A ideia de
morrer e de deixar sozinho o filho Martim, um menino autista de 12 anos,
consumia Manuela Paçó. Sem familiares próximos – à exceção do marido e do irmão
–, a professora, que vivia em Vinhais, temia pelo futuro da criança. O medo
crescente terá estado na origem da loucura cometida por Manuela, de 47 anos, na
tarde de sábado. Atirou o filho do 4º andar do hotel Ibis, em Bragança, e
lançou-se também.
"O medo do futuro é o drama de todos os pais que têm filhos com
necessidades especiais. A Manuela tinha esses receios também, tanto mais que há
três anos teve um cancro no peito. Apesar de ter superado a doença, o receio
continuava lá", contou ao CM um familiar.
A carta que Manuela deixou no hotel ao marido, Eurico Gonçalves, confirma os
seus medos. Na missiva, a professora pede desculpa ao homem por provocar a
perda dos dois amores da sua vida, e explica que não quis deixar o filho
sozinho. Eurico Gonçalves – presidente da Assembleia Municipal de Vinhais e
subdiretor do Agrupamento de Escolas da vila – refugiou-se em casa de
familiares logo após a tragédia. Não compreende o ato da mulher e recusa-se a
aceitar a morte do filho. Também os amigos da professora estão em choque.
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