terça-feira, 25 de outubro de 2016

Contra a narrativa fatalista de tragédia pessoal de sujeitos passivos e dependentes



A deficiência pode ser perspectivada de formas diversas, cada uma delas com potenciais de emancipação distintos para as pessoas com deficiência. Na sociedade portuguesa a deficiência tem sido reduzida às incapacidades dos corpos e a uma narrativa fatalista de tragédia pessoal. Segundo este modelo de entendimento, as restrições e obstáculos vivenciados pelas pessoas com deficiência resultam directamente das suas supostas limitações funcionais. Tais concepções têm validado a construção da imagem das pessoas com deficiência como sujeitos passivos e dependentes, o silenciamento das suas vozes e alimentado políticas sociais opressoras e excludentes das pessoas com deficiência em Portugal. O presente ensaio pretende abrir uma reflexão sobre esta realidade, de forma a contribuir para um questionamento cultural e sociopolítico dos fenómenos de menorização, opressão, pobreza e exclusão social vivenciados pelas pessoas com deficiência na sociedade portuguesa e para a construção de novos caminhos emancipatórios.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

A Inclusão pode esperar



Filipa tem três anos e desde os seis meses de vida que sofre de um tipo de epilepsia que lhe provoca convulsões. A menina começou este ano a frequentar o ensino pré-escolar na aldeia de Enxames, no Fundão, mas por ainda não ter sido atribuída ao estabelecimento uma assistente operacional especializada, o agrupamento de Escolas João Franco informou os pais, na quinta-feira, que a criança não podia continuar a ir às aulas.
"Disseram-nos que a Filipa não podia continuar a ir à escola até o ministério enviar alguém qualificado para cuidar dela de forma adequada. Fiquei revoltada porque ao longo deste mês fui eu que lhe dei apoio na escola e estava disposta a continuar até chegar uma técnica", afirma Lauriana Pombo, mãe da menina. 
A encarregada de educação assegura que Filipa, que nos últimos três anos apenas teve contacto com a família e com médicos, "apresentou bastantes melhorias de desenvolvimento ao longo do último mês por ter convivido com outras crianças", e teme que o afastamento da escola e dos amigos a faça regredir. 
Armando Anacleto, diretor do agrupamento, disse (...) que a funcionária foi pedida à tutela há cerca de um mês e acredita que na próxima semana haverá resposta.
Fonte: CM por indicação de Livresco

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Quanto mais grave é uma doença, maior tem de ser a esperança. Porque a função da esperança é preencher o que nos falta. (Vergílio Ferreira)

