domingo, 22 de dezembro de 2013

Cada um tem ditador que merece?

Pai e mãe que façam o que bem lhes apetece ao fim-de-semana são seres em vias de extinção, uns resistentes do antigo regime
Os filhos de hoje são uma espécie de hitlerzinhos sem bigode, uns verdadeiros déspotas domésticos. A época em que os filhos temiam os pais acabou e assistimos agora a um período revolucionário doméstico em curso (PRdEC). Hoje quem manda são os filhos; os pais foram depostos e vivem sujeitos a uma espécie de escravatura dos filhos.
(…)
De histórias como estas estão as escolas, os centros comerciais e as famílias portuguesas cheias. São os filhos quem mais ordena e não há reforma agrária, operários ou nacionalizações que se lhes comparem. A luta da filharada, ao contrário da luta do operariado, está mais que ganha. Um filho de hoje faz o que quer, tem o que quer, come o que quer e não recebe ordens de ninguém. Os pais obedecem. Eles acham que os desejos dos seus meninos e meninas são ordens e cumprem--nas. As regras que imperam são as regras dos gostos: se eles gostam tem de ser assim. Tudo o resto é secundário, como por exemplo o acordo dos pais. Um pequeno exemplo desta realidade são os fins-de-semana. Aos fins--de-semana os pais entretêm-se com quê? Com passear os meninos entre festas e eventos desportivos das inúmeras actividades em que a criançada participa. Pai e mãe que façam o que bem lhes apetece ao fim-de-semana são seres em vias de extinção, uns resistentes do antigo regime. É por isso que ter filhos hoje em dia é considerado uma loucura - ninguém adere por opção à condição de escravo.
A verdade é que o regime familiar não é democrático, nunca foi: dantes mandavam os pais, agora mandam os filhos. Mas daqui a uns anos logo veremos qual é o melhor regime - os nossos filhos o dirão.
Por Inês Teotónio Pereira 
publicado em 21 Dez 2013 - 05:00



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