Decorria o reinado de D. José I, quando, em 12 de Fevereiro
de 1761, faz hoje precisamente 253 anos, a escravatura foi abolida pelo Marquês
de Pombal na Metrópole e na Índia, embora os primeiros escravos
tenham sido libertados apenas em 1854, os do Estado, e os escravos da piedosa
Igreja tenham tido de esperar até 1856. O processo concluiu-se com a lei de 25
de Fevereiro de 1869, que proclamou definitivamente a abolição da escravatura
em todo o Império Português até ao final de 1878. Portugal ter sido dos primeiros
países a abolir a escravatura não nos enche de orgulho. Ninguém se orgulha do
que já não se quer lembrar. Olhamos para o calendário, vemos feriados dedicados
ao imaginário católico mas nem o 12 nem o 25 de Fevereiro vêm assinalados nessa
qualidade. O que não se recorda cai rapidamente no esquecimento. Se os feriados
ainda servem para que cada povo saiba quem é e de onde vem, factor essencial
para projectar para onde quer caminhar, o dia de hoje devia ser feriado
nacional. A reintrodução crescente de novas formas cada
vez mais sofisticadas de escravatura dos dias que correm justificam-no
hoje mais do que nunca.
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