Estudo conclui que filhos de mães pouco escolarizadas tendem a ser obesos
Em Portugal, 21% das crianças têm excesso de peso e 6,5% são obesas.
Dois investigadores do
Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) participaram num
estudo internacional que conclui que os filhos de mães com baixa escolaridade
apresentam um risco maior de terem excesso de peso e obesidade.
De acordo com um
comunicado sobre o estudo enviado pelo ISPUP, no qual participam os
investigadores Henrique Barros e Sofia Correia, da Unidade de Pesquisa de
Epidemiologia daquele instituto, em Portugal registaram-se “percentagens
elevadas e excesso de peso e de obesidade e uma percentagem elevada de mães
pouco escolarizadas”.
Apesar das desigualdades
de género terem sido semelhantes às observadas em outros países europeus, a
diferença absoluta na proporção de excesso de peso entre os extremos de
escolaridade foi “particularmente elevada nas raparigas”, acrescenta.
Portugal apresentou uma
percentagem de 21% de crianças com excesso de peso (resultado parecido com o
observado em Espanha e Reino Unido), variando entre 9% na Holanda e 24% na
Grécia e em Itália, lê-se na nota informativa. Em relação à obesidade, o
estudo mostrou variações entre 1% em França e 6.5% em Portugal.
Para a
investigação Impacto
da Baixa Escolaridade Materna no Excesso de Peso e Obesidade na Primeira
Infância na Europa foram recolhidos dados de 11 estudos
europeus de coorte –
projectos prospectivos em que os participantes são avaliados ao longo do tempo.
Esses estudos, iniciados
em fases “muito precoces”, levaram a num total de 45 413 crianças entre os 4 e
os 7 anos, tendo os dados nacionais sido recolhidos no âmbito do projecto Geração
XXI, coorte que
segue mais de 8500 crianças desde o nascimento (em 2005-2006).
“Independentemente de
outras características, o risco de excesso de peso em crianças de mães pouco
escolarizadas foi cerca 1.6 vezes superior ao daquelas no topo da hierarquia”,
valor que aumentou para 2.6 quando avaliado o risco de obesidade, explicou Sofia
Correia. “Em termos absolutos, verifica-se uma diferença média entre os
extremos de escolaridade na proporção de excesso de peso e de obesidade de
quase 8% e 4%, respectivamente”, acrescentou.
Durante o estudo foram
também observadas diferenças sociais na composição corporal das crianças em
diferentes países europeus, o que pode contribuir para “perpetuar a desvantagem
social” em saúde nos próximos anos, informa ainda o comunicado.
Os autores do estudo
concluem que estes resultados “reforçam a urgência de uma intervenção precoce,
mesmo antes do nascimento, no sentido de alcançar equidade em saúde”.
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