terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Primeiro vieram buscar os Comunistas, e eu não disse nada, porque eu não era Comunista. (Martin Niemöller)


O maior grupo de adeptos do campeão russo, Zenit São Petersburgo, pediu ao clube que se abstenha de contratar futebolistas negros ou homossexuais, na sequência da agitação provocada pela aquisição do brasileiro Hulk. “Não somos racistas, mas vemos a ausência de jogadores negros no Zenit como uma tradição importante”, pode ler-se na carta publicada, nesta segunda-feira, na página oficial do grupo Landscrona.
“Isso permite ao Zenit manter a identidade nacional do clube, que é o símbolo de São Petersburgo”, pode ler-se no manifesto, que tem como título Selecção 12 – Tradições e princípios.
O Zenit é o único emblema do principal escalão do futebol russo que nunca teve um futebolista africano na sua equipa. São Petersburgo é conhecida por ser uma cidade com forte influência da extrema-direita nacionalista.
Os adeptos pedem no manifesto que a equipa conte mais com jogadores formados no clube ou jogadores europeus. “Só queremos jogadores de outras nações-irmãs eslavas, como a Ucrânia e a Bielorrússia, assim como dos estados Bálticos e Escandinávia. Temos a mesma mentalidade e partilhamos um contexto histórico e cultural com estas nações”, pode ler-se na carta do grupo Landscrona.
Estes adeptos também expressam a sua oposição à existência de “minorias sexuais” na equipa, e pedem que cada jogador se esforce “a 101 por cento” em cada jogo.
Vários futebolistas negros rejeitaram ofertas significativas do Zenit nos últimos 12 meses, após receberem ameaças de morte dos adeptos do clube, segundo a imprensa russa. Um porta-voz do Zenit disse nesta segunda-feira que o clube não iria comentar a carta dos adeptos.
O ex-avançado do Zenit e da selecção russa Alexander Panov considerou, citado pela imprensa local, que os adeptos não têm o direito de influenciar a política de recrutamento do clube. “Se não temos bons jogadores que cheguem em São Petersburgo, o que há-de o clube fazer?”, perguntou. “Todos os clubes do mundo têm jogadores negros. Se não os há no Zenit – é problema do Zenit. Não creio que os adeptos devam pedir ao clube para contratar ou deixar de contratar certos jogadores. Os adeptos têm o direito de ir ao estádio ou de ficar em casa”, acrescentou.

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