quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Libertem o sistema e valorizem os professores

Os exames nacionais são um termómetro indispensável em qualquer sistema de ensino. Na avaliação dos alunos não são apenas estes que são avaliados, mas também os professores, as escolas e o sistema educativo no seu conjunto. Os exames no final do ensino básico e no final do secundário (ficam aqui de lado os exames no final dos 1.º e 2.º ciclos do ensino básico) estão já consolidados entre nós, sendo aceites como uma boa prática, apesar de ainda aparecerem algumas vozes que os criticam, saudosas da menorização que eles sofreram num passado recente. As provas públicas nacionais colocam os alunos em condições de igualdade, permitindo conhecer quem mais progrediu e, com alguma análise, perceber como se poderá melhorar o sistema educativo.


 Porém, se os portugueses estão satisfeitos com a institucionalização dos exames, já não estão contentes com os resultados. Os exames foram este ano de novo razão do nosso descontentamento, por ter havido diminuição de médias na maior parte das disciplinas. No ensino básico, em Português, na 1.ª fase, a média desceu de 54 para 48%, a mais baixa nos últimos nove anos, e em Matemática desceu de 54 para 44%, uma das mais baixas nos últimos seis anos (consideram-se aqui apenas os alunos internos, que frequentaram a escola e tiveram nota para ir a exame, e não os alunos externos, que, embora em menor número, fazem baixar bastante a média). Por seu lado, no ensino secundário, em Português a média desceu de 52 para 48% e em Matemática A desceu de 52 para 49%, nos dois casos a mais baixa nos últimos seis anos. No ensino básico não há exames de Ciências Físico-Químicas e de Ciências Naturais. Mas há-os no secundário e os resultados foram piores do que em Português e Matemática, como aliás tem sido usual. Em 2013 a média do exame de Física e Química A foi de 41%, um valor negativo semelhante ao do ano passado, e a de Biologia e Geologia foi de 42%, também negativo mas neste caso a média mais baixa dos últimos seis anos. Só não há mais chumbos porque as notas internas contrariam de forma gritante as notas externas (que no secundário só contam 30% para a nota final).
(…)

Muito há ainda a fazer para melhorar a nossa educação. A austeridade que estamos a viver não deveria impedir o investimento em experiências inovadoras, ainda que em escala limitada. Mas o Ministério parece andar mais preocupado com os cortes orçamentais do que com a promoção da qualidade. Esta promoção terá de passar não só por uma libertação do sistema, que continua centralizado e monolítico, mas também pela valorização dos professores, em especial aqueles que, em condições difíceis, têm dado o seu melhor.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

"Amo-o tanto que não sei amá-lo academicamente" (Maria Rueff)

Lobo Antunes anuncia novo romance para 2014

Sairá primeiro na Holanda e só depois em Portugal, mas uma coisa é certa: no início do próximo ano há novo romance de António Lobo Antunes. Chama-se Caminha como numa Casa em Chamas e passa-se num prédio onde os moradores, narradores solitários de si mesmos, são incapazes de compreender e de ser compreendidos. O anúncio foi feito ontem à tarde no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, perante uma sala cheia de leitores apaixonados.
Porquê na Holanda? "Porque na Holanda há bicicletas de longos cabelos louros e luminosos a cruzarem as ruas", explicou o escritor, ainda debilitado por um internamento hospitalar recente antes de afirmar: "Não trocava os meus livros pela minha saúde."
A atriz Maria Rueff tinha 15 anos e o pai internado no hospital Miguel Bombarda, quando a irmã lhe deu a descobrir o livro Memória de Elefante. Numa das visitas ao pai levou o livro, armou-se de coragem e bateu à porta do médico que o tinha escrito. Ele recebeu-a, autografou-lhe o livro e foi o primeiro a grafar-lhe o nome pelo qual viria a tornar-se conhecida: Maria Rueff. A mestre do riso chorou e fez chorar a sala do CCB, onde estavam presentes Eduardo Lourenço, Júlio Pomar, Ana Luísa Amaral, Mário Vieira de Carvalho.
"Amo-o tanto que não sei amá-lo academicamente", foi com esta declaração de intenções que Rueff disse aquilo que muitas pessoas na assistência gostariam de dizer: que encontrou na obra de Lobo Antunes "o sublime que nos salva" antes de recordar o seu primeiro e decisivo encontro com o escritor.
Depois de uma tarde de intervenções de vários académicos, e leitores, António Lobo Antunes agradeceu "a ternura" e disse não conceber o mundo "sem ternura e generosidade". Numa intervenção curta o escritor defendeu que a "literatura não é um prazer", é sim "um alto preço que se paga em saúde, em esperança e em confronto constante com os próprios erros e limitações".

