(…)
Quando colocamos as escolas a pensar apenas nos exames, o risco
é grande. É provável que desapareça a curiosidade dos alunos de aprenderem para
além dos testes. É quase certo que o professor depressa se desinteressa em
inspirar novos caminhos. Daqui resulta um empobrecimento do currículo real, em
que as aulas passam a ser centradas em competências para responder aos testes
finais, sem que haja espaço para o ensino da inteligência emocional, do
compromisso social ou da educação moral. Por isso, a escola se centrará cada
vez mais em ensinar aquilo que supõe ir ser questionado no exame, com a
consequente quebra na educação global.
(…)
A verdade é que o bem-estar emocional se correlaciona com
resultados escolares positivos. Também se sabe como um bom clima escolar e uma
adequada organização da sala de aula conduz a melhores classificações. Sabemos
que nada disto acontece em muitas das nossas escolas, por diversas razões. Em
primeiro lugar, nem sempre os professores mais experientes para lidar com
situações difíceis são colocados em zonas problemáticas. Depois, porque as
escolas não desenvolvem, na maioria dos casos, políticas educativas de
envolvimento das famílias, com discussão participada dos valores em jogo nas
comunidades, única forma de se promover uma cultura de respeito recíproco entre
alunos, pais e professores. A disciplina da escola tem de ser construída em
conjunto por todos, de modo a transformar o clima da sala de aula num ambiente
onde a aprendizagem e o respeito mútuo sejam a regra.
(Público de hoje)
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