Saiu, este Verão, um novo estudo da Universidade McMaster, no Canadá, que procura esclarecer mais um pouco como se desenvolve a doença celíaca. Aqui, a "acusação" pende mais para a culpabilidade do microbioma errado, uma via de investigação já há muito abordada pelo Dr. Alessio Fasano e a sua equipa. A questão fulcral é saber se estimulando o desenvolvimento de um microbioma intestinal "bom" se consegue restaurar a tolerância ao glúten, havendo que esclarecer também quais são as bactérias que interessam promover para esse efeito. Para já, a ciência parece estar a caminhar a bom ritmo na direcção certa. Artigo daqui.
"Causas da Doença celíaca: as bactérias do intestino podem determinar se vai desenvolver a doença
Um novo estudo revelou que o glúten, que é conhecida por danificar o intestino delgado das pessoas que sofrem de doença celíaca, pode ser metabolizado pelas bactérias intestinais quando as enzimas falham na sua digestão.
No estudo publicado online na revista Gastroenterology, os investigadores da Universidade McMaster no Ontário, Canadá, descobriram que os ratos com presença de bactérias Pseudomonas Aeruginosa (PSA), isoladas de pacientes com doença celíaca, metabolizaram o glúten - uma proteína encontrada em cereais como trigo, centeio e cevada - de forma diferente de ratos que tinham sido tratados com Lactobacillus.
A doença celíaca é uma desordem auto-imune genética, na qual o paciente é incapaz de digerir o glúten completamente, levando a uma resposta imune em que os anticorpos atacam os órgãos internos tais como o intestino delgado. Isso danifica as vilosidades que permitem a absorção de nutrientes no intestino delgado, fazendo com que o corpo do paciente perca nutrientes como ferro, ácido fólico, cálcio, vitamina D, proteína, gordura e outros compostos alimentares que são essenciais.
A Fundação da Doença Celíaca, com sede na Califórnia, estimou que a doença afecta 1 em cada 100 pessoas em todo o mundo, enquanto nos Estados Unidos quase 2,5 milhões de pessoas ainda não foram diagnosticadas, expondo-os ao risco de complicações de saúde a longo prazo.
Ao estudar a química do metabolismo do glúten através da PSA e Lactobacillus, os investigadores descobriram que as Lactobacillus foram capazes de desintoxicar o glúten, enquanto as PSA produziram sequências de glúten que mostraram semelhanças com a inflamação em pacientes com doença celíaca.
"Assim, o tipo de bactérias que temos no nosso intestino contribui para a digestão do glúten, e a forma como esta digestão é realizada poderia aumentar ou diminuir as hipóteses de desenvolver a doença celíaca numa pessoa com risco genético", disse a autora principal do estudo, a Dra. Elena Verdu, professora associada da Escola de Medicina Michael G. DeGroote da Universidade McMaster, num comunicado de imprensa.
"A doença celíaca é causada pelo glúten em pessoas geneticamente predispostas, mas as bactérias no nosso intestino podem fazer pender a balança nalgumas pessoas para desenvolver a doença ou manter-se saudável", explicou ela.
Actualmente não há cura para a doença, sendo o único tratamento disponível uma dieta rigorosa, isenta de glúten para toda a vida. A Dra. Verdu, no entanto, disse: "Podemos estar mais perto de compreender a forma como as bactérias do intestino e os patogéneos oportunistas, tais como a PSA, podem afectar o risco de doença celíaca. Isto ajudar-nos-á a desenvolver estratégias para prevenir estes transtornos, mas é necessária mais investigação."

Mais info:

sábado, 8 de outubro de 2016

A miracle?

When things don’t come easy

I worked with an eleven year old boy who was ALEXIC (completely illiterate), ADHD, and autistic. He had gone through every intervention the parents could find (and finance) but no-one could teach him to read much more than his name – not even his mother – who is a brilliant teacher. On the third day of working with me, he had mastered his Alphabet for the first time – not only forward, but backwards as well. For the first time in his life, he knew the names of all the letters – and that day he started reading street signs, in the car on his way to see me. He is now reading Charlotte’s web, writing pages after pages of his own stories, and confidently typing and WhatsApping his family. He has moved to a remedial school, from the special needs school he was in before, and there he is winning awards for his writing. While his literacy has improved dramatically, the mother says the literacy actually is the smallest change she sees in him. He has now come off all his medication, and his behaviour is the thing which has changed the most. 


quarta-feira, 5 de outubro de 2016

O erro é a regra: a verdade é o acidente do erro.(Georges Duhamel)

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Antes surdo


    A correspondente da RTP em Bruxelas, a jornalista Fernanda Gabriel,revelou hoje, no Jornal da Tarde, que os governos «serão audicionados no Parlamento Europeu» sobre a questão dos fundos comunitários. Falou ainda de certa «reunião que reúne» não sei quê e ainda de outra «presidida pelo presidente». Não consegui ouvir mais nada, como devem compreender. Depois admiram-se de que o consumo de ansiolíticos triplicasse em Portugal nos últimos anos.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Porquê dar conhecimento das nossas opiniões? Amanhã, podemos ter outras.(Paul Léautaud)