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

e sobre Pedagogia disse nada

Os candidatos ao curso do Ensino Superior em Educação Básica vão ser obrigados a fazer exames de Português e de Matemática como provas de ingresso nesta licenciatura. A garantia foi dada hoje pelo ministro da Educação, Nuno Crato.
"Vamos reforçar a vertente científica dos cursos e tornar obrigatórias para a licenciatura de Educação Básica as provas de ingresso das áreas de Português e Matemática", explicou Nuno Crato nas jornadas parlamentares conjuntas do PSD e do CDS que decorrem hoje e amanhã no Parlamento.
O governante, que apresentava as principais linhas inscritas no Orçamento do Estado para 2014 sobre o sector da Educação, frisou que não faz sentido um candidato a professor do 1.º Ciclo estar a ensinar disciplinas onde não conseguiu avaliação positiva.
"Até aqui era possível um professor ensinar Matemática sem ter a disciplina no secundário ou tendo chumbado no 2.º e 3.º ciclo, entrar num curso de vertente de ensino básico e anos mais tarde estar a ensinar estas matérias", justificou.

Nuno Crato reiterou, perante os deputados da maioria que suporta o Governo, que a tutela está orientada em fazer com que os alunos "aprendam mais e melhor. Não basta passar certificados", concluiu.

Coragem é o meu nome do/no meio

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Um francês que sofre de esclerose múltipla tornou-se, neste domingo, a primeira pessoa portadora de deficiência a saltar de paraquedas no Monte Everest, o cume mais alto da Terra, completando com sucesso sua aterrissagem antes de ser levado para o hospital preventivamente.
"Eu me sinto muito feliz. Estou exausto, mas muito feliz", disse Marc Kopp da cama de um hospital em Katmandu, onde os médicos o examinaram em busca de eventuais ferimentos provocados durante o salto.
Com 55 anos, Kopp, que mora em Longwy, a nordeste de Paris, vive há mais de uma década de esclerose múltipla, doença degenerativa do sistema nervoso, que interrompe a comunicação do cérebro com o corpo.
Com os músculos enfraquecidos, lesões surgem no cérebro e na medula espinhal e, em casos mais graves, os pacientes podem perder a capacidade de falar ou caminhar.
No salto duplo, Kopp pulou de um helicóptero que sobrevoava a montanha a 10.000 metros de altitude, acompanhado do amigo, o campeão de skydive Mario Gervasi.
"Espero que minha iniciativa inspire outros que vivem com esta doença. Espero que muitos outros sigam os meus passos", declarou Kopp à AFP.
Ele explicou que os preparativos para o salto foram "muito dolorosos" e provocaram dores em todo o corpo.
Embora costume usar cadeira de rodas para se deslocar, a trilha pela cordilheira do Hilamaia significou para ele passar várias horas por dia no dorso de um cavalo, o que castigou sua espinha, até chegar ao local de onde o helicóptero partiu.
"Houve muitas vezes nos últimos dias em que pensei que não conseguiria realizar meu sonho", afirmou.
Com ajuda de amigos e admiradores, Kopp conseguiu arrecadar 26.000 euros (US$ 35.885) para a viagem.
Após concluir o salto, na manhã deste domingo, ele retornou a Katmandu de helicóptero, onde os médicos o aconselharam a tirar um dia de descanso.
Kopp foi diagnosticado em 2001 com esclerose múltipla progressiva primária, uma forma da doença sem quase nenhum prospecto de remissão.
Ele trabalha como voluntário e gerencia um grupo de apoio para pessoas com a mesma doença.


