Lobo Antunes anuncia novo romance para 2014
Sairá primeiro na Holanda e só depois em Portugal, mas uma coisa é certa: no início do próximo ano há novo romance de António Lobo Antunes. Chama-se Caminha como numa Casa em Chamas e passa-se num prédio onde os moradores, narradores solitários de si mesmos, são incapazes de compreender e de ser compreendidos. O anúncio foi feito ontem à tarde no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, perante uma sala cheia de leitores apaixonados.
Porquê na Holanda? "Porque na Holanda há bicicletas de longos cabelos louros e luminosos a cruzarem as ruas", explicou o escritor, ainda debilitado por um internamento hospitalar recente antes de afirmar: "Não trocava os meus livros pela minha saúde."
A atriz Maria Rueff tinha 15 anos e o pai internado no hospital Miguel Bombarda, quando a irmã lhe deu a descobrir o livro Memória de Elefante. Numa das visitas ao pai levou o livro, armou-se de coragem e bateu à porta do médico que o tinha escrito. Ele recebeu-a, autografou-lhe o livro e foi o primeiro a grafar-lhe o nome pelo qual viria a tornar-se conhecida: Maria Rueff. A mestre do riso chorou e fez chorar a sala do CCB, onde estavam presentes Eduardo Lourenço, Júlio Pomar, Ana Luísa Amaral, Mário Vieira de Carvalho.
"Amo-o tanto que não sei amá-lo academicamente", foi com esta declaração de intenções que Rueff disse aquilo que muitas pessoas na assistência gostariam de dizer: que encontrou na obra de Lobo Antunes "o sublime que nos salva" antes de recordar o seu primeiro e decisivo encontro com o escritor.
Depois de uma tarde de intervenções de vários académicos, e leitores, António Lobo Antunes agradeceu "a ternura" e disse não conceber o mundo "sem ternura e generosidade". Numa intervenção curta o escritor defendeu que a "literatura não é um prazer", é sim "um alto preço que se paga em saúde, em esperança e em confronto constante com os próprios erros e limitações".
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