quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Bom ano, senhor Baptistini!

Milão, 31 de dezembro de 1937 – Não se pode dormir com tanta gente lá fora, aos uivos, a festejar o ano novo. Como se fosse possível um ano novo ser melhor do que o velho!
A grande força da vida é mesmo essa: a unidade. Com muita ciência e paciência lá se consegue contar num tronco, pelas camadas lenhosas, os anos da sua duração. Mas o que ninguém consegue ver naquele feixe de horas é a diferença de oscilação do cedro num dia de trovoada e num dia de sol calmo. Como um vento nivelador, o tempo passa por nós sem deixar covas. (…)
É claro que aqui o senhor Baptistini do lado, negociante de botas, para quem o negócio correu mal estes 365 dias passados, bebe champanhe na esperança  de que se lhe tenha acabado o azar hoje e comece a vender muitas botas amanhã. O Senhor Baptistini.
Mas será possível que três ou quatro milhões de pessoas não vão além desse raciocínio rudimentar e utilitário do Senhor Baptistini?!

Miguel Torga (Diário I, Publicações Dom Quixote, 2.ª edição integral, página 59)

Moçambique, meu amor






Nota: "Fungulamaso" (abre o olho, está atento, expressão em ShiNhúnguè por mim agrupada a partir das palavras "fungula" e "maso") é uma coluna semanal do "Savana" sempre com 148 palavras na página 19. A Cris, colega linguista, disse-me que se deve escrever Cinyungwe. Tem razão face ao consenso obtido nas consoantes do tipo "y" ou "w". Porém, o aportuguesamento pode ser obtido tal como grafei.

Read more: http://oficinadesociologia.blogspot.pt/#ixzz3vdzqaXeM

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Saudade é amar um passado que ainda não passou.(Pablo Neruda)

ESTE BLOG DEIXOU SAUDADES

||| ... existirá o dia em que o dia de um país seja celebrado na escola. sem militares. sem forças. nem paradas. nem discursos. nem gente a mais. nem condecorações. só um dia de um país numa escola. em visita. com encontro com o que sabemos. o que desejamos saber. com o que somos e desejamos ser. um dia o dia de um país será futuro. nenhum espaço público encerra mais futuro do que a escola. ninguém se lembra disso. num país que se quer cinzento e estúpido. ninguém quer saber que a escola e o esclarecimento são os lugares que todos devíamos habitar num dia em que se celebra a cultura. ninguém que saber da cultura. é por isso que as escolas, hoje, estão encerradas e as festas estão nas mãos daqueles que julgam ser donos disto e do amanhã. talvez um dia isto mude. talvez...

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

A cegueira do juízo e amor-próprio é muito maior que a cegueira dos olhos.(Padre António Vieira)


Diogo Santos, sete anos, sofre de amaurose congénita de Leber, uma forma hereditária de perda de visão. Um caso raro que acontece à nascença. Perdeu a visão nessa altura.