sábado, 26 de outubro de 2013

Ordem Franciscana

Mais de mil pessoas continuam deslocadas no Japão devido ao tufão"Francisco"


Cerca de 1.300 pessoas continuavam hoje deslocadas no Japão devido à passagem do tufão "Francisco", que tem causado fortes chuvas, enquanto se mantém o alerta para eventuais inundações e deslizamentos de terras em todo o país.
Papa expulsa "bispo do luxo"
O Papa Francisco expulsou o bispo de Limburg (sudoeste da Alemanha), Franz-Peter Tebartz-van Elst, da sua diocese. A expulsão deveu-se ao facto de o membro da Igreja católica, conhecido por levar um estilo de vida luxuoso, gastar cerca de 31 milhões de euros na construção da sua casa, avança o Vaticano, esta quarta-feira, citado pela agência Reuters.

"O mundo só poderá ser salvo, caso o possa ser, pelos insubmissos." (André Gide)

O Grupo Dançando com a Diferença nasceu de uma iniciativa mais ampla chamada Projeto Dançando com a Diferença, desenvolvida de Setembro de 2001 a Junho de 2007 na DREER – Direção Regional de Educação Especial e Reabilitação.
Desde então, esta iniciativa da responsabilidade de Henrique Amoedo, desenvolve-se através da Associação dos Amigos da Arte Inclusiva – Dançando com a Diferença.
A inovação e a ousadia, entre tantas outras, são características da Arte Contemporânea e consequentemente, estão presentes neste trabalho. Não de forma gratuita e inconsequente, mas sim com uma postura de que só poderemos contribuir para a modificação da imagem social das pessoas com deficiência se soubermos aliá-las e apresentá-las para o público, de forma a confrontá-lo com esta realidade.
Estas mesmas características foram capazes de abrir as portas para que diferentes protocolos de colaboração fossem estabelecidos entre nós e outras instituições. Destacam-se o protocolo de residência no Centro das Artes Casa das Mudas estabelecido com a Sociedade de Desenvolvimento Ponta do Oeste e a criação de grupos de dança para a população menos jovem, num protocolo estabelecido com a Câmara Municipal do Funchal e ainda a colaboração com a Secretaria Regional de Educação / Direção Regional dos Assuntos Culturais / Direção Regional de Educação Especial e Reabilitação, na manutenção e desenvolvimento das atividades de Dança Inclusiva na Região Autónoma da Madeira.
Este amplo projeto com ações educacionais, de apoio terapêutico e, principalmente artísticas atende diretamente cem pessoas, entre crianças, jovens, adultos e menos jovens e pretendemos que continue a crescer ampliando a sua participação e competitividade no “mercado da dança” pois, de bailarinos se trata, que dançam com o corpo e não “apesar do corpo”.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

"Nunca ninguém conseguirá ir ao fundo de um riso de criança." (Victor Hugo)

Foto vista aqui
A Direção-Geral da Saúde (DGS) recomenda que as crianças com menos de sete anos que frequentem o jardim-de-infância passem ser submetidas semestralmente a tratamentos com verniz de flúor, substância que serve para evitar cáries.
De acordo com a orientação publicada no site da DGS, atendendo aos "benefícios comprovados do flúor tópico na prevenção da cárie" e à sua facilidade de aplicação, as crianças que andam no jardim-de-infância devem passar a receber verniz de flúor, no âmbito do Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral.

A autoridade de saúde avisa ainda os profissionais que devem obter a autorização expressa dos pais para a aplicação do verniz de flúor, enviando aos encarregados de educação um folheto informativo sobre o assunto.

