segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

"Nada devia ter um nome por medo que esse nome o transforme." (Virginia Woolf)

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Têm entre 35 e 55 anos e foram formados para responder às necessidades sexuais de pessoas sofrendo de uma deficiência física. Uma tarefa delicada, sobretudo pelo fato de a sexualidade de inválidos ser geralmente rejeitada pela sociedade e alvo de fortes preconceitos. Falar do seu próprio corpo, da sua relação com a intimidade e o sexo não é fácil. Menos ainda se a pessoa é considerada como “diferente”. Portanto, a “sexualidade de deficientes é um direito que deve ser respeitado e protegido com uma sensibilidade extrema”, declara Ahia Zemp. 

A psicoterapeuta é responsável pela Seção Deficiência e Sexualidade (FABS, na sigla em alemão) de Basileia, que foi também a primeira associação na Suíça a propor uma formação especial de assistentes eróticos. “A relação com a sexualidade é uma noção extremamente subjetiva. Da mesma forma que beber ou comer, é uma pulsão natural tida não apenas pelas pessoas válidas”, explica. “Os deficientes físicos são muitas vezes considerados como pessoas assexuadas, sendo que, na realidade, têm os mesmos desejos que os outros e têm os mesmos direitos de concretizar sonhos e viver seus desejos”, acrescenta Zemp.

Sexualidade e deficiência, um tabu duplo

Para responder às necessidades dos novos pacientes, a Associação Sexualidade e Deficiência Pluriels na Suíça francesa (SEHP) acaba de formar seu primeiro grupo de assistentes sexuais diplomados. 

Em breve, os seis homens e quatro mulheres irão acompanhar os vinte profissionais já ativos na Suíça de expressão alemã, quebrando dessa forma um tabu duplo: o da sexualidade e da deficiência física. O projeto começou em 2002, quando a organização de apoio Pro Infirmis elaborava um programa educativo nesse sentido. Na época, a novidade havia tido tal impacto mediático, que inúmeros doadores decidiram anular suas doações. A justificativa: muitos qualificavam a assistência sexual para deficientes como uma “forma latente de prostituição”. A consequência para a Pro Infirmis foi a perda de 400 mil francos em poucos meses e a decorrente decisão de interromper o projeto. Dois anos mais tarde, e seguindo o impulso da sua presidente Aiha Zemp – ela própria deficiente – a FABS decidiu retomar a idéia e inaugurou a primeira formação para assistentes sexuais. Hoje em dia, cinco anos após o lançamento, o balanço feito por Aiha Zemp é largamente positivo, mesmo se críticas ainda são ouvidas. 

 Rejeitado nos países católicos, como a Itália, esse trabalho está longe de ser um pioneirismo helvético. Outros países, como a Holanda, Alemanha e Dinamarca, também têm serviços semelhantes. Já nos anos de 1980, eram formadas nos Estados Unidos e no norte da Europa profissionais para apoiar deficientes nos seus desejos sexuais. O trabalho chega mesmo a ser custeado pelos seguros de saúde em alguns países escandinavos.(...)

Uma forma de ajuda 
 Em junho passado, 10 suíços da parte francesa do país ganharam seu diploma de “assistente sexual” após um curso de 18 dias. A formação é coordenada pela associação “Sexualidade e Deficiência Pluriels (SEHP). Geralmente os assistentes recebem entre 150 e 200 francos pelos seus serviços. Na parte alemã da Suíça e em outros países do norte da Europa, esse tipo de formação já existe há vário anos. Em 2002, devido às reclamações de alguns dos seus doadores, a associação Pro Infirmis havia abdicado de oferecer uma formação semelhante. Logo depois, o projeto foi retomado pela Seção Deficiência e Sexualidade (FABS, na sigla em alemão) em Basileia. Desde então, dois grupos de assistentes já foram formados (2004 e 2007).


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