A Professora Telma Nantes |
Sem
a imagem para atrapalhar, quem é deficiente visual pode sentir-se privilegiado em tempo de campanha
eleitoral. Torna-se mais difícil enganar esse tipo de eleitor com sorrisos ou
beijinhos em criancinhas nas propagandas de TV ou impressos de campanha.
A
lição que fica é óbvia. “A gente tem de ouvir mais e olhar menos, para saber
quem é quem. Não adianta ser bonitão, ou ficar rindo por aí”, diz o massoterapeuta
Leandro Aparecido de Souza.
Hoje,
na urna, Leandro confirmou o voto em duas pessoas que têm a voz tranquila, mas
demonstram segurança na avaliação de Leandro. “O tom deles é de cortesia, de
educação. Não voto em quem grita muito e é mal educado. Isso é coisa de gente
autoritária”.
O
músico Orlando Brito também nunca viu a figura de um candidato e sabe que a
fala mansa também pode enganar, por isso só presta atenção no “conteúdo”. “Ser
simpático qualquer um pode ser em época de eleição. Não enxergar tem lá suas
vantagens. Só ficam as propostas”.
Para
ele, a lição maior a ser dada por um cego é “ouvir mais” e dar menos valor à
imagem.
A
professora Telma Nantes ouviu debates, acompanhou a propaganda eleitoral, foi
abordada por gente com propostas especificas para portadores de deficiência,
mas decidiu que quer mais. Apesar de não ver, consegue ir mais longe e pensar
como cidadã. “Não fico só pensando nas minhas causas, tenho de pensar como
cidadã”.
Apesar
de achar que é mais difícil enganar um deficiente visual, pela habilidade que os
cegos têm de ouvir até o que não é falado, ela pede licença para errar. “A
gente escolhe, pode estar errado, mas pelo menos apostamos em algum conteúdo”.
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