domingo, 1 de setembro de 2013

"Raciocinar: pesarmos as probabilidades na balança do desejo." (Ambrose Bierce)

(…)
É ilusório pensar que o cheque-ensino garantirá a tão apregoada “liberdade de escolha”. A ideia, de início, parece promissora: os pais e os alunos consultariam a classificação das escolas e escolheriam as do pelotão da frente, dando aos filhos as melhores condições de ensino. Parece simples, mas quem assim pensa esquece um aspecto crucial: as escolas com melhores classificação não têm vagas ilimitadas e, passando a ser muito requisitadas, depressa terão de fazer a selecção dos melhores alunos. Ora sabemos a correlação que existe entre uma história pessoal/social com êxito e um bom resultado académico: os melhores alunos são, em maioria, os provenientes de um meio familiar mais favorecido. Sendo assim, o cheque-ensino servirá para colocar nas melhores escolas os alunos com mais oportunidades pessoais e os que, em termos individuais, estarão mais equilibrados à partida.

As escolas menos bem classificadas herdarão os alunos problemáticos, agravando as desigualdades no ensino. Se a escola deveria incluir, passa a excluir. Onde existiram bons resultados, passarão a surgir estabelecimentos de ensino caracterizados por desistência, abandono e insucesso.
(...)
(Público de hoje)

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