Alunos portugueses acham-se mais disciplinados na aula
Diretores consideram que a situação se agravou entre 2003 e 2012.
Diretores consideram que a situação se agravou entre 2003 e 2012.
Os alunos
portugueses queixam-se menos de indisciplina na sala de aula, contrariando os
diretores das escolas que consideram que a situação se agravou entre 2003 e
2012, revela um estudo do Conselho Nacional de Educação (CNE). Este é um dos
resultados de um novo estudo do Projeto aQeduto, uma parceria entre o CNE e a
Fundação Francisco Manuel dos Santos, que comparou os resultados que os alunos
de onze países europeus obtiveram nos exames internacionais PISA em 2003 e em
2012 e a perceção que os estudantes tinham sobre haver barulho e desordem na
sala de aula. As respostas dos alunos indicam uma diminuição de indisciplina na
sala de aula na maior parte dos países analisados: Portugal, Polónia, República
Checa, Irlanda, Luxemburgo e Dinamarca. As exceções são Espanha, onde a
perceção dos alunos se manteve igual, quando comparados os dados de 2003 e
2012, e a Finlândia, França e Holanda onde aparecem agora mais alunos a
queixarem-se de situações de mau comportamento na sala de aula. O documento
revela que, segundo a perceção dos alunos, em 2003, as salas de aula
portuguesas eram as mais confusas, com quase metade dos estudantes (cerca de
47%) a considerarem que existia barulho. Nove anos depois, a percentagem desceu
para cerca de 30%, ficando muito próxima das situações registadas em Espanha,
Luxemburgo, Irlanda e República Checa. Comportamento dos alunos afeta os
resultadores escolares Os investigadores decidiram comparar esta perceção dos
alunos com os resultados escolares e verificaram que nos países onde se
verificou um aumento de indisciplina também houve um agravamento dos resultados
nos testes internacionais de Matemática. "Em Portugal e na Polónia, as
respostas dos alunos indicam uma redução de indisciplina, concomitantemente com
a melhoria dos resultados PISA, entre 2003 e 2012", revela o estudo que
será debatido, na segunda-feira, no 6º Fórum aQeduto sob o tema "Bons
ambientes, bons alunos?". No entanto, ao contrário da perceção dos alunos,
a percentagem de diretores portugueses que considera existir indisciplina aumentou,
passando de 35% em 2003 para 54% em 2012. Para estes diretores, os
comportamentos adotados pelos alunos prejudicam os seus resultados escolares:
as situações de falta de respeito subiram de 15% para 35% e a indisciplina de
35% para cerca de 55%. Apenas a Finlândia registou uma evolução semelhante a
Portugal, já que os diretores de todos outros países reportaram uma diminuição
de mau comportamento. Mas é também nestes dois países que os alunos dizem ter
mais apoio por tarde dos professores, segundo o relatório do Projeto aQeduto:
avaliação, equidade e qualidade em educação. "A maioria dos alunos (65%) é
da opinião de que os professores os ajudam. Portugal e Espanha lideram a
satisfação com a ajuda prestada pelo corpo docente (83% e 85%, respetivamente)",
revela o estudo. Se a perceção dos alunos em relação à ajuda dos docentes é
boa, a dos diretores ainda é melhor: em Portugal nota-se um ligeiro aumento,
apesar de se manter na zona dos 80%.
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