José
Matias Alves
Há
muito tempo já escrevi sobre o insustentável
peso de ser. O insustentável peso de ser professor numa ordem que
desconfia, menoriza, oprime. O peso da sobrerregulamentação, das rotinas
asfixiantes e da inércia que nos esvazia. O peso de um mandato social
claramente excessivo, claramente impossível, de uma arrogância que tudo
prescreve, quase tudo ignora. O peso de uma pobreza de pensamento que se diz ao
serviço da democratização, da competitividade, da meritocracia, da diferenciada
igualdade de oportunidades.
Hoje,
regresso ao tema para o dizer na sua hiperbolização. Porque as escolas são
agora ambientes muito mais agressivos, muito mais exigentes; porque as
identidades profissionais estão agora em ferida e em risco de se despedaçarem;
porque os professores estão cada vez mais entregues a si mesmos numa solidão
ontológica e antológica; porque a autoridade tem maiores dificuldades de se
afirmar e de exercer num quadro geral de desvinculação organizacional e
profissional (não demorará muito tempo a manifestar-se a disforia de viver e de
trabalhar nos megagrupamentos,
aparentemente uma solução que integra, articula e reforça a coesão).
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