Os dados que recolheram mostram que 84%
das escolas privadas que estavam no top em 2003 mantiveram-se aí em 2010. Em
relação às públicas só aconteceu com 46%. E no extremo oposto verificou-se
exatamente o contrário, com mais escolas estatais a permanecer na cauda dos
rankings. O que é que esta evolução nos diz?
Em primeiro lugar, é preciso ter
consciência de que a informação dada pelos rankings se baseia apenas nas médias
dos alunos que vão a exame como internos. Não têm em conta informações
relevantes para avaliar a qualidade da escola como a percentagem de estudantes
que vão a exame, dos que passam, características da população de cada
estabelecimento e que condicionam os resultados que é possível obter ou outras
componentes do ensino que são importantes e que não são avaliadas em exame.
Dito isto, o alargamento do fosso entre os lugares no ranking das escolas
privadas e públicas é um sinal de que as primeiras têm mais capacidade de
seguir estratégias que lhes garantam estes bons lugares.
Como por exemplo?
Têm a possibilidade de mexer no corpo docente, de
escolher os alunos que querem e em termos de organização da própria escola têm
mais capacidade de definir os seus recursos e reforçar uma determinada
disciplina, por exemplo. Ainda que a autonomia nas públicas tenha aumentado um
bocadinho, estas têm sempre a limitação dos recursos disponíveis e que é muito
maior do que no sistema privado.
(…)
Como podiam ser melhorados?
Perceber o sucesso dos alunos de cada
escola no ensino superior, o que exige ligar os dois sistemas. Ter mais dados
sobre o ensino profissional e vocacional (os rankings baseiam-se só nos cursos
gerais). Mas já há informações importantes, nomeadamente no portal Infoescolas
do ME. Um dos indicadores que lá está é o resultado do estabelecimento de
ensino em função do seu contexto socioeconómico e que permite ver se está a
produzir resultados melhores do que seria de esperar ou não. Não chega estar
bem classificada no ranking para se poder dizer que é uma boa escola. É preciso
olhar para o que acrescenta nos alunos que recebe.
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