Nos primeiros cinco anos, frequentou o infantário da cidade, mas desde o ano letivo 2014/2015, altura em que passou para o primeiro ciclo, Mirandela deixou de ter capacidade de resposta, porque não existe uma escola de referência nem foi colocada qualquer professora especializada em Braille.
O Estado criou uma rede de escolas de referência para a inclusão de alunos cegos ou baixa visão. Na região transmontana, só havia duas: ou o Agrupamento de Escolas Abade de Baçal, em Bragança, ou Diogo Cão, em Vila Real, escola sobre a qual recaiu a escolha.
A rotina diária foi completamente alterada. Diogo levanta-se todos os dias às sete horas para, meia hora depois, estar à porta de casa pronto a viajar até Vila Real, onde frequenta a escola, numa turma com mais 25 alunos. São cerca de 60 quilómetros de táxi. "A escola contratou uma empresa para levar o Diogo e outra menina de Cabanelas", conta o pai, Miguel Ângelo.
O regresso acontece cerca das 17.30 horas, com a chegada a casa às 18.15 horas. São 120 quilómetros diários. "Chega sempre muito cansado e temos menos tempo para conviver porque à noite tem de deitar-se cedo para descansar", conta Isabel Pereira, a mãe do Diogo. No entanto, apesar do cansaço, "a sua ambição em aprender ajuda a ultrapassar tudo", conta o pai.
Pai e mãe confessam que os primeiros meses de escola foram muito difíceis, mas agora começam a adaptar-se. "Temos a noção que esta situação pode aguentar-se até ao 12.º ano, mas como ele gosta e toda a comunidade escolar tem sido fantástica, temos de aguentar", dizem.
Foi lá que aprendeu Braille, o alfabeto convencional cujos carateres são indicações por pontos em alto-relevo que Diogo distingue por meio do tato. "Aqui está o mês de outubro de 2016", descreve, com orgulho, num trabalho de casa.
Recentemente, o Agrupamento de Escolas Diogo Cão fez a entrega de diplomas a alguns alunos que ingressaram no quadro de mérito e excelência pelo seu percurso académico. Diogo foi um dos distinguidos. "Não estava a contar, só me disseram no dia anterior", conta.
A família não esconde o orgulho com a distinção. "Não foram muitos os alunos a receberem esse diploma e o facto de ele ter resultados brilhantes, com todas as limitações e o sacrifício que tem diariamente, faz-nos sentir muito orgulhosos", refere o pai.

 JN

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

... más de 1.000 millones a nivel mundial...


La oferta turística reúne condiciones óptimas de accesibilidad para personas con problemas de movilidad reducida
El Gobierno de Cantabria ha puesto en marcha a través del portal oficial de turismo la guía online “Cantabria Accesible”, para poner en valor y promover la oferta turística accesible de la región. Se trata de un instrumento desarrollado por la Consejería de Innovación, Industria, Turismo y Comercio, a través de la empresa pública Cantur, y la consultora especializada en turismo accesible Equalitas Vitae.
En esta guía, “el visitante puede encontrar una variada oferta turística que reúne condiciones óptimas de accesibilidad para personas con problemas de movilidad reducida”. Se ha apostado por crear una guía online “para permitir su actualización de forma permanente, de modo que si algún establecimiento turístico realiza mejoras de accesibilidad pueda aparecer de forma casi inmediata.”
Cualquier recurso turístico accesible, público o privado, puede aparecer de forma gratuita tras pasar la valoración de un equipo especializado. Así, entre los contenidos incluidos, el visitante se encontrará con lugares como la cueva El Soplao, el Parque de la Naturaleza de Cabárceno, Museo Marítimo del Cantábrico o Museo Altamira, entre otros centros y museos culturales adaptados para facilitar la visita a personas con discapacidad.
Asimismo, se relacionan las playas equipadas y acondicionadas en diferentes municipios e instalaciones de ocio y deportivas, como la estación de esquí Alto Campoo, el estadio de El Sardinero o el centro de surf de Somo.
Vías verdes, parques naturales como el Ecoparque de Trasmiera, el Palacio de la Magdalena, Escenario Santander y alojamientos y restaurantes completan la oferta incluida en la guía.
En España hay más de 3,5 millones de personas con alguna discapacidad, más de 38 millones de personas en Europa y más de 1.000 millones a nivel mundial, cifras que pueden verse multiplicadas porque las personas con discapacidad suelen viajar acompañadas.

Fuente: El Diario

domingo, 27 de dezembro de 2015

Canção de domingo

Canção de domingo

Que dança que não se dança?
Que trança que não se destrança?
O grito que voou mais alto
Foi um grito de criança.


Que canto que não se canta
Que reza que não se diz?
Quem ganhou maior esmola
Foi o Mendigo aprendiz.


O Céu estava na rua?
A rua estava no céu?
Mas o olhar mais azul

Foi só ela quem me deu!

Mario Quintana in: Canções


Clique para ver o vídeo

sábado, 26 de dezembro de 2015

Sim, é autista! E depois?

