São
recebidas cerca de 10 chamadas por dia. Em 2014, para além de casos de
violência, negligência, 64% dos pedidos de apoio vieram de "meninos,
meninas e jovens que queriam falar com alguém". "As crianças e os
jovens, por vezes, vivem numa solidão acompanhada. Estão pessoas perto deles,
mas não têm confiança, não têm à vontade para falar com essas pessoas e ligam
para o serviço SOS-Criança", refere Manuel Coutinho, responsável pela
Linha SOS – Criança.
Na
verdade, por estranho que pareça, existem muitíssimas crianças e jovens que
estando à beira de adultos passam completamente despercebidas, são as que eu
chamo de crianças ou jovens transparentes. Olhamos para elas, através delas,
como se não existissem, estão à vista mas muitas delas sentem-se sós,
abandonadas.
Algumas
delas não possuem ferramentas interiores para lidar com tal solidão ou abandono
e desaparecem, mantendo-se à nossa vista, no primeiro buraco que a vida lhes
proporcionar, um ecrã, outros companheiros tão abandonados quanto eles, o
consumo de algo que lhes faça companhia ou adrenalina de quem nada tem para
perder.
Em
muitas destas situações, ninguém dá por falta destas crianças ou adolescentes e
também ninguém as procura.
Por vezes, perdem-se de vez.
Importa por isso que a
comunidade esteja atenta, mais atenta, e possa identificar situações desta
natureza.
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