Soube agora que morreu Manuel António
Pina. Infelizmente não o conheci e infelizmente só há meia dúzia de anos me
caiu um livro seu nas mãos. Gostei tanto que andei à procura de mais poesia
escrita por ele. Se alguma coisa Portugal tem de bom são poetas: Vasco Graça
Moura, Pedro Tamen, José Tolentino Mendonça, António Franco Alexandre, João
Miguel Fernandes Jorge e podia continuar a lista por mais dez ou quinze nomes.
Eu, que sempre quis ser poeta e não tenho talento, invejo-os e admiro-os. O que
mais adoro ler é poesia e dava sei lá o quê para ser capaz de a compor como
esses homens e essas mulheres que me vão direitos ao coração. Manuel António
Pina foi-me direito ao coração: o pulso certo, o modo de administrar as
emoções, a economia, a capacidade de trabalhar apenas com o essencial. Quando
lhe deram o Prémio Camões fiquei todo contente como ficaria todo contente no
caso de ser Vasco Graça Moura a recebê-lo. É curioso: dá-me mais prazer de cada
vez que alguém que admiro ser reconhecido do que me reconhecerem a mim, e isto
não tem a ver com nenhuma qualidade minha: parece-me que deriva do facto de o
que escreveram lhes pertencer antes de me pertencer enquanto aquilo que escrevo
sei lá quem o fez. Quando falei da poesia de Manuel António Pina ao meu amigo
Arnaldo Saraiva ele propôs-se apresentar-nos. Foi há pouco tempo e não houve
ocasião de eu ir ao Porto. E depois sou tímido e fico sempre embaraçado diante
dos artistas que respeito.
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