Aos dois anos de idade, o jovem americano Jacob Barnett foi diagnosticado com autismo, e o prognóstico era ruim: especialistas diziam a sua mãe que ele provavelmente não conseguiria aprender a ler ou sequer a amarrar seus sapatos.
Mas Jacob acabou indo muito além. Aos 17 anos, o adolescente é Mais jovem Pesquisador de Astrofísica

do mundo.
Jacob começou a desenvolver teorias sobre astrofísica aos 9 anos. No livro The Spark (no Brasil Brilhante), a mãe narra a história de Jacob, ela conta que buscou aconselhamento de um famoso astrofísico do Instituto de Estudos Avançados de Princeton, que disse a ela que as teorias do filho eram não apenas originais como também poderiam colocá-lo na fila por um prêmio Nobel.
Dois anos depois, quando Jacob estava com 11 anos, ele entrou na universidade, onde faz pesquisas avançadas em física quântica.
Questionada pela BBC que conselhos daria a pais de crianças autistas – considerando que nem todas serão especialistas em física quântica -, Kristine diz acreditar que “toda criança tem algum dom especial, a despeito de suas diferenças”.
“No caso de Jacob, precisamos encontrar isso e nos sintonizar nisso. (O que sugiro) é cercar as crianças de coisas que elas gostem, seja isso artes ou música, por exemplo.”

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Como leitor, o que eu gosto é de ler e dizer, bolas, é exactamente isto que eu sinto e não era capaz de exprimir. (Lobo Antunes)

Publicado em  por Pedro Norton
O Hop­per a adi­vi­nhar a sede do Tiago
Três dias antes de mor­rer o Tiago ten­tou ligar-me. Os médi­cos tinham lhe expli­cado que iam adormecê-lo e ele per­ce­beu, com aquela cer­teza serena com que foi per­ce­bendo tudo, que não vol­ta­ria a acor­dar. Eu tinha o tele­mó­vel des­li­gado. Estava numa qual­quer reu­nião ridi­cu­la­mente impor­tante (a vida está cheia de reu­niões de uma impor­tân­cia ridí­cula). E nunca recebi a chamada.
O Tiago não falou para se des­pe­dir. Nem muito menos tele­fo­nou para se quei­xar. De resto o Tiago rara­mente tinha tempo para pen­sar em si pró­prio. A voca­ção para anjo da guarda dá muito tra­ba­lho. O Tiago falou para me sos­se­gar. Para me dizer que não me pre­o­cu­passe. Que não have­ria de ser nada.
O Tiago ligou para me falar do Rapaz de Veludo. O mesmo que tínha­mos conhe­cido jun­tos e em voz alta, numa das mui­tas tar­des gela­das desse Inverno de hos­pi­tal em que nos aque­cía­mos com as nos­sas lei­tu­ras pre­fe­ri­das. O mesmo com que nos tínha­mos rido a bom rir do espanto dos ciclós­to­mos quando se lhes falava da «cons­tru­ção de lam­preias de ovos pelas pas­te­la­rias da baixa». O mesmo com que nos tínha­mos rido da «sno­beira» dos cher­nes que não pre­ci­sa­vam de molho branco, que des­pre­za­vam as pes­ca­das e se ati­ra­vam às garou­pas «para apa­nha­rem lin­gua­dos». O mesmo com que, jun­tos, tínha­mos cho­rado a eterna hori­zon­ta­li­dade dos mor­tos peque­nos «arre­ba­ta­dos de praias pelo des­cuido de cri­a­das paro­las». O tal com que tínha­mos assis­tido, em silên­cio, à pas­sa­gem de «cava­lei­ros anda­lu­zes sem cava­los com rédeas de poder e tan­ge­ri­nas de malabaristas».
O Tiago ligou para me dizer que, tal como no sonho da Mãe e no conto do poeta, tinha che­gado a sua hora de entrar pelo mar den­tro. Ou tal­vez tivesse pre­fe­rido dizer «pelo orva­lho den­tro». Seja como for, ligou para me garan­tir que nos vol­ta­ría­mos a encon­trar. Ligou para me lem­brar que isto de viver no fundo do mar dá uma sede dos diabos.
E é essa sede angus­ti­ada do meu Rapaz de Veludo que me deixa, tam­bém a mim, com a serena cer­teza de que um dia des­tes, ao des­cer a Rua do Ouro, hei de entrar «numa daque­las lojas que são misto de café, lei­ta­ria e casa de pasto», hei de pedir uma cer­veja bem fresca que me saberá «pela alma» e hei de dar com o Tiago «sen­tado a um canto a tomar um copo de água gelada».