"Comparar não é, para um ignorante, senão um meio cómodo de se eximir de julgar." (Johann Goethe)

O Seminário Internacional "Educação e inclusão: perspetivas comparadas (Portugal / Brasil)" decorre no dia 4 de novembro, no Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, e realiza-se no âmbito do convénio entre a Universidade de Lisboa e a Universidade Federal do Espírito Santo e a propósito da vinda a Portugal de uma missão da UFES, que inclui professores e estudantes de pós-graduação. Tendo em conta a composição e os interesses da missão, o tema “Educação e inclusão” será abordado a partir de várias perspetivas, articulando dimensões como a psicológica, a pedagógica, a política, a sociológica, a histórica e a cultural, entre outras, e enfatizando, num segundo momento, a problemática da Educação Especial.

Entrada livre, mas sujeita a inscrição prévia e limitada à lotação da sala 

Para mais informações, designadamente do programa, aqui.


quarta-feira, 23 de outubro de 2013

"Quando o meu amigo está infeliz, vou ao seu encontro; quando está feliz, espero por ele." (Henri Amiel)

Clique para ver o vídeo
Comercial da cerveja Guinness enfoca uma mensagem de inclusão e só coloca seu produto no fechamento do vídeo
Comerciais de cerveja não costumam sair da cartilha previsível de gente jovem, mulheres bonitas ou homens barbudos em grupos barulhentos. Mas um tocante vídeo da marca de cervejas irlandesa Guinness trouxe um pouco de frescor para esse cenário.
O filme começa com um jogo de basquete entre amigos, determinados, competitivos e ruidosos. Mas o time que surge na tela não é o que parece – e a lição principal, sobre amizade, traz um final surpreendente. A campanha faz parte do conceito “Made of more”, novo slogan mundial da marca.
O vídeo, assinado pela BBDO Nova York, ultrapassa as 6,9 milhões de visualizações no YouTube.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

A palavra fere mais que mil punhais , o tom, mais que a palavra! ( Goethe )

Docentes são os mais atingidos pelos cortes


Nos cofres do Estado deverá entrar uma poupança anual de mais 400 milhões com as reduções salariais dos professores.
O maior grupo profissional do Estado, com 137 mil funcionários públicos e uma média salarial de 1957 euros, vai ser atingido em cheio no próximo ano.
Tendo em conta as reduções salariais anunciadas esta semana pelo Governo, os professores deverão contribuir com mais de 400 milhões de euros na poupança anual esperada para os cofres do Estado.

“São como um cristal as palavras. Algumas, um punhal, um incêndio...” (Eugénio de Andrade)

sábado, 19 de outubro de 2013

É bullying, stôra!

Era mais um dia em escola primária de Manchester (Inglaterra). Lá estava a professora Jordanna Booth com as suas crianças numa sala de aula. Mas aquele acabaria por não ser um dia como qualquer outro.
Um dos alunos de 8 anos virou-se para um colega e disse: “A senhorita Booth é gorda”. Aquilo caiu como uma bomba nos ouvidos da professora, que pesava 114 quilos.
“Fiquei humilhada. Pensei: Estou tão gorda que até as crianças se estão a rir de mim”, contou Jordanna em reportagem do “Daily Mail”.
A professora decidiu reagir e não ser mais motivo de chacota. Ela abriu mão dos salgadinhos e iniciou um programa de emagrecimento. Em 18 meses, Jordanna perdeu mais de 50 quilos, sem recorrer a cirurgia.
Para mudar a silhueta, Jordanna contou com a ajuda do namorado e personal trainer, Sam Bullows.

