O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e
do Adolescente (Conanda) publicou resolução, nesta sexta-feira, 18, em que
recomenda o fim da prescrição excessiva de medicamentos para crianças e
adolescentes que enfrentam problemas de aprendizagem, comportamento ou
disciplina
A decisão se deu após a análise de pesquisa da Universidade Estadual do
Rio de Janeiro (Uerj), que apontou aumento, no Brasil, de 775% no consumo de
metilfenidato (Ritalina), entre 2003 e 2012. O documento estabelece que os
jovens tenham o direito de acesso a outras alternativas, que não o uso de
medicamento.
O alerta é de que a indicação do metilfenidato pode ser o caminho “mais
fácil”, mas nem sempre o que está em questão é um problema de saúde. “É preciso
ter a análise de uma equipe multidisciplinar para de fato ter um diagnóstico
preciso de que não se trata de um problema social, cultural, de adaptação ou
integração”, afirma o presidente do Conanda, Rodrigo Torres.
Há também uma preocupação com o fato de, com a banalização do remédio,
pessoas saudáveis buscarem se automedicar para, simplesmente, aumentarem o
rendimento em alguma tarefa intelectual, como a produtividade no trabalho ou o
tempo de estudos para um concurso.
O metilfenidato é utilizado no tratamento de crianças e adolescentes
com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). O Instituto de
Medicina Social da Uerj mostra que o País só “perde” para os Estados Unidos,
sendo o segundo mercado mundial no consumo do fármaco – só em 2010, foram 2
milhões de caixas vendidas. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa), em 2013 esse número aumentou para 2,6 milhões.
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