(*) Este texto, publiquei-o na Visão, há cerca de 14 anos. Tan­tos quan­tos os anos em que o Tiago se foi fazendo em mim. Resolvi republicá-lo. Por ele, por mim, por todos os que com ele entre­tanto se sen­ta­ram (e foram tan­tos), por todos os que com ele se sen­ta­rão, mas sobre­tudo por todos os que, vendo-os ir, ganha­rão, estou disso seguro, aos pou­cos, a cer­teza serena de encon­trar as suas par­ti­cu­la­rís­si­mas casas de pasto ao des­cer a Rua do Ouro.


quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Arranjaram-se novos pés

Irmãos sem pés já podem jogar futebol

Rapazes de sete e onze anos sofrem da Síndrome de Adams Oliver, uma doença hereditária que cria deformações nos membros

 

Os irmãos Kian e Callum Jarram, de Syston, em Leicestershire, no Reino Unido, receberam uma prenda de Natal antecipada. No dia 21, estes dois irmãos foram experimentar as suas próteses para os pés e agora já podem jogar futebol. 

Kian e Callum sofrem de uma síndrome rara, a Síndrome de Adams Oliver. A doença é hereditária com efeitos principalmente a nível dos membros. Os rapazes têm os pés deformados, sem dedos e pequenos, tal como o pai. 

Mas, a vida dos meninos não vai “correr” da mesma forma que a do pai. Graças a uma angariação de fundos, foi possível juntar mais de dez mil euros, de modo a pagar as próteses de silicone para os irmãos, já que o serviço nacional de saúde britânico não comparticipa próteses nestes casos, segundo a agência Cater News. 

Jon Jarram disse à agência noticiosa que “este foi o melhor presente que os filhos podiam receber”. As próteses vão permitir aos rapazes usar calçado normal, jogar à bola.

“Os pés novos vão trazer uma mudança na vida dos rapazes e tudo será mais fácil para eles no próximo ano”.


O pai acrescentou ainda que as próteses também vão evitar que os filhos sejam alvo de discriminação e bullying, numa altura em que se aproxima a passagem do rapaz mais velho para uma escola secundária. 

Segundo as estatísticas conhecidas e consultadas pela agência, são conhecidos apenas 125 casos da Síndrome de Adams Oliver em todo o mundo. Nesta família estão presentes logo três, pai e dois filhos, os únicos também conhecidos no Reino Unido. 

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Ouça um bom conselho Que eu lhe dou de graça (Chico Buarque)

O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) publicou resolução, nesta sexta-feira, 18, em que recomenda o fim da prescrição excessiva de medicamentos para crianças e adolescentes que enfrentam problemas de aprendizagem, comportamento ou disciplina
A decisão se deu após a análise de pesquisa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), que apontou aumento, no Brasil, de 775% no consumo de metilfenidato (Ritalina), entre 2003 e 2012. O documento estabelece que os jovens tenham o direito de acesso a outras alternativas, que não o uso de medicamento.

O alerta é de que a indicação do metilfenidato pode ser o caminho “mais fácil”, mas nem sempre o que está em questão é um problema de saúde. “É preciso ter a análise de uma equipe multidisciplinar para de fato ter um diagnóstico preciso de que não se trata de um problema social, cultural, de adaptação ou integração”, afirma o presidente do Conanda, Rodrigo Torres.

Há também uma preocupação com o fato de, com a banalização do remédio, pessoas saudáveis buscarem se automedicar para, simplesmente, aumentarem o rendimento em alguma tarefa intelectual, como a produtividade no trabalho ou o tempo de estudos para um concurso.