“Sam dizia que o meu tamanho não importava e eu sabia que ele falava a sério, mas eu ainda me sentia enorme. O comentário da criança fez-me agir”, disse a professora.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

"Todo o gesto é um acto revolucionário." (Fernando Pessoa)



O Método DOLF é um meio ou ferramenta auxiliar na aprendizagem da fala, linguagem, da leitura e da escrita. Usa estratégias multissensoriais, permitindo à criança ver, ouvir, falar, fazer o gesto e escrever. O método DOLF associa um gesto a cada fonema do português, fazendo posteriormente a ligação ao grafema. Este método chama a atenção para os movimentos da boca, para o modo como se articulam ou como se produzem os sons do português. O uso do gesto serve de apoio à memória auditiva, visual e usa uma memória suplementar, a memória motora. É um método flexível que pode ser aplicado conforme o objetivo e mediante cada aluno a partir dos 3, 4 anos de idade. Este método destina-se a crianças com perturbações de fala, perturbações fonológicas, perturbações da linguagem ou com perturbações específicas de leitura e escrita (dislexia, disortografia). Pode igualmente ser usado em crianças sem qualquer tipo de perturbação, tendo por isso uma função preventiva.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

O OUTONO DO NOSSO CONTENTAMENTO


"Toda a avaliação é um produto do que é avaliado pela esfera cognitiva de quem avalia." (Schopenhauer)

No sítio do GAVE, e enquanto não surge a nova imagem do IAVE, é disponibilizada informação relativa ao Projeto Testes Intermédios 2013/2014 e que aqui deixamos:

Os testes intermédios, realizados pela primeira vez no ano letivo de 2005/2006, são instrumentos de avaliação disponibilizados pelo GAVE e têm como principais finalidades permitir a cada professor aferir o desempenho dos seus alunos por referência a padrões de âmbito nacional, ajudar os alunos a uma melhor consciencialização da progressão da sua aprendizagem e, complementarmente, contribuir para a sua progressiva familiarização com instrumentos de avaliação externa.


terça-feira, 15 de outubro de 2013

"Não se pode manter a paz pela força, mas sim pela concórdia." (Einstein)

Mithá Ribeiro. "Estou fisicamente preparado para actuar se um aluno desobedecer"
(...)
Que regras impunha?
As mesmas que a mim mesmo. Chegar a horas, trazer material, estar quieto e calado. Depois, nos primeiros 15 ou 20 minutos de aula sou eu que falo. É a parte da aula autoritária e expositiva. Não admito interrupções. Se permito uma pergunta e respondo, voltarei a ser interrompido e já não saio do mesmo lugar. Os alunos tomam notas, memorizam e tiram dúvidas no fim.
E correu sempre tudo bem?
No início do ano há sempre uns espertos que querem interromper. A minha reacção é dizer "Pegue nas suas coisas e rua!" O maior trunfo do professor é o dom da palavra. Se um docente não impõe silêncio nos primeiros 15 minutos da aula, vai andar 20 anos sem saber construir uma frase pois nunca treinou o direito que tem de falar. O ensino participativo não percebe a importância da palavra. Se imponho 20 minutos - e às vezes 90 - para expor a matéria, ao fim de uns anos já sei seduzir pela palavra - entoar, baixar a voz, contar histórias. Isto é muito exigente. Para expor a matéria durante 20 minutos é preciso estar bem preparado. Para dar uma aula de 90 minutos com os alunos quietos e calados tenho de saber contar muito bem a história. Parte da culpa é também dos professores, que gostam de ser intelectualmente preguiçosos. Hoje nenhum professor é autoritário se não for competente no domínio do conhecimento. Se os alunos percebem que sabemos o que estamos a ensinar, acatam as regras mais radicais que possam imaginar. Chegava a pôr na rua o mesmo chico-esperto todos os dias. Ao fim de um mês, chegava a dizer ao aluno que ele já estava chumbado.
Desistia dele?
Ou quero salvar todos e vou perder todos ou castigo um ou dois e salvo 20 e tal. Já expulsei alunos para sempre da minha sala.
Isso é contra a lei?
Toda a escola sabia, os pais sabiam, mas nunca ninguém contestou. Sabe porquê? Havia silêncio e os alunos aprendiam.
No seu livro "A Pedagogia da Avestruz", admite que teve atitudes radicais.
Tive um aluno que ficava à porta da sala a gozar enquanto os colegas entravam. Um dia em que entrou, agarrei-o com a toda a força e rebentei-lhe a camisa e só não lhe bati? Ficou de tal maneira assustado que nunca mais apareceu nas minhas aulas. Nesse ano tive o meu carro riscado de ponta a ponta. Mas nunca contestei. É o preço a pagar. Mas há outros focos de indisciplina como é o caso do currículo, que promove a instabilidade das regras e não permite ter uma ideia clara do que é uma aula. Um aluno entra numa aula de 45 minutos, sai e entra noutra de 90, a seguir vai almoçar e tem outra de 45. Essa inconstância torna impossível sedimentar na cabeça dos alunos as regras para estar numa aula. Com tantos especialistas em educação é incrível que não se tenha percebido que a ideia estável de aula corresponde à ideia estável de comportamento.
As famílias são empecilhos?
São empecilhos e criaram uma confusão entre o papel do professor e o papel do pai, o papel do aluno com o papel do filho. Isto foi terrível no plano da autoridade. A escola abriu-se à comunidade de tal forma que agora qualquer um se sente com autoridade para dizer o que os professores deviam ensinar. Quando a escola se fechar sobre ela própria, não terá de se justificar o porquê das regras que aplica.

