Num agrupamento escolar de Braga, o sucesso
com as crianças com autismo é conseguido à custa da “ginástica” de professores,
auxiliares e técnicos durante todo o ano lectivo.
Ao agrupamento escolar
de Gualtar, em Braga, as crianças chegam de Terras de Bouro, outros da Póvoa de
Lanhoso e de Vila Verde. Têm necessidades educativas especiais, mas só
encontram resposta a mais de meia hora de casa e durante 30 minutos.
“Este ano, vimos tempos
atribuídos de 30 minutos. Estamos a gastar dinheiro, ocupar recursos e a não
ver respostas”, afirma Ângela Leite, coordenadora da educação especial do
agrupamento.
“É impossível um técnico
dar resposta com meia hora por semana”, garante, considerando que o ano lectivo
até não arrancou mal, não fosse o “corte gritante” quer no apoio psicológico
quer no terapêutico.
Por seu lado, os 16
professores para os 120 alunos com necessidades especiais têm de se desdobrar,
porque “não chegam”.
“Penso que mais dois
professores faziam a diferença. Ao nível de auxiliares, neste momento, estamos
sem os recursos necessários. Precisávamos de mais alguém”, adianta Ângela
Gonçalves.
Para ter 30 minutos de
apoio, perto de uma dezena de alunos desloca-se de táxi. “De facto, os
quilómetros fazem-se. Temos meninos a levantarem-se muito cedo para virem para
a escola. Se reorganizássemos de outra forma não haveria necessidade de
colocarmos as crianças a fazerem tantos quilómetros”, afirma Ângela Leite, para
quem é tudo uma questão de reorganização do Ministério da Educação.
Na terça-feira, a
presidente da Associação Portuguesa de Deficientes lamentava na Renascença a
confirmação do cenário previsto há um mês.
“As indicações que
tínhamos relativamente ao aumento do número de alunos e à manutenção do número
de professores não serviram para colmatar as dificuldades que se
verificam nas escolas. A nossa situação continua a ser bastante grave”, disse
Ana Sezudo.
“O tempo de apoio para estes alunos diminuiu
drasticamente e chegamos a ter alunos com apenas meia hora de apoio semanal, o
que nos parece insuficiente”, adia.
Sem comentários:
Enviar um comentário