Alunos com a sua história
Os alunos chegam às escolas com uma história de vida e mesmo que nos custe aceitar, apesar de não justificarem tudo, não devemos desvalorizá-las.
Alguns alunos assumem um conjunto de comportamentos e atitudes longe do nível do tolerável. Ao lado da prática do absentismo escolar, sem o alicerce dos valores, recusam aceitar regras mínimas de convivência, afrontam e desrespeitam os professores, os funcionários e os próprios colegas, aliás, temos grande dificuldade em entender não só a facilidade com que recorrem à agressividade bruta, como também o seu estado de desmotivação profunda para tudo ou quase tudo.
A génese destas problemáticas não tem nada a ver com as escolas, vêm de fora para dentro. Talvez por esta razão, de modo inconsciente, olhamos para este grupo de alunos sem nos lembrarmos dos seus contextos pessoais e, como é natural, exigimos deles o mesmo ser, estar e aprender dos outros que assumem atitudes dentro dos parâmetros normais da idade. Porém, quando temos a oportunidade de conhecer, e aceitamos perceber, a história de vida de cada um deles, depois de respirarmos bem fundo, a nossa visão muda de perspetiva e ganha uma nova abrangência.
Muitos destes alunos são personagens de histórias de vida complexas, algumas de um dramatismo comovente, membros de famílias desestruturadas, com carências de habitação condigna e subsistência básica. Alguns nasceram em berços de conflitos, deram os primeiros passos abraçados ao cheiro forte do álcool, das drogas ou sobreviveram em atmosferas de promiscuidade. Foram crescendo em
ambientes de agressões físicas e psicológicas contínuas, sempre agarrados ao
estômago vazio, formando a sua personalidade distantes de um colo afetivo.
São
vidas tenras, mas sofridas, cheias de vivências que privilegiam o vazio de
expetativas, de sonhos e de utopias, onde a escola nunca é assumida como uma
prioridade, embora, paradoxalmente, a procurem como o único porto de abrigo.
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