Primeiro fecharam as fábricas,
mas eu não era operário e não me importei. Depois fecharam os estaleiros, mas
eu não era embarcado e não liguei. Seguiu-se o encerramento dos museus, mas eu
não liguei às artes. Fecharam, então, os hospitais da província, mas eu sempre
vivi em Lisboa não me preocupei. Depois decidiram, a seguir, fechar a mais
carismática maternidade, mas eu já tinha nascido, isso não me afetava. Foi,
então, que fecharam as pequenas empresas, mas eu nunca fui empresário e passei
bem assim. Até que, por fim, fecharam os jornais as escolas e foi
então que eu me preocupei, mas já era demasiado tarde.
Vitor Serpa (A Bola, 23-06-2012)
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