O DN revisita o tema dos TPC, que ressurge em cada início de ano lectivo. Há quem os rejeite liminarmente, evocando as doses massivas de tarefas maçudas e repetitivas, destinadas a “consolidar” matéria, e defenda que o escasso tempo de convívio familiar ao final do dia possa ser vivido sem a pressão dos trabalhos para fazer, a saturação dos miúdos e os gritos dos pais que não raras vezes acabam por fazer o trabalho dos filhos ou dar-lhes as respostas para despachar aquele calvário.
Também há quem defenda, captando bem o espírito dos tempos, trabalhos de casa “personalizados”, indo ao encontro das dificuldades e necessidades específicas de cada aluno. Algo que poderá fazer sentido no 1º ciclo, parece-me, mas que noutros níveis de ensino será dificilmente praticável de forma sistemática, tendo em conta o elevado número de alunos que tem cada professor e o tempo limitado que passa com cada turma.
O que será relativamente consensual é que um sistema de ensino demasiado dependente dos trabalhos de casa mais facilmente reproduz as desigualdades sociais do que aquele em que o TPC se torna acessório ou até dispensável: na escola são todos iguais, enquanto em casa entram em jogo o ambiente familiar e o apoio que as famílias possam proporcionar à criança.
Para os não fundamentalistas de um lado ou de outro, os que acreditam que uma pequena dose diária de tarefas de âmbito escolar para fazer depois das aulas pode ser benéfica para a aprendizagem, há algumas boas ideias deixadas por alguns dos especialistas ouvidos para a peça jornalística:
·         Os TPC devem ser curtos, acessíveis e motivadores, evitando o mais do mesmo que já foi feito na aula;
·         Trabalhos que envolvam a família do aluno, sobretudo se forem marcados para o fim de semana, podem ser experiências enriquecedoras, tanto do ponto de vista pedagógico como familiar;
·         O TPC não deve ser orientado para colmatar lacunas das aulas, mas antes para ajudar alunos e professores a perceber se as matérias foram bem apreendidas;
·         O papel dos pais não é explicar as matérias, por isso o TPC deve ser uma tarefa que o aluno consiga resolver sozinho.


segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Todas as idades têm os seus frutos, mas é preciso sabê-los colher.(Raymond Radiguet)

Envelhecimento é o principal factor para que docentes tenham menos tempo de aulas, mas também há cada vez mais professores antes dos 50 anos com horários incompletos por falta de alunos.
A maioria dos professores do 3.º ciclo e ensino secundário estão menos de 20 horas por semana nas salas de aulas, segundo revela uma análise sectorial do perfil do docente em 2014/2015, divulgada na sexta-feira pela Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC). Ou seja, mais de metade dos cerca de 73 mil docentes destes níveis de ensino tem horário reduzido.
Até aos 50 anos, os professores dão 22 horas de aulas por semana. A partir dessa idade, tal como estipulado no Estatuto da Carreira Docente, têm direito a uma redução do seu horário. É o que se passa com 53,2% dos professores do 3.º ciclo e secundário — que são o maior grupo do contingente de professores do ensino não superior.
Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), atribui o facto essencialmente ao envelhecimento do corpo docente. “A partir dos 50 anos de idade os professores têm uma redução de duas horas no tempo de aulas e com o avançar da idade esta diminuição pode ir até às oito”, explica.
 “Até há não muito tempo esta redução de componente lectiva começava aos 40 anos [em média, ao fim de 15 anos de carreira], o que aliás defendo por se tratar de uma profissão muito desgastante”, diz Filinto Lima. Para este director, a redução da componente lectiva “não tem criado constrangimentos na organização do trabalho das escolas, antes pelo contrário”.
Não só porque a esta redução corresponde um aumento igual da chamada componente não lectiva dos docentes, que pode passar por trabalho em bibliotecas, reuniões, acções de apoio aos alunos, entre outros, como também porque permite “a contratação de professores mais novos, geralmente contratados, para suprir as necessidades criadas” com o envelhecimento dos docentes do quadro. “Este encontro de gerações entre professores com mais experiência e outros com métodos de trabalho diferentes é muito enriquecedor para as escolas”, frisa.
Segundo os dados da DGEEC, entre os professores do 3.º ciclo e secundário, cerca de 40% têm 50 ou mais anos, o que aponta para que não seja só o envelhecimento da classe a única razão para que existam tantos com redução de horário.


domingo, 2 de outubro de 2016

Este pode ser um caminho


A Câmara Municipal de Sintra através do protocolo estabelecido com a Associação Pais em Rede deu início a uma nova vertente do projeto “Sintra Inclui” que dá suporte aos Agrupamentos de Escolas na implementação dos Planos Individuais de Transição dos alunos com necessidades educativas especiais, que se encontram no términos do seu percurso escolar.