O metilfenidato é utilizado no tratamento de crianças e adolescentes com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). O Instituto de Medicina Social da Uerj mostra que o País só “perde” para os Estados Unidos, sendo o segundo mercado mundial no consumo do fármaco – só em 2010, foram 2 milhões de caixas vendidas. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 2013 esse número aumentou para 2,6 milhões.


terça-feira, 22 de dezembro de 2015

EPILEPSIA - “epi” = em cima + “lepsem” = abater, que significa fulminar, abater com surpresa, ser atacado

A Epilepsia Para Além dasCrises

Por Ricardo Lopes
A epilepsia é uma das mais frequentes doenças neurológicas com especial incidência nas crianças/jovens e idosos. Calcula-se que uma em cada 100 crianças tenha ou venha a desenvolver esta perturbação e, em Portugal, surjam cerca de 4000 novos casos por ano.
(…)
Estas podem estar directamente relacionadas com a doença. Por exemplo, podem surgir perturbações cognitivas temporárias relacionadas com as crises epiléticas, como também o desempenho cognitivo das crianças e jovens portadores de epilepsia pode encontrar-se afectado a longo prazo. São diversos os factores que fazem variar o desempenho cognitivo, como a idade de início, o tipo de crises, a medicação e o ambiente familiar. De uma forma geral, podem destacar-se défices ao nível da linguagem, da memória verbal, não verbal e memória de trabalho, da atenção, das funções executivas (principalmente inibição, flexibilidade cognitiva e tomada de decisão) e redução na velocidade psicomotora.
Outras serão resultado da forma como se vive com a doença. A epilepsia está associada a um elevado estigma social. O portador de epilepsia torna-se mais dependente, pode ser alvo de superprotecção e encontrar mais restrições. Encontra também maiores dificuldades ao nível das relações entre pares e, no caso dos adolescentes, nas relações amorosas. Também menores níveis de auto-estima e auto-confiança, surgindo sentimentos como vergonha, expectativas negativas sobre a forma como são vistos e tratados. Não são raros os casos de ansiedade e humor depressivo, no próprio ou na família.
(…)
Do estudo fica presente a necessidade de aumentar o conhecimento dos professores sobre a epilepsia e como agir perante uma crise convulsiva, reforçando a informação e sensibilização não só deste grupo profissional como do público em geral.

Neuropsicólogo no CADIn

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

A essência do conhecimento consiste em aplicá-lo, uma vez possuído.(Confúcio)

(…)
Na sociedade de desenvolvimento, tantas vezes descurando os bem conhecidos preceitos de sustentabilidade, privatizam-se os benefícios da produção e distribui-se pelos cidadãos a subsequente poluição. À desenfreada procura de lucro de uns poucos, tem de opor-se a necessária cultura científica por parte desses mesmos cidadãos. E a Escola tem, forçosamente, que fornecer essa cultura em articulação harmoniosa e inteligente com os saberes de outras disciplinas. Não o molho de definições que (salvo honrosas excepções) tem sido a sua praxis.
Sendo certo que a capacidade de intervenção de cada indivíduo, como elemento consciente da Sociedade, está na razão directa das suas convenientes informação e formação científicas, importa, pois, incrementá-las. E incrementá-las é facultar-lhe correctamente o acesso aos conhecimentos que, constantemente, a ciência nos revela.
António Galopim de Carvalho (Professor catedrático jubilado, departamento de Geologia da Faculdade de Ciências de Lisboa). 
Público de 21/12/2015

Curiosidade é o pavio na vela da aprendizagem.(William Arthur Ward)

Alberto Manguel 
(…)
Fala também de dois tipos de curiosidade: uma "boa" e uma "má".
Voltamos ao tema das etiquetas. O propósito de uma etiqueta é evitar as discussões longas e a complexidade. Se eu lhe responder 'você faz isto porque é mulher', estou a evitar um diálogo muito complexo sobre identidade, sobre formas culturais, sobre sexualidade. Ao colar uma etiqueta, neste caso preconceituosa, arrumo a conversa. Quando a curiosidade se manifesta num meio social, este reage para se defender. Como seres humanos, existimos entre a nossa identidade social e a individual. Cada uma destas identidades tem funções e características distintas. Socialmente temos que obedecer a regras, a leis, e temos de manter uma identidade por meio da censura e do controlo. Como indivíduos, temos de questionar essas regras e essas leis. E perante certo tipo de curiosidade aparentemente perigoso, a sociedade defende-se com rótulos. Quando Pandora quer ver o que está dentro da caixa, a sociedade diz-lhe que é proibido e que a sua curiosidade é má. Porém, sem a curiosidade perante o proibido, Galileu não teria feito as suas descobertas.

