Natal
Natal... Na província neva Nos lares aconchegados, Um sentimento conserva Os sentimentos passados. Coração oposto ao mundo, Com a família é verdade! Meu pensamento é profundo ´Stou só e sonho saudade E como é branca de graça A paisagem que não sei, Vista de trás da vidraça Do lar que nunca terei! Fernando Pessoa |
Natal de
1971
Natal de
quê? De quem?
Daqueles
que o não têm?
Dos que
não são cristãos?
Ou de quem
traz às costas
As cinzas
de milhões?
Natal de
paz agora
Nesta
terra de sangue?
Natal de
liberdade
Num mundo
de oprimidos?
Natal de
uma justiça
Roubada
sempre a todos?
Natal de
ser-se igual
Em ser-se
concebido,
Em de um
ventre nascer-se,
Em por de
amor sofrer-se,
Em de
morte morrer-se,
E de
ser-se esquecido?
Natal de
caridade,
Quando a
fome ainda mata?
Natal de
qual esperança
Num mundo
todo bombas?
Natal de
honesta fé,
Com gente
que é traição,
Vil ódio,
mesquinhez,
E até
Natal de amor?
Natal de
quê? De quem?
Daqueles
que o não têm?
Ou dos que
olhando ao longe
Sonham de
humana vida
Um mundo
que não há?
Ou dos que
se torturam
E torturados
são
Na crença
de que os homens
Devem
estender-se a mão?
Jorge de
Sena
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terça-feira, 25 de dezembro de 2012
´Stou só e sonho saudade
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