Paulo Guinote Professor e autor do livro
“A Grande Marcha dos Professores”
(…)
Entre os docentes há uma cultura muito enraizada de
igualdade. Consideramos que temos todos a mesma competência para desempenhar a
profissão, daí que haja dificuldade em aceitar que a avaliação seja feita pelos
pares. Tem de haver um grupo de professores avaliadores, que devem continuar a
dar aulas, mas que devem ter um horário para se formarem e testar o modelo. É
um investimento a médio, longo prazo que nenhum Governo, com um calendário de
três ou quatro anos, aceita. O sistema está contaminado pelo facilitismo e pelo
amiguismo. E há outra questão: com a carreira congelada em oito dos últimos dez
anos, mesmo uma má avaliação não tem consequências. Por isso, o que sentimos é
que é uma inutilidade. Estimula-se a apatia e fomenta-se o desânimo.
(…)
Lamento muito que a minha filha, que está no 7º ano,
tenha turmas com mais alunos do que eu tive, há 35 anos. Os políticos acham que
tudo se resolve na base dos rácios e não percebem que ter uma turma de 30
alunos é um esforço para um professor com 50 ou 60 anos que poucas pessoas são
capazes de calcular. E há professores que têm dez turmas. Ainda assim,
conseguimos progressos nos exames internacionais.
(…)
(Os Sindicatos)Têm um papel essencial, mas dificilmente me sinto representado
por alguém que não exerce a minha profissão há décadas. Gostava de ver à sua
frente pessoas que dessem pelo menos um ano de aulas em cada década. Não sendo
assim, são profissionais do sindicalismo. Não são professores.
(Leia toda a entrevista aqui)
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