A escritora espanhola tem um novo livro, "O Peso do
Coração", onde recupera a sua personagem favorita, Bruna Husky. Em
entrevista, vai das suas obsessões literárias até à infância.
Foi
em 2011 que a espanhola Rosa Montero publicou Lágrimas na Chuva, um romance policial de
ficção científica protagonizado por Bruna Husky, uma replicante com apenas dez
anos de vida, que vive atormentada pelo pouco tempo que lhe resta, contando-o
obsessivamente. Uma andróide a quem foi dada uma falsa memória, pequenas cenas
que sabe não serem reais, mas que lhe permitem ter uma identidade, uma infância
imaginária. Bruna comoveu os leitores, que se apaixonaram por esta improvável
heroína, exigindo o seu regresso. Os pedidos não eram necessários. Desde que
criou a personagem e o seu mundo – uma Madrid no início do séc. XXII — que Rosa
Montero queria regressar.
O Peso do
Coração acaba de
chegar às livrarias, numa edição da Porto Editora, e é o tão esperado regresso
ao futuro. A Bruna restam agora três anos, dez meses e vinte e um dias de vida.
A morte sempre presente, o amor sempre a escapar, a infância perdida e a falsa
memória. E Madrid continua terrível, o ar poluído, os pobres mantidos à margem,
sempre a tentar trepar os muros que os separam de um mundo onde é possível
respirar. Bruna vê-se agora envolvida numa investigação que a conduz às
multinacionais corruptas, onde apenas o dinheiro conta, e que a leva a Labari,
uma plataforma orbital que vive uma ditadura religiosa. Pelo meio, tenta
reparar a sua relação com Lizard e encontra Gabi, uma menina russa órfã pela
qual se responsabiliza mas com a qual não se consegue relacionar.
A morte, a
memória e a identidade. São as suas obsessões, estão presentes em todos os seus
livros. E na conversa que a autora de A Louca da Casa teve com o Observador.
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