por Raúl Iturra
Podemos continuar com os
ditados que orientam a nossa vida, ou nos oferecem uma esperança no meio do
maior dos desastres que o governo português nos tem oferecido: crises
económicas, falta de dinheiro, restrições alimentares, dificuldades em comprar
fármacos para melhorar a nossa saúde. Não deve ser uma novidade para o povo a
falta de nutrição, especialmente desde a Primeira República, em 1910, até o 25
de Abril de 1974. No entanto, fala-se do bom povo português pela sua capacidade
de sofrimento e de aceitar a vida como tem que ser, pelos falhanços ou de
governação, ou da criação de indústrias transformadores, referidas no meu texto
de 3 de Março de 2011: quem pensa não casa; quem casa não pensa, ditado que
analisara com metodologia semiológica e bastante hermenêutica. Conceito este,
que abre o segredo contido nas palavras ou interpreta o sentido das palavras,
metodologia que, infelizmente é pouco usada. Como seria possível entender Adam
Smith, se não diferenciamos entre inclinação natural ao trabalho e escavar a
terra, também trabalho, mas entregue aos mais desvalidos da nação britânica,
como em todos os países do mundo, especialmente no próximo oriente, com um
Khadafi que organiza uma guerra civil na Líbia para se manter no poder, ou um
Mubarack no Egipto, que saiu calado do poder.
O povo sofre com ou sem
ditador. Porque há um que ninguém refere: o capital, essa forma de trabalho que
subordina os pobres, ao poder dos financistas e proprietários de terra e de
indústrias. Como Champalimaud e Azevedo, ou Heredias e van Udem, os Espírito
Santo, nome conveniente, porque o saber da banca está com eles por inspiração
divina… ou os Costa, família de músicos aprendida desde o avô Luís Costa. A
música e a interpretação dão regalias da qual o povo carece, até edifícios de
música, nomeado em honra da melhor pianista portuguesa, Helena de Sá e Costa, e
a sua irmã, a violoncelista Dona Madalena
É apenas pela hermenêutica
da comparação que podemos entender o ditado que intitula este texto. Esse
Sábado sem sol é o anseio para descansar do operariado, dos duros trabalhos da
semana, se não tiver turno de trabalho no sábado com ou sem sol. Um Sábado com
sol, é uma jóia para quem passa todo o seu tempo entre quatro paredes, a
limpar, estucar, construir e finalizar uma casa. Um sábado com sol é a alegria
da casa. Para a Burguesia e a Pequena Burguesia, conceito cunhados por Kart
Marx ao longo de toda a sua obra, o Sábado é o dia em que se dorme mais, com
toda a semana em frente para andar, como diria o escritor chileno Baldomero
Lillo Figueroa, considerado um mestre do realismo social no seu país (n. Lota,
6 de Janeiro de 1867 - San Bernardo, 10 de Setembro de 1923).
Entre as suas obras
principais encontram-se as colecções de contos Subterra (1904, série de relatos
dramáticos baseados nos mineiros do carvão de Lota) e Subsole (1907, contos menos dramáticos,
baseados na vida rural). Tanto, para sábado sem sol.
Quanto a Domingo sem
Missa, é quase uma frase de tempos passados, quando o nosso país vivia sob o
poder da Concordata, e das amizades do Cardeal Cerejeira e da ditadura que
governava o país. A seguir ao 25 de Abril, o país virou ateu, excepto a devoção
de crentes e não crentes ao santuário onde teria aparecido a Nossa Senhora de
Fátima. Bem sabemos que há a metáfora de um profeta, denominado Jesus, que
tinha uma mãe que, além de casta, era polivalente: do Carmo, Fátima, do
Rosário, do Pilar, a Virgem Negra de Monserrate, etc., conforme as
conveniências dos fiéis, como a Nossa Senhora de Knock, na Irlanda, desde 1879,
quando a República estava submetida à Monarquia Britânica, ou de Guadalupe, no
México – é considerada pelos católicos a Padroeira da Cidade do México (1737),
do México (1895), da América Latina (1945) e Imperatriz da América (2000). Sua
origem está na aparição da Virgem Maria a um pobre índio da tribo Nahua, Juan
Diego Cuauhtlatoatzin, em Tepeyac, noroeste da Cidade do México, em 9 de
Dezembro de 1531. Deste facto nasce a frase Anda Diego e conta esta história… O Anda
Diego, é aplicado como mote para os que não trabalham.
Quanto a Segunda sem
preguiça, é uma forma de ser que todo o mundo usa. Porque a seguir
a dois dias de descanso, festas, amores e outras vanidades, tornar a fazer o
que não se deseja causa desalento e a maldição a Adão e Eva está sempre nas
bocas de crentes e não crentes
Este é o meu comentário hermenêutico
e semiológico sobre o ditado português que intitula o texto.
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