É preciso conhecer alguns fatos básicos acerca
de Zackary Kimotho.
Primeiro,
Zack, como é mais conhecido, é um nome extremamente incomum no Quénia, o que
conferiu certo grau de curiosidade e respeito a Kimotho.
Segundo,
ele era um promissor veterinário queniano especializado em grandes animais,
perito em diagnosticar pneumonia em ovelhas e tirar a temperatura de camelos,
uma tarefa não muito fácil nem particularmente bela de executar. Porém, tudo
teve um fim prematuro certa tarde nos arredores de Nairóbi, quando seu
automóvel foi roubado e ele levou um tiro no ombro, ficando paraplégico.
Terceiro,
ele está tentando viajar numa cadeira de rodas de Nairóbi à Cidade do Cabo,
África do Sul, uma jornada de quase quatro mil quilómetros, atravessando alguns
dos países mais pobres do mundo, buscando arrecadar US$ 3 milhões para um
tremendamente necessário centro de reabilitação da medula espinal no Quénia.
Cada vez é maior o número de quenianos cujas colunas foram quebradas em
acidentes de micro-ónibus, os quais chegam a matar 20 pessoas por vez, ou são
baleadas durante assaltos e terminam paralisadas, sem que exista no país um
local dedicado à reabilitação da medula espinal.
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