De acordo com um novo estudo, crianças com autismo e QI médio se
saíram consistentemente melhor em testes de matemática do que crianças não
autistas na mesma faixa de QI.
A superioridade em habilidades matemáticas entre as crianças com
autismo foi relacionada a padrões de ativação em uma determinada área do cérebro,
normalmente associada com o reconhecimento de rostos e objetos visuais.
“Parece haver um padrão único de organização do cérebro que
fundamenta a habilidade superior de crianças com autismo na resolução de
problemas matemáticos”, explica o autor principal do estudo, Vinod Menon,
professor de psiquiatria e ciências comportamentais na Universidade de
Stanford, Estados Unidos.
O estudo incluiu 18 crianças com autismo, com idades entre 7 a
12 anos, e um grupo-controle de 18 crianças sem autismo. Todos os participantes
demonstraram habilidades verbais e de leitura normais em testes padronizados,
mas as crianças com autismo superaram seus pares sem autismo em testes-padrões
de matemática.
Os pesquisadores também monitoraram a atividade cerebral das
crianças, usando ressonância magnética, enquanto elas trabalhavam nos problemas
de matemática. Os exames cerebrais nas crianças com autismo revelaram um padrão
incomum de atividade em uma área do cérebro especializada no processamento de
rostos e outros objetos visuais.
“As pesquisas anteriores se centravam quase exclusivamente nos
pontos negativos das crianças com autismo”, diz Menon, membro do Instituto de
Pesquisa de Saúde Infantil no Hospital Infantil Lucile Packard. “Nosso estudo
apoia a ideia de que o desenvolvimento do cérebro em uma pessoa com autismo
pode ocasionar não apenas déficits, mas também levar à melhoria de algumas
capacidades cognitivas notáveis. Acreditamos que esta notícia pode ser reconfortante
para os pais”.
Menon conta que as crianças com autismo, por vezes, exibem
talentos ou habilidades excepcionais. Por exemplo, algumas conseguem dizer
instantaneamente o dia da semana de qualquer data do calendário dentro de um
determinado intervalo de anos, enquanto outras possuem habilidades matemáticas
impressionantes.
“Saber as datas do calendário, provavelmente, não vai ajudá-lo a
ter sucesso acadêmico ou profissional”, comenta Menon. “Mas ser capaz de
resolver problemas numéricos e desenvolver boas habilidades matemáticas pode
fazer uma grande diferença na vida de uma criança com autismo”.
Cerca de uma em cada 88 crianças tem alguma forma de autismo, de
acordo com os Centros dos EUA de Controle e Prevenção de Doenças. O Brasil
ainda não possui uma pesquisa centralizada para identificar a taxa de
incidência do autismo na população. Segundo dados da ONU, existem
aproximadamente 70 milhões de autistas em todo o mundo. [Medical Xpress]
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