François
Hollande não quer que os alunos da primária levem trabalhos para casa. Por
cá, o pedagogo Renato Paiva explica por que os TPC são necessários.
A medida
está a levantar grande polémica em França. Segundo uma sondagem, 68% dos pais
não concordam com o fim dos TPC na primária e, quanto mais elevado o seu grau
de instrução, mais forte é a oposição à medida anunciada por François Hollande,
no dia 9 de Outubro. A ideia do presidente francês é que todos os trabalhos
devem ser feitos na escola, e não em casa. Renato Paiva, pedagogo e director da
Clínica da Educação, acredita que a medida teria o mesmo acolhimento em
Portugal e assume que não acha "que faça sentido esse radicalismo do
nunca". No seu entender a decisão deve depender sempre da estratégia do
professor, da turma que tem pela frente e das necessidades sentidas ao longo do
ano. (…)
Mas esse é apenas um dos lados da questão. Renato
Paiva recorda que os objectivos dos trabalhos de casa, mesmo na primária, são o
reforço dos conteúdos mais difíceis ou mais importantes, e a responsabilização
dos alunos pelo acompanhamento mais regular do estudo. Além disso, os trabalhos
de casa, "sem demasia nem excessos, são um recurso pedagógico à disposição
do professor para reforço do que considerar necessário complementar com
trabalho em autonomia por parte dos alunos", defende. Contudo, o autor
"SOS - Tenho de Passar de Ano" e "Ensina o Teu Filho a
Estudar", admite que alguns professores exageram, propondo "mais do
mesmo que se faz nas aulas, deixando pouca margem de manobra para as crianças
serem crianças".
Curiosamente, a medida que gera agora polémica, está
legalmente instituída em França, desde 1956, numa norma que previa que
"nenhum dever escrito, quer seja obrigatório ou facultativo, será exigido
aos alunos fora da sala de aula", que, no entanto, nunca foi aplicada.
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