Um estudo realizado pelo Centro de Excelência de Hipertensão e
Risco Cardiovascular do Centro Hospitalar do Alto Ave (CHAA) permitiu concluir
que os alunos com idades compreendidas entre os 10 e os 12 anos consomem sal em
excesso.
A investigação iniciou-se em 2010 e envolveu um total de 155 alunos da Escola EB 2,3 Prof. João de Meira, em Guimarães.
A investigação iniciou-se em 2010 e envolveu um total de 155 alunos da Escola EB 2,3 Prof. João de Meira, em Guimarães.
“Não há estudos em Portugal
sobre o consumo de sal em alunos destas idades. Foi um estudo pioneiro na
avaliação de uma intervenção ativa. Toda a comunidade médica sabe que a
diminuição do consumo de sal pode prevenir a hipertensão, que é um dos
principais fatores de risco de doença cardiovascular”, referiu Jorge Cotter,
diretor de Serviço de Medicina Interna e um dos coordenadores do estudo.
O trabalho foi realizado em
parceria com várias entidades: o CHAA, a Escola de Ciências da Saúde e o
Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde da Universidade do Minho
e a Escola João de Meira.
Os principais objetivos foram
avaliar o consumo de sal numa comunidade escolar e estudar a influência que o
trabalho num jardim de aromas pode ter na diminuição do consumo de sal, no
decurso de um ano letivo.
Nove turmas dos 5.º e 6.º anos
de escolaridade foram envolvidas, assim como os professores e os encarregados
de educação. A avaliação incluiu a medição da pressão arterial, o índice de
massa corporal e a determinação da excreção de sódio na urina de 24 horas.
As conclusões foram que o
consumo de sal nos alunos está bem acima do recomendado. Ainda que o trabalho
no jardim de aromas (os alunos participaram ativamente no cultivo de ervas
aromáticas, num espaço da escola, para consumirem em vez do sal) tenha
conduzido a uma diminuição clinicamente significativa na ingestão de sal.
Permitiu ainda perceber que, a
médio prazo, podem conseguir-se ganhos significativos na morbilidade e
mortalidade cardiovascular, como consequência da diminuição da ingestão de sal
na população em geral.
Os resultados deste estudo
foram recentemente apresentados em Londres, no congresso europeu de hipertensão
e risco cardiovascular, e publicados este mês no Journal of Hipertension, uma
das consideradas mais prestigiadas publicações mundiais na área de hipertensão.
Os autores do estudo decidiram
prosseguir a investigação, alargando-a a uma amostra significativamente
superior, incluindo alunos com idades compreendidas entre os 10 e os 15 anos, o
que significa envolver mais de 800 alunos da referida escola.
“Perante as conclusões deste
trabalho inicial, pensamos que se justifica um trabalho em escala maior. A
confirmação destes dados pode levar à revisão de alguns critérios pedagógicos
escolares, onde a aprendizagem sobre as alternativas à ingestão de sal nestas
idades poderão trazer importantes ganhos para a saúde cardiovascular”,
sublinhou Jorge Cotter.
Sem comentários:
Enviar um comentário