Coimbra, 30 de junho de 1944 – Foi hoje, a propósito de uma
tradução francesa da minha Criação do
Mundo.
- Queria mais naturalidade - dizia
eu - queria a escola do Senhor Botelho vertida na escola dum senhor Martin
qualquer. A cana-da-índia a vergastar, a palmatória a dar-lhe delas, a emenda
dos problemas com lágrimas e puxões de orelhas…Vida, paixão, uma coisa
sanguínea e meridional…
- Ah, mas é que as escolas lá de
fora não são assim! Se um professor ousasse erguer a mão para uma criança de
nove anos, ela chamava-lhe logo a atenção para os direitos do homem.
Miguel Torga, Diário III
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