"Não te ressintas se alguém discorda de ti." (Textos Xintoístas)

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Aluno problemático e com dificuldades de relacionamento que descompensou

Alunos, funcionários e professores da Escola Secundária Stuart de Carvalhais viveram, esta segunda-feira, momentos de pânico, quando um estudante esfaqueou duas raparigas, uma funcionária e agrediu outro colega em plena sala de aula. O jovem foi detido pela PSP.
O caso ocorreu cerca das 16.15 horas, na Escola Secundária Stuart de Carvalhais, quando o rapaz, de 16 anos, entrou na sala onde decorria uma aula de Português e, após ter lançado uma tocha de fumo verde, esfaqueou duas colegas e agrediu um outro que tentava detê-lo.
No meio da confusão instalada, esfaqueou ainda uma funcionária no pescoço, vítima que inspira mais cuidados.
De seguida, o aluno fugiu da escola, mas foi intercetado por agentes da PSP nas imediações do estabelecimento e conduzido à esquadra de Massamá.
"O jovem descompensou e começou a esfaquear pessoas. Queria cometer um assassinato em série, como se vê nas televisões", disse fonte da PSP.
Ao JN, uma professora descreveu o aluno como problemático e com dificuldades de relacionamento.



"Uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida." (Sócrates)


Mais informações Aqui

domingo, 13 de outubro de 2013

Um pouco simplista, mas...

Para saber mais, clique
Muitas pessoas com dislexia são capazes de uma forma de pensamento extraordinária e podem ser bem sucedidas assim que aprendam algumas técnicas de superação das suas dificuldades. Estes são alguns dos seus pontos fortes:
  • Persistência
  • Percepção
  • Imaginação fértil
  • Criatividade
  • Ambição
  • Curiosidade
  • Pensar através de imagens em vez de palavras
  • Capacidade de ver as coisas de forma diferente dos outros
  • Complexidade
  • Processamento de pensamento múltiplo
  • Rápida mistura de conceitos
  • Não seguem a multidão


sábado, 12 de outubro de 2013

É agora que o céu nos vai cair em cima?

Capa_Astérix_Pictos_FINAL_1
A LeYa/ASA revelou hoje a capa da nova aventura de Astérix, intitulada Astérix entre os Pictos,  que foi apresentada esta semana em Paris, na presença dos novos autores da série, Jean-Yves Ferri (Argumento) e Didier Conrad (Ilustração). O lançamento mundial ocorrerá a 24 de outubro, incluindo Portugal.

