Percebo que a ideia de responsabilizar os pais pelos
erros dos filhos seja apelativa. Não nego, longe disso, que a demissão dos
pais (ou outros encarregados de educação), sobretudo durante a escolaridade
obrigatória, torna o trabalho das escolas impossível. Não desprezo a
importância da disciplina num espaço cheio de crianças e adolescentes para
todos nos sentirmos minimamente seguros e para que a escola cumpra a sua
função. Muito menos contesto a importância que se dá ao envolvimento dos pais.
Acredito que isso depende mais do ambiente que se cria na escola e do tipo
de proximidade que se consegue ter com os pais do que de mil e um regulamentos
que satisfaçam a opinião pública e aliviem pais e professores. E sei duas coisas:
que em famílias desestruturadas, de onde veem alguns dos alunos mais
complicados em matéria disciplinar, esta medida ou será inútil (porque
inaplicável) ou representará uma desistência da escola (se for aplicada com
rigor). E que em famílias com mais desafogo financeiro a medida terá muito
menos impacto do que nas restantes.
A mensagem que se passa aos alunos é esta: podes
comprar as regras e no fim elas apenas são importantes para os pobres. Penalizações
financeiras, na escola pública, são a negação de todos os valores que esta
escola deve transmitir. Perante a mesma violação disciplinar, os
desafogados têm um transtorno, os remediados um problema e os pobres, que
dependem do apoio social para manter os filhos na escola, o fim dos estudos. Ou
seja, a escola, como a sociedade, será desigualmente exigente.
Sem comentários:
Enviar um comentário