Dificuldade de leitura,
escrita, interpretações de textos e cálculo aritmético. Estes são os sintomas
mais comuns de um distúrbio de aprendizagem conhecido como dislexia e que é
apresentado já na pré-escola.
— O
disléxico mostra dificuldade em aprender a ler e a escrever, em manipular as
letras dentro de uma palavra e, consequentemente, em compreender um texto
quando estiver lendo — explica a fonoaudióloga e especialista em psicopedagogia
Maria Ângela Nico, coordenadora científica da Associação Brasileira de Dislexia
(ABD).
Quando
o portador do problema chega à adolescência, poderá apresentar dificuldades em
aprender uma segunda língua, muitas vezes em compreender o enunciado de um
problema de matemática, química ou física.
— A
dislexia é um quadro complexo caracterizado por dificuldade à leitura, escrita,
interpretações de textos e, ainda, associado a dificuldades para o cálculo
aritmético — expõe o neurocientista português Rafael Silva Pereira, doutor em
Neuropsicologia da Dislexia pela Universidade de Extremadura.
O
especialista explica que a avaliação do problema necessita ser
multiprofissional, com uma equipe especializada, envolvendo fonoaudiólogos,
psicopedagogos, psicólogos, neuropediatras e psiquiatras.
—
Associado à dislexia, algumas crianças e jovens também podem apresentar déficit
de atenção, hiperatividade, impulsividade, agressividade, depressão, transtorno
de ansiedade, bipolaridade e enurese — diz.
Genética
e hereditária
Segundo
Maria Ângela Nico, a dislexia é um transtorno com causas variadas, entre as
quais estão: pais com dificuldades pregressas na vida escolar, casos
semelhantes nos familiares, presença de genes potencialmente responsáveis pelo
quadro, ou uma arquitetura diferente do tecido cerebral nos indivíduos
disléxicos que não é encontrada nos não disléxicos.
— Só
podemos falar em dislexia a partir do processo de alfabetização, mas como ela é
genética e hereditária, a partir dos cinco anos de idade já é possível realizar
a avaliação com uma equipe multidisciplinar especializada e essa criança com
dislexia será encaminhada para uma intervenção com uma fonoaudióloga. Depois
que ela passar pelo processo de alfabetização, será necessária uma re-avaliação
para confirmar ou não o quadro — afirma.
Para
o professor Rafael Pereira, por não ser uma doença, “não há cura”. A
complexidade do distúrbio exige uma intervenção rápida.
—
Deverá ser realizada por uma fonoaudióloga, e ou uma psicopedagoga e, em casos
de problemas de auto-estima, um psicólogo deverá atuar também — conta Maria
Ângela.
Segundo
a especialista, o problema é descoberto na maior parte das vezes quando o
processo de alfabetização se inicia. O tratamento objetiva a aprendizagem do
disléxico frente às dificuldades que encontrará, de modo que consiga lidar com
elas.
—
Quando os pais perceberem algum sinal ou sintoma nos filhos, devem conversar
com a coordenadora da escola em que a criança está frequentando, que deverá
encaminhá-la para uma avaliação. Se confirmada a dislexia, a intervenção deverá
ser realizada o mais rápido possível — explica Rafael Pereira.
Fonte:
ANDI