(…)
É ilusório pensar que o cheque-ensino garantirá a tão apregoada
“liberdade de escolha”. A ideia, de início, parece promissora: os pais e os
alunos consultariam a classificação das escolas e escolheriam as do pelotão da
frente, dando aos filhos as melhores condições de ensino. Parece simples, mas
quem assim pensa esquece um aspecto crucial: as escolas com melhores
classificação não têm vagas ilimitadas e, passando a ser muito requisitadas,
depressa terão de fazer a selecção dos melhores alunos. Ora sabemos a
correlação que existe entre uma história pessoal/social com êxito e um bom
resultado académico: os melhores alunos são, em maioria, os provenientes de um
meio familiar mais favorecido. Sendo assim, o cheque-ensino servirá para
colocar nas melhores escolas os alunos com mais oportunidades pessoais e os
que, em termos individuais, estarão mais equilibrados à partida.
As escolas menos bem classificadas herdarão os alunos
problemáticos, agravando as desigualdades no ensino. Se a escola deveria
incluir, passa a excluir. Onde existiram bons resultados, passarão a surgir
estabelecimentos de ensino caracterizados por desistência, abandono e
insucesso.
(...)
(Público de hoje)
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