O primeiro pintor de
câmara e corte é também, para muitos, o primeiro dos românticos portugueses.
Domingos Sequeira (1768-1837) teve uma vida atribulada, chegou a entrar num
convento mas a vocação da arte venceu a de noviço.
Tinha
aspirações a ser pintor o jovem Domingos António, nascido em Lisboa numa
familia modesta. E nessa vontade foi protegido e ajudado pelo padrinho, de
quem adotou o apelido Sequeira que o acompanhará até ao fim da vida.
Frequentou
a Aula Régia de Desenho e Figura da Casa Pia de Lisboa e, depois em Roma, com
bolsa real concedida por D.Maria l, fez o mestrado em composição e
pintura e foi aluno de Cavalluci.
Os
italianos gostam do seu trabalho e as encomendas vão surgindo.Para a familia
real portuguesa, por exemplo, pinta em 1794 a “Aparição de Cristo a D. Afonso
Henriques”. Apesar do êxito, em Lisboa os seus quadros valem menos e
Domingos Sequeira não se sente respeitado como o pintor que é. Retira-se para o
convento da Cartuxa de Laveiras onde produz grandiosos quadros religiosos.
Mas a clausura não é longa que o mundo reclama o seu talento: em 1802 o
príncipe regente, futuro D. João VI, nomeia-o primeiro pintor de câmara e
corte. Fica também encarregado de produzir com o seu rival Vieira
Portuense, pinturas decorativas para o Real Palácio da Ajuda, na altura ainda
em construção.
Já
com um trabalho consistente de dimensão europeia, Domingos Sequeira toma
posições contraditórias durante as convulsões políticas do início do século
XIX, que o levam mesmo a ser acusado de traição: ora presta homenagem a
Junot durante as primeiras invasões francesas, ora se deixa fascinar pelo Duque de
Wellington, ora passa a entusiasta do liberalismo. Quando a situação
aquece, Sequeira retira-se para um exílio cauteloso em França.
Até ao
final da sua vida, produz composições fortes nas temáticas religiosas e históricas
em que se reconhecem influências de Rembrandt e Goya. Quadros famosos como
“Repouso da Sacra Família na Fuga para o Egipto” e “A Morte de Camões”
foram premiados com medalha de ouro. Este pintor de Lisboa, que também o
foi de Paris e Roma, foi um dos primeiros a executar litografias em
Portugal.
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Ensino: 3º Ciclo, Ensino
Secundário
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