Sobre o novo livro: «Com o título original Astérix chez les Pictes, a 35ª aventura do pequeno gaulês e dos seus companheiros será a primeira da série a levar a assinatura de dois novos autores, Jean-Yves Ferri (Argumento) e Didier Conrad (Ilustração), a dupla à qual Albert Uderzo passou o testemunho. Desta vez, Astérix e Obélix vão ser chamados a demandar o território dos Pictos, esses povos da antiga Escócia conhecidos pelas suas qualidades de temíveis guerreiros e pelos seus múltiplos clãs, cujo nome, dado pelos Romanos, significa literalmente “homens pintados”.

Na melhor tradição das aventuras do mais célebre de todos os Gauleses, Astérix entre os Pictos é, pois, uma viagem épica a um país rico em tradições, durante a qual os nossos heróis irão descobrir um novo povo, cujas diferenças culturais se traduzirão em piadas e trocadilhos memoráveis.»

Sobre os autores

«Jean-Yves Ferri – Argumentista – Em 1996, publica o seu primeiro álbum de BD, Les Fables Autonomes (2 volumes publicados). Continua com as aventuras do seu polícia rural, Aimé Lacapelle, uma figura que haveria de tornar-se mítica no seio da Polícia Montada do Tarn, e de que serão publicados quatro álbums entre 2000 e 2007. Em 1995 conhece, em Paris, o seu futuro co-autor para o desenho: Manu Larcenet. Este encontro leva à criação da célebre série “Le Retour à la Terre”, de que Ferri será o argumentista e que conta já com 7 volumes.

«Didier Conrad – Desenhador – Em 1973 dá os seus primeiros passos no mundo da BD, através de uma “Carte Blanche” publicada no “Journal de Spirou”. Sob o pseudónimo de Pierce, inicia Kid Lucky, série que narra a infância do Lucky Luke de Morris. Em 2011 cria a série Marsu Kids, mais uma série derivada, desta feita a partir das aventuras do divertido Marsupilami, animal mítico inventado por Franquin. Uma obra rica, um traço reconhecível e respeitado, e cores incríveis!»


sexta-feira, 11 de outubro de 2013

"O homem nasceu para lutar e a sua vida é uma eterna batalha." (Thomas Carlyle)

Veja aqui notícia da luta
A escola básica e secundária de Barroselas, Viana do Castelo, vai receber obras urgentes em novembro, para travar as infiltrações de água nas salas que, conforme relataram os alunos, se prolongam desde 2011, anunciou a Câmara Municipal.
A garantia da realização destas obras, que vão custar 79.900 euros, surgiu hoje, após reunião do autarca local, José Maria Costa, com a direção do Agrupamento de Escolas de Barroselas, na Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE), no Porto.

"No final, ficou garantida pelo Ministério da Educação uma primeira fase de intervenção, no valor de 79.900 euros, para obras de emergência num dos blocos escolares e no pavilhão desportivo", explicou a Câmara de Viana do Castelo, em comunicado.

A brincadeira é um jogo, e um jogo pressupõe igualdade."(Honoré de Balzac)

Quer brincar? Deficiência intelectual e a interdição precoce do brincar
Por Lucio Carvalho 

