A desconfiança e a indefinição de papéis são os principais
obstáculos que corrompem a comunicação
Haverá relação mais perigosa do que aquela que pais e professores têm de
manter para garantir o sucesso escolar dos alunos? Há certamente, mas os
encarregados de educação e os docentes, que se preparam agora para mais um ano
lectivo, podem vir a ter uma tarefa indigesta. Quando se trata de educação, quase
toda a gente está convencida de que é perita no assunto. Pelo menos é isso que
ambas as partes provavelmente pensam da outra parte.
A desconfiança e a dificuldade em estabelecer fronteiras entre o que é
território de um e de outro são os principais obstáculos que corrompem a
comunicação entre escola e família. “A primeira e quase a única barreira a
derrubar é a desconfiança”, avisa Manuel Alves Barbosa, professor e dirigente
da Escola Nacional de Pais, uma associação vocacionada para a formação parental.
Definir limites é, por isso, o primeiro passo para tudo correr bem: “Aos pais
compete acompanhar os filhos e manter a escola informada sobre todos os
problemas que acontecem com eles.”
Aos docentes, por seu turno, além do evidente, que é ensinar, terão de se
esforçar por detectar as dificuldades dos alunos, que passam mais tempo na
escola do que em casa, defende Paula Costa, da Associação de Professores de
Sintra. A ambos, finalmente, exige-se que tenham flexibilidade para ouvir e
aceitar as sugestões de cada um: “A relação entre as duas partes é um vaso
capilar com dois sentidos, para encontrar o melhor caminho para o sucesso
escolar do aluno”, diz Luís Caetano, presidente da Associação de Pais da
Secundária Alves Martins, em Viseu.
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