Câmara de Odemira receia que o abandono escolar se agrave com o alargamento
da escolaridade obrigatória para o 12.º ano.
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Entre o pré-escolar e o ensino secundário, estão matriculados naquele
concelho cerca de 3600 alunos, metade dos quais nos 2.º e 3.º ciclos. A
monitorização do seu percurso será um dos objectivos centrais do recém-criado
Observatório das Política Educativas do Concelho de Odemira (OPECO). Para a sua
concretização, a câmara tem contado com a colaboração dos directores das
escolas ali existentes (cinco agrupamentos, que abrangem cerca de 50
estabelecimentos de ensino, três secundárias e uma profissional).
Com a nova ferramenta electrónica será possível não só uma gestão deste
sector "mais eficaz e transparente", afirma, como também a obtenção
de respostas sobre as razões que levaram a que ainda não tenham atingido as
metas definidas para a redução do insucesso e abandono escolar no concelho, um
fenómeno que, alerta, "tenderá a agravar-se com o alargamento da
escolaridade obrigatória até ao 12.º ano".
Segundo o INE, em Odemira a taxa de retenção e desistência no básico era, em
2010/2011, de 9,2% - superior em quase dois pontos percentuais à média
nacional. Dois anos antes, estava nos 12,4%, mas a meta fixada era a de a
reduzir em 50% até 2011.
Hélder Guerreiro aponta alguns exemplos de respostas que esperam vir a obter
com a monitorização do percurso escolar dos estudantes. Perceber "se a
variável distância/tempo casa-escola influencia e como o (in)sucesso dos
alunos" - Odemira é o maior concelho do país, estendendo-se por 1719 km2 -
ou se a frequência de Inglês nas Actividades Extracurriculares do 1.º ciclo tem
ou não influência no desempenho nesta disciplina nos 2.º e 3.º ciclos, bem como
detectar se serão necessários investimentos específicos para ultrapassar
debilidades registadas no início do percurso escolar e que poderão ditar uma
reprovação em ciclos seguintes.
A base de dados será alimentada por estes responsáveis, pela autarquia e
pelos próprios alunos, uma vez que, acrescenta Guerreiro, o município pretende
seguir também os estudantes de Odemira que frequentam o superior. Não só para
permitir um olhar completo sobre o percurso escolar, mas também para incentivar
o seu regresso ao concelho após o fim dos estudos, pela "manutenção de um
vínculo" à sua terra de origem e pela prestação de apoios.
Para já, a câmara e a escola já definiram o perfil do aluno à saída do 12.º
ano para o qual devem trabalhar. A fasquia é alta: querem "cidadãos
informados, autónomos,responsáveis, empreendedores, com elevada consciência e
participação cívica". Entre as apostas seleccionadas para o efeito figuram
a promoção das ciências experimentais e da área de expressões artísticas em
todos os níveis de ensino.