O Plano Individual de Transição (PIT) é uma medida destinada aos alunos com currículo especifico individual e estimula a realização de experiências de trabalho em contexto real.

Através da intervenção direta de duas técnicas de apoio à transição, a autarquia dará continuidade ao acompanhamento destes alunos, em contexto escolar e na comunidade, tendo, no ano letivo 2015/2016, apoiado 30 alunos, entre os 15 e os 19 anos de 5 Agrupamentos de Escolas. 

A missão do projeto consiste em promover uma rede comunitária de modo a que o processo de transição para a vida pós-escolar se torne natural, num trabalho de articulação estreita com as equipas de docentes e os centros de recursos para a inclusão do concelho (CECD e CERCITOP).

O impacto deste projecto foi notório em todos os intervenientes. No caso dos alunos verificou-se uma melhoria das competências sociais e funcionais, bem como da sua autoestima e satisfação pessoal, sendo que 71% fez um balanço muito positivo desta experiência. Nas famílias ocorreu uma mudança de expectativas que se traduziu no desejo de verem os seus educandos o mais autónomos possível e integrados profissionalmente.

No que respeita à escola realça-se um aumento da capacidade de resposta aos alunos em fase de transição e um alargamento das parcerias às entidades locais. As empresas demonstraram uma grande recetividade o que se refletiu no facto de 96% pretenderem continuar a colaborar.


Considerando o caráter inovador e os resultados positivos do projeto, este terá continuidade no próximo ano letivo perspetivando-se um maior investimento na dimensão formativa e capacitação de todos os agentes envolvidos.

sábado, 1 de outubro de 2016

O sucesso é uma consequência e não um objectivo.(G. Flaubert)

Voluntários procuram-se para combater o insucesso escolar no ensino básico

Todos os anos, dezenas de estudantes da Universidade do Porto voluntariam-se para ajudar alunos do ensino básico da cidade do Porto nos seus estudos, acompanhando-os em sessões tutoriais ao longo de todo o ano letivo através do projeto “Voluntariado Estudantil – Combater o insucesso e o abandono escolar”.
Até ao próximo dia 10 de outubro estão abertas as candidaturas aos estudantes da U.Porto interessados em participar neste projeto de voluntariado que nasce da colaboração entre a Universidade do Porto, o Pelouro da Educação da Câmara Municipal do Porto e os agrupamentos de escolas portuenses Alexandre HerculanoAurélia de SousaInfante D. Henrique e Rodrigues de Freitas.
Os estudantes selecionados para participar no projeto ficarão responsáveis peloacompanhamento de um aluno destas escolas num formato tutorial (1 aluno / 1 voluntário) e numa dinâmica de encontros semanais com a duração mínima de 1 hora com o objetivo de minimizar as dificuldades de aprendizagem daqueles alunos, promovendo a sua autonomia no estudo e preparando-os para a tomada de decisões responsáveis no presente e no futuro – quer na escola, quer na sua vida pessoal e social.
Por isso, espera-se que os estudantes da Universidade do Porto que se voluntariem para este projeto tenham motivação, disponibilidade e vontade de colaborar com o desenvolvimento e integração escolar destes alunos do ensino básico e capacidade de capitalizar a experiência enquanto estudante do Ensino Superior para as dinâmicas promovidas pela escola, independentemente da sua área científica de formação.
Em contrapartida, a participação neste projeto por parte dos estudantes da Universidade do Porto possibilita não só o exercício da cidadania no domínio da educação, como também a aquisição e desenvolvimento de competências complementares à sua formação académica.
Os interessados têm de apresentar a sua candidatura até 10 de outubro, preenchendo a respetiva ficha de inscrição. Antes de se candidatar consulte toda a informação disponível sobre projeto na respetiva página.