SIM, ELES, OS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA MENTAL, SÃO CAPAZES
No nosso sistema
este alunos são acantonados numa entidade designada por Currículo Específico
Individual - CEI, uma bizarrice conceptualmente redundante, se uma estrutura
curricular é desenhada para um indivíduo será, evidentemente específica, donde
fica estranha a designação. Em muitas circunstâncias, apesar de excelentes
práticas que aqui registo e saúdo, o trabalho desenvolvido ao abrigo dos CEIs
é, do meu ponto de vista, parte do problema e não parte da solução, situação
agora potenciada com a Portaria do MEC relativa ao trabalho nas escolas
secundárias. É um trabalho inconsequente, assente em avaliações pouco
consistentes, descontextualizado, mobilizando pouca participação e envolvimento
nos contextos em que os alunos se inserem. Dito de outra maneira, em algumas
circunstâncias o trabalho desenvolvido com estes alunos é ele próprio um factor
de debilização, ou seja, alimenta a sua incapacidade.
Tal facto,
não decorre da incompetência genérica dos técnicos, julgo que na sua maioria
serão empenhados e competentes, mas da sua própria representação sobre este
grupo de alunos, isto é, não acreditam que eles realizem ou aprendam. Desta
representação resultam situações e contextos de aprendizagem, tarefas e
materiais de aprendizagem, expectativas baixas traduzidas na definição de
objectivos pouco relevantes, que, obviamente, não conseguem potenciar mudanças
significativas o que acaba por fechar o círculo, eles não são, de facto,
capazes. É um fenómeno de há muito estudado.
O que
acontece, sem ser por magia ou mistério, é que quando nós acreditamos que os
miúdos são capazes, eles não se "normalizam" evidentemente, mas são,
na verdade, mais capazes, vão mais longe do que admitimos. Não esqueço a
gravidade de algumas situações mas, ainda assim, do meu ponto de vista, o
princípio é o mesmo, se acreditarmos que eles progridem e são capazes de ... ,
o que fazemos, provoca progresso, o progresso possível.
E isto
envolve professores do ensino regular, de educação especial, técnicos e pais.
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