A curiosidade teve sempre o seu oposto?
Sim. Era a postura da Igreja Católica face ao conhecimento. É a postura das sociedades atuais face aos que questionam a estrutura económica, conotados de anárquicos ou subversivos - mesmo que este sistema não funcione e tenha entrado em crise uma quantidade de vezes. Então eliminamos a pergunta. Sempre existiu a noção de uma curiosidade má, que muda consoante as épocas. Hoje, transformamo-la numa patologia. À criança que faz perguntas por ser curiosa e para continuar o diálogo rotulamo-la de hiperativa e damos-lhe um comprimido para a acalmar. Nos EUA, 80% das crianças estão medicadas. E em vez de se perguntarem se não haverá algum problema no sistema educativo, acreditam que o problema está na criança. Cada época tem a sua forma de lutar contra a curiosidade e de conotar como 'má' a curiosidade que não convém socialmente.

  (...)
Retirado de uma longa entrevista a Alberto Manguel lida no Expresso online

domingo, 20 de dezembro de 2015

Le cose che fanno la domenica

Le cose che fanno la domenica



Lodore caldo del pane che si cuoce dentro il forno. 
Il canto del gallo nel pollaio. 
Il gorgheggio dei canarini alle finestre. 
L’urto dei secchi contro il pozzo e il cigolìo della puleggia. 
La biancheria distesa nel prato. 
Il sole sulle soglie. 
La tovaglia nuova nella tavola. 
Gli specchi nelle camere. 
I fiori nei bicchieri. 
Il girovago che fa piangere la sua armonica. 
Il grido dello spazzacamino. 
L’elemosina. 
La neve. 
Il canale gelato. 
Il suono delle campane
Le donne vestite di nero. 
Le comunicanti. 
Il suono bianco e nero del pianoforte. 
Le suore bianche bendate come ferite. 
I preti neri. 
I ricoverati grigi. 
L’azzurro del cielo sereno. 
Le passeggiate degli amanti. 
Le passeggiate dei malati. 
Lo stormire degli alberi. 
I gatti bianchi contro i vetri. 
Il prillare delle rosse ventarole. 
Lo sbattere delle finestre e delle porte. 
Le bucce d’oro degli aranci sul selciato. 
I bambini che giuocano nei viali al cerchio. 
Le fontane aperte nei giardini. 
Gli aquiloni librati sulle case. 
I soldati che fanno la manovra azzurra. 
I cavalli che scalpitano sulle pietre. 
Le fanciulle che vendono le viole. 
Il pavone che apre la ruota sopra la scalèa rossa. 
Le colombe che tubano sul tetto. 
I mandorli fioriti nel convento. 
Gli oleandri rosei nei vestibuli. 
Le tendine bianche che si muovono al vento
 (Corrado Govoni)

sábado, 19 de dezembro de 2015

A arte do descanso é uma parte da arte de trabalhar.(John Steinbeck)


1.Hotel Transilvânia


2.Alvin e os Esquilos

3.Meu Malvado Favorito

4.Monstros e Companhia

5.Procurando Nemo

6.Happy Feet

7.Carros

8.Madagascar

9.A Era do Gelo


10.          Valente

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Chega-se a ser grande por aquilo que se lê e não por aquilo que se escreve.(Jorge L. Borges)

