domingo, 14 de outubro de 2012

Na justa medida...


François Hollande não quer que os alunos da primária levem trabalhos para casa. Por cá, o pedagogo Renato Paiva explica por que os TPC são necessários.
A medida está a levantar grande polémica em França. Segundo uma sondagem, 68% dos pais não concordam com o fim dos TPC na primária e, quanto mais elevado o seu grau de instrução, mais forte é a oposição à medida anunciada por François Hollande, no dia 9 de Outubro. A ideia do presidente francês é que todos os trabalhos devem ser feitos na escola, e não em casa. Renato Paiva, pedagogo e director da Clínica da Educação, acredita que a medida teria o mesmo acolhimento em Portugal e assume que não acha "que faça sentido esse radicalismo do nunca". No seu entender a decisão deve depender sempre da estratégia do professor, da turma que tem pela frente e das necessidades sentidas ao longo do ano.  (…)
Mas esse é apenas um dos lados da questão. Renato Paiva recorda que os objectivos dos trabalhos de casa, mesmo na primária, são o reforço dos conteúdos mais difíceis ou mais importantes, e a responsabilização dos alunos pelo acompanhamento mais regular do estudo. Além disso, os trabalhos de casa, "sem demasia nem excessos, são um recurso pedagógico à disposição do professor para reforço do que considerar necessário complementar com trabalho em autonomia por parte dos alunos", defende. Contudo, o autor "SOS - Tenho de Passar de Ano" e "Ensina o Teu Filho a Estudar", admite que alguns professores exageram, propondo "mais do mesmo que se faz nas aulas, deixando pouca margem de manobra para as crianças serem crianças".
Curiosamente, a medida que gera agora polémica, está legalmente instituída em França, desde 1956, numa norma que previa que "nenhum dever escrito, quer seja obrigatório ou facultativo, será exigido aos alunos fora da sala de aula", que, no entanto, nunca foi aplicada.



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