Dizem que brincar é como se fosse a linguagem natural das crianças. A sua forma preferencial de interação com o mundo exterior, ainda não fixado totalmente pela razão e pelo conhecimento. Se isso é mesmo verdade, deveria ser a realidade de todas as crianças, mas muitas delas não têm esse direito ou o têm frustrado (ou mesmo interditado) muito cedo na vida.
Isso pode acontecer por muitas razões diferentes. Contra a sua própria vontade, certamente, na grande maioria das vezes. Quem tem um filho que nasceu com deficiência intelectual, como eu, conhece bem o grau de exigência que recai desde muito cedo sobre crianças assim, muitas vezes impedindo-se que elas aproveitem plenamente o ato de brincar, este que funda o surgimento do ser humano no mundo social e cria as primeiras conexões da pessoa com o mundo ao seu redor.
Ao contrário da maioria das outras crianças, sua brincadeira deverá ser sempre de um tipo proveitoso, milimetricamente planejado de modo a suprir o que aparentemente lhe falta ou está indevidamente atrasado. A preponderante noção de que se está correndo contra o relógio e que se deve aproveitar cada possibilidade de estímulo é um tipo de sequestro que muitos pais fazem tranquilamente com os próprios filhos, muitas vezes amparados e até estimulados “cientificamente”.
Creem estes pais que estão agindo pelo bem de sua prole, mas com a mesma facilidade deixam de perceber que até este “bem” (ou pelo menos seus parâmetros) pode ser apenas uma construção assimilada a partir de vários tipos de discursos, entre pedagógicos, terapêuticos e médicos. É mesmo muito difícil para pais com filhos que têm deficiência intelectual equilibrar estímulo e obrigação, diversão e intervenção. Trata-se de uma corda bamba e, como todas, implica sempre em riscos importantes.
Mesmo que muito se tenha evoluído da década de 1960 para cá, época em que a estimulação precoce teve suas bases lançadas, difunde-se cada vez mais a mentalidade “abilitista” (ableism, em inglês), que diz que a pessoa tem de equiparar-se e minimizar o máximo possível as próprias características de sua deficiência para ter uma vida social em tese mais satisfatória ou, em sua versão mais radical, para ser socialmente mais aceitável.
Por menos que pareça, é uma visão refinada que mira preferencialmente os pontos fracos do sujeito e procura consertá-los a qualquer preço. O refinamento de que falo obviamente não reside nisso, mas na forma pela qual suas ideias subjacentes reproduzem-se no discurso e na prática dos profissionais que se relacionam diretamente com a pessoa, ao ponto de naturalizar-se até mesmo no cotidiano familiar. No modo de viver a vida.
Trata-se de um modo de entender a deficiência, entre outros, mas que ganha repercussão científica e confunde-se a outros modelos de compreensão. Em sua perspectiva, pelo menos em relação à deficiência intelectual, a ideia básica que subjaz às práticas terapêuticas é a de estimular os saltos de desenvolvimento e antecipar capacidades, minimizando-se uma possível expressão dos déficits, além de patologizar e corrigir clinicamente comportamentos. É a intervenção precoce levada ao extremo, radicalmente. Ou então uma tentativa de correr na frente do relógio, como se isso fosse mesmo possível. Para tanto, faz-se necessário viver como um “costureiro”, com um tipo de fita métrica ao pescoço, aferindo-se cada passo da pessoa a cada instante, a despeito inclusive de sua vontade e tendo-se em mente evitar um desajuste social decorrente da deficiência.
Ao mesmo tempo que se repete exaustivamente o direito da criança em desenvolver-se em seu próprio ritmo e tempo, pais e terapeutas apropriam-se cada vez mais do seu tempo biológico na tentativa de equiparação com os demais. Esse é o tipo de investimento emocional que, a priori, desfaz da própria identidade da criança e a coloca numa métrica social absolutamente sem equivalência, na qual a diversidade é apenas aparentemente festejada, mas que é permeada por valores da sociedade ordinária que preponderam, como a competição, a distinção meritocrática e até mesmo o preconceito.
Sim, o preconceito. Embora muitas vezes o termo seja tomado como um caminho de mão única, o preconceito também pode ser um tipo de estatuto social ou uma espécie de pacto. Se você se submete a ele ou mesmo se vale de seus preceitos, lutar contra ele talvez faça pouco ou nenhum sentido. Ou então talvez não se trate de uma luta, mas de um tipo de encenação. A vida social tem muito disso também, como todos já sentiram de um ou outro modo, cada um na sua própria oportunidade.
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Num gesto de rebeldia extrema, meu filho às vezes recusa-se a brincar de jogos pedagógicos.