(…)
Têm entre 35 e 55 anos e foram formados
para responder às necessidades sexuais de pessoas sofrendo de uma deficiência
física. Uma tarefa delicada, sobretudo pelo fato de a sexualidade de inválidos
ser geralmente rejeitada pela sociedade e alvo de fortes preconceitos. Falar do
seu próprio corpo, da sua relação com a intimidade e o sexo não é fácil. Menos
ainda se a pessoa é considerada como “diferente”. Portanto, a “sexualidade de
deficientes é um direito que deve ser respeitado e protegido com uma sensibilidade
extrema”, declara Ahia Zemp.
A psicoterapeuta é responsável pela Seção
Deficiência e Sexualidade (FABS, na sigla em alemão) de Basileia, que foi
também a primeira associação na Suíça a propor uma formação especial de
assistentes eróticos. “A relação com a sexualidade é uma noção extremamente
subjetiva. Da mesma forma que beber ou comer, é uma pulsão natural tida não
apenas pelas pessoas válidas”, explica. “Os deficientes físicos são muitas
vezes considerados como pessoas assexuadas, sendo que, na realidade, têm os
mesmos desejos que os outros e têm os mesmos direitos de concretizar sonhos e
viver seus desejos”, acrescenta Zemp.
Sexualidade e deficiência, um tabu duplo
Para responder às necessidades dos novos
pacientes, a Associação Sexualidade e Deficiência Pluriels na Suíça francesa
(SEHP) acaba de formar seu primeiro grupo de assistentes sexuais
diplomados.
Em breve, os seis homens e quatro mulheres
irão acompanhar os vinte profissionais já ativos na Suíça de expressão alemã,
quebrando dessa forma um tabu duplo: o da sexualidade e da deficiência física.
O projeto começou em 2002, quando a organização de apoio Pro Infirmis elaborava
um programa educativo nesse sentido. Na época, a novidade havia tido tal
impacto mediático, que inúmeros doadores decidiram anular suas doações. A
justificativa: muitos qualificavam a assistência sexual para deficientes como
uma “forma latente de prostituição”. A consequência para a Pro Infirmis foi a
perda de 400 mil francos em poucos meses e a decorrente decisão de interromper
o projeto. Dois anos mais tarde, e seguindo o impulso da sua presidente Aiha
Zemp – ela própria deficiente – a FABS decidiu retomar a idéia e inaugurou a
primeira formação para assistentes sexuais. Hoje em dia, cinco anos após o
lançamento, o balanço feito por Aiha Zemp é largamente positivo, mesmo se
críticas ainda são ouvidas.
Rejeitado nos países católicos, como
a Itália, esse trabalho está longe de ser um pioneirismo helvético. Outros
países, como a Holanda, Alemanha e Dinamarca, também têm serviços semelhantes.
Já nos anos de 1980, eram formadas nos Estados Unidos e no norte da Europa
profissionais para apoiar deficientes nos seus desejos sexuais. O trabalho
chega mesmo a ser custeado pelos seguros de saúde em alguns países escandinavos.(...)
Uma forma de ajuda
Em junho passado, 10 suíços da parte
francesa do país ganharam seu diploma de “assistente sexual” após um curso de
18 dias. A formação é coordenada pela associação “Sexualidade e Deficiência
Pluriels (SEHP). Geralmente os assistentes recebem entre 150 e 200 francos
pelos seus serviços. Na parte alemã da Suíça e em outros países do norte da
Europa, esse tipo de formação já existe há vário anos. Em 2002, devido às
reclamações de alguns dos seus doadores, a associação Pro Infirmis havia
abdicado de oferecer uma formação semelhante. Logo depois, o projeto foi
retomado pela Seção Deficiência e Sexualidade (FABS, na sigla em alemão) em
Basileia. Desde então, dois grupos de assistentes já foram formados (2004 e
2007).
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