segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Faltam docentes, faltam técnicos, faltam auxiliares.


Num agrupamento escolar de Braga, o sucesso com as crianças com autismo é conseguido à custa da “ginástica” de professores, auxiliares e técnicos durante todo o ano lectivo.

Ao agrupamento escolar de Gualtar, em Braga, as crianças chegam de Terras de Bouro, outros da Póvoa de Lanhoso e de Vila Verde. Têm necessidades educativas especiais, mas só encontram resposta a mais de meia hora de casa e durante 30 minutos.
“Este ano, vimos tempos atribuídos de 30 minutos. Estamos a gastar dinheiro, ocupar recursos e a não ver respostas”, afirma Ângela Leite, coordenadora da educação especial do agrupamento.
“É impossível um técnico dar resposta com meia hora por semana”, garante, considerando que o ano lectivo até não arrancou mal, não fosse o “corte gritante” quer no apoio psicológico quer no terapêutico.
Por seu lado, os 16 professores para os 120 alunos com necessidades especiais têm de se desdobrar, porque “não chegam”.
“Penso que mais dois professores faziam a diferença. Ao nível de auxiliares, neste momento, estamos sem os recursos necessários. Precisávamos de mais alguém”, adianta Ângela Gonçalves.
Para ter 30 minutos de apoio, perto de uma dezena de alunos desloca-se de táxi. “De facto, os quilómetros fazem-se. Temos meninos a levantarem-se muito cedo para virem para a escola. Se reorganizássemos de outra forma não haveria necessidade de colocarmos as crianças a fazerem tantos quilómetros”, afirma Ângela Leite, para quem é tudo uma questão de reorganização do Ministério da Educação.
Na terça-feira, a presidente da Associação Portuguesa de Deficientes lamentava na Renascença a confirmação do cenário previsto há um mês.
“As indicações que tínhamos relativamente ao aumento do número de alunos e à manutenção do número de professores não serviram para colmatar as dificuldades que se verificam nas escolas. A nossa situação continua a ser bastante grave”, disse Ana Sezudo.
“O tempo de apoio para estes alunos diminuiu drasticamente e chegamos a ter alunos com apenas meia hora de apoio semanal, o que nos parece insuficiente”, adia.

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