alunos nas suas aulas.
O ministro Nuno Crato também defende que os resultados dos alunos devem contar
para a avaliação dos professores, mas já disse que pensa não existirem
condições actualmente para impor esta medida, porque esta poderia ser um
“incentivo à inflação das notas pelos professores”.
(Público de hoje com supressões)
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