(…)
Ensina-se Português com lacunas gravíssimas quer quanto à História e às
Artes, quer quanto às Ciências e Mentalidades, e insiste-se na memorização
estupidificante e inútil das regras da Gramática (com terminologia
incompreensível, errada e absurda — vide o caso do “complemento oblíquo”).
Divorciam-se os alunos, por esse país fora, daquilo que só a escola poderia
dar: cultura geral, competências de escrita e leitura. Compreender que o Homem
é animal simbólico (Cassirer) e de linguagem, compreender que a arte nos
liberta e prepara para enfrentar um mundo que conduz à infelicidade porque nos
escraviza e nos transforma em algo que a nossa criança interior jamais quis ser
— eis o que a Escola deveria dar e não dá. O que deveria ser e não é. A lógica
dos mercados entrou na escola e, fabricando os novos funcionários cansados,
perguntem-se — pais e professores — o que estamos a fazer aos nossos jovens.
Que futuro é o deles se culturalmente tudo lhes é roubado?
(…)
Tribuna Cultura e sociedade António Carlos Cortez (Público de hoje)
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