Dyslexia Begins Early
 Dyslexic brains are wired differently. Researchers now report finding evidence of these differences in infants as young as six months. In a study conducted at Boston Children’s hospital, researchers used DTI (diffusion tensor) imaging to map the development of brain tracts in infants between the ages of six and seventeen months. They compared the brain images of a group of infants with a family history of dyslexia (FHD) with a matched group of similar infants with no such history of dyslexia. 
The researchers found significant differences in the development of white matter in the left hemisphere among the infants in the FHD group, similar to the structural differences seen among older dyslexic children and adults in other studies.   The researchers also found that the differences in left-brain white matter density could be correlated with development of expressive language skills .
This research provides further evidence that the brain differences associated with dyslexia begin very early in life, and are already established by the time the child begins to learn language.  The findings are consistent with the Davis theory that dyslexic children are picture-thinkers who experience difficulty learning to think with the sounds of language.
Citation:  Nicolas Langer, Barbara Peysakhovich, Jennifer Zuk, Marie Drottar, Danielle D. Sliva, Sara Smith, Bryce L. C. Becker, P. Ellen Grant, and Nadine Gaab. White Matter Alterations in Infants at Risk for Developmental Dyslexia Cerebral  Cortex (first published online December 7, 2015 ) (See Abstract)

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Para uma análise mais profunda

BASES DE DADOS DAS PROVAS FINAIS e EXAMES NACIONAIS/2015

BASES DE DADOS DAS PROVAS FINAIS DOS 1º, 2º E 3º CICLOS DO ENSINO BÁSICO E DOS EXAMES FINAIS NACIONAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO - 2015
Encontram-se disponíveis para consulta na página do JNE: http://dge.mec.pt/estatisticasos dados relativos a 2015:
Bases de dados das Provas Finais e Exames Nacionais  
PFEB 2015  - Base de dados das provas finais dos 1.º e 2º ciclos do ensino básico
ENEB 2015  - Base de dados das provas finais do 3.º ciclo do ensino básico
ENES 2015 - Base de dados dos exames nacionais do ensino secundário

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

A escola é um meio para querermos o que não temos. A vida, depois, ensina-nos a termos aquilo que não queremos. (Mia Couto)

PÚBLICO 
15/12/2015 - 17:27
São 900 estabelecimentos de ensino e cerca de 700 mil alunos, mas a ameaça, considerada "credível", está a afectar a vida de milhões de pessoas.
As autroridades de Los Angeles encerraram todas as escolas da cidade depois de terem recebido um email a avisar que tinham sido deixados pacotes e mochilas contendo bombas em vários dos 900 estabelecimentos escolares. Por precaução, e porque consideraram que a ameça "é credível", todas as escolas foram fechadas e os alunos e pais foram avisados para se manterem afastados dos recintos.
A ameaça, explicou o superintendente das escolas, Ramon C. Cortines, foi feita por via electrónica. "A ameaça não foi feita a uma, duas ou três escolas - foi a muitas escolas, não especificadas ou identificadas", disse Cortines que adiantou que a ameaça dirigia-se a "alunos nas escolas".
Cortines não quis dar mais pormenores sobre a ameaça que está a ser investigada pela polícia de Los Angeles e pela polícia federal, FBI, diz o jornalThe New York Times.
No parque escolar de Los Angeles estudam 700 mil alunos, mas a ameaça e o encerramento dos estabelecimentos perturbou a vida de muitos milhões de pessoas. As escolas vão permanecer fechadas até que a polícia realize buscas em todas elas - não foi adiantado quando essa tarefa poderá estar concluída.
"Precisamos que toda Los Angeles colabore connosco hoje", disse Steve Zimmer, presidente da administração do parque escolar. "Precisamos que os empregadores mostrem a flexibilidade que a situação exige, e pedimos que colaborem, sabendo a maior parte dos vossos funcionários são pais, mães ou avós e têm crianças a seu cargo".
O encerramento das escolas ocorre duas semanas depois do ataque terrorista em San Bernardino, também na Califórnia, em que foram mortas 14 pessoas e feridas 22 por um casal de jihadistas. Nos últimos 15 dias têm havido várias ameaças de bomba neste estado do Oeste dos EUA.
"Temos tido muitas ameaças de bomba, mas esta é rara", disse Cortines, que não quis explicar o que tinha esta ameaça de diferente para ser considerada real e credível.