O filme O Oitavo Dia, de Jaco Van Dormael,
trata da vida frustrada do executivo (Auteil), um homem cuja existência não
parece despertar interesse algum. Desprezado por seus filhos, por sua ex-mulher
e por seus colegas de escritório, o personagem dá uma virada a partir de um
encontro inesperado com George, vivido por Duquenne.
Prémio
George sacode o marasmo e a desesperança da vida do
personagem vivido por Auteil e, assim, os dois viram companheiros de uma
jornada pessoal transformadora e com efeitos diversos em cada um.
Daniel Auteil é um dos atores mais consagrados do
cinema francês, com filmes como A Mulher e o Atirador de Facas e O
Closet. Seu mérito em Cannes nunca foi questionado.
No caso de Duquenne, a própria imprensa internacional
muitas vezes não disfarçou a surpresa de ver uma pessoa com uma condição
genética ser considerada a melhor entre seus colegas de trabalho ditos
“normais”. Não foram poucas as reportagens que trataram do prêmio de Cannes
como um ato sentimental, de piedade.
Quem assistiu ao filme, vê um ator que dança, chora,
ri, incomoda, seduz e, acima de tudo, expõe as emoções de seu personagem.
‘Descoberto’
Pascal foi “descoberto” depois que a mulher do diretor
de cinema Jaco Van Dormael, foi assistir a um espetáculo do grupo de dança
Creahm (Creativité Handicapés Mentaux) do qual o ator participa.
Jaco Van Dormael convidou Pascal Duquenne para
participar do filme Toto Le Hero que ganhou o Camera D’or,
prêmio do Festival de Cannes para o trabalho de estréia de um diretor.
A idéia do filme O Oitavo Dia já
existia mas passou-se um bom tempo até que o diretor tocasse no assunto
novamente como lembra a mãe de Pascal, Hughette Vandeput.
“Em 1984, os Van Dormael foram à nossa casa para pedir
permissão para trabalhar com Pascal. Dissemos que sim, mas quando vimos o
roteiro, ficamos com medo de que fosse meio pesado para ele, mas Pascal quis
fazer o filme”, lembra Hughette Vandeput.
Improviso
Mas nem tudo correu como planejado.
Para começar, Pascal passava as noites decorando as
falas de seu personagem para, não hora da filmagem, dizer o texto que ele tinha
criado para George.
Isso desnorteou a equipe, principalmente o outro
protagonista, Daniel Auteil, mas o diretor Jaco Van Dormael, embarcou na
novidade.
A relação entre Duquenne e Auteil fluiu como a dos
personagens de O Oitavo Dia. No começo, os dois atores se
estranharam muito mas, depois de protagonizarem uma briga de bola de neve, fora
das filmagens, os dois selaram uma forte amizade.
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