Os exames nacionais são
um termómetro indispensável em qualquer sistema de ensino. Na avaliação dos
alunos não são apenas estes que são avaliados, mas também os professores, as
escolas e o sistema educativo no seu conjunto. Os exames no final do ensino básico
e no final do secundário (ficam aqui de lado os exames no final dos 1.º e 2.º
ciclos do ensino básico) estão já consolidados entre nós, sendo aceites como
uma boa prática, apesar de ainda aparecerem algumas vozes que os criticam,
saudosas da menorização que eles sofreram num passado recente. As provas
públicas nacionais colocam os alunos em condições de igualdade, permitindo
conhecer quem mais progrediu e, com alguma análise, perceber como se poderá
melhorar o sistema educativo.
Porém, se os
portugueses estão satisfeitos com a institucionalização dos exames, já não
estão contentes com os resultados. Os exames foram este ano de novo razão do
nosso descontentamento, por ter havido diminuição de médias na maior parte das
disciplinas. No ensino básico, em Português, na 1.ª fase, a média desceu de 54
para 48%, a mais baixa nos últimos nove anos, e em Matemática desceu de 54 para
44%, uma das mais baixas nos últimos seis anos (consideram-se aqui apenas os
alunos internos, que frequentaram a escola e tiveram nota para ir a exame, e
não os alunos externos, que, embora em menor número, fazem baixar bastante a
média). Por seu lado, no ensino secundário, em Português a média desceu de 52
para 48% e em Matemática A desceu de 52 para 49%, nos dois casos a mais baixa nos
últimos seis anos. No ensino básico não há exames de Ciências Físico-Químicas e
de Ciências Naturais. Mas há-os no secundário e os resultados foram piores do
que em Português e Matemática, como aliás tem sido usual. Em 2013 a média do
exame de Física e Química A foi de 41%, um valor negativo semelhante ao do ano
passado, e a de Biologia e Geologia foi de 42%, também negativo mas neste caso
a média mais baixa dos últimos seis anos. Só não há mais chumbos porque as
notas internas contrariam de forma gritante as notas externas (que no
secundário só contam 30% para a nota final).
(…)
Muito há ainda a fazer
para melhorar a nossa educação. A austeridade que estamos a viver não deveria
impedir o investimento em experiências inovadoras, ainda que em escala limitada.
Mas o Ministério parece andar mais preocupado com os cortes orçamentais do que
com a promoção da qualidade. Esta promoção terá de passar não só por uma
libertação do sistema, que continua centralizado e monolítico, mas também pela
valorização dos professores, em especial aqueles que, em condições difíceis,
